1 de out. de 2014

Teste do Fiat Linea Essence

Teste do Fiat Linea Essence

A Fiat bem que tentou. Reposicionou o Linea no mercado brasileiro e o tirou da disputa entre os sedãs médios – onde nunca obteve êxito. Em abril último, a marca italiana fez uma discreta remodelação externa e caprichou no interior. Os preços também foram reajustados para brigar com rivais mais à altura, compactos bem equipados como Ford New Fiesta sedã e Honda City. A expectativa da Fiat era emplacar 800 carros por mês a partir do face-lift. Porém, os planos da fabricante foram frustrados pela queda geral do mercado de automóveis. De maio até agosto – os quatro meses após a reestilização – o esperado aumento de 30% não veio e a média registrou pouco mais de 500 unidades mensais. Já os dois principais concorrentes emplacaram praticamente o dobro. Nesse cenário difícil, a versão de entrada Essence aparece como a campeã de vendas, com 70% do “mix” do Linea – sendo 50% com câmbio manual e 20% que saem da concessionária com a opcional transmissão automatizada Dualogic Plus.

Veja também:

  • Teste do Fiat Linea Absolute
A configuração Essence parte de R$ 55.850. Com esse valor, o carro traz itens como volante em couro com comandos para o áudio, sinalização de frenagem de emergência, computador de bordo, faróis de neblina, piloto automático, retrovisores externos elétricos, volante com regulagem de altura/profundidade, rádio CD com MP3 integrado ao painel e porta USB e rodas de liga de 15 polegadas. A lista de opcionais é vasta e pode adicionar até R$ 15 mil ao preço inicial do carro. Entre os equipamentos vendidos à parte estão airbags laterais e de cortina, o Blue&Me NAV – que além de rádio e Bluetooth, conta com GPS integrado ao quadro de instrumentos – e também rodas de 17 polegadas.

O habitáculo, por sua vez, ganhou uma atenção extra da Fiat. O conceito ficou mais moderno e os materiais subiram de nível. O Linea Essence vem com painel e acabamento das portas na cor preta e aplique nas portas e maçanetas internas na cor prata. Os bancos também ganharam nova padronagem dos tecidos. Mas a grande evolução do interior fica como opcional: painel frontal e de portas com texturas na cor bege e detalhes nas portas em tons de cobre, além de maçanetas em preto brilhante. Para acompanhar as alterações internas, a Fiat mexeu um pouquinho no design do carro. Para-choques ganharam um elemento estético parecido com um “V”, a grade agora tem barras horizontais cromadas e tampa do porta-malas é nova.

O que permaneceu inalterado foi o conjunto mecânico. Independentemente da versão, sob o capô do Linea está o mesmo motor 1.8 16V da família E.torQ. O propulsor desenvolve 130 cv/18,4 kgfm de torque com gasolina e 132 cv/18,9 kgfm com etanol no tanque. De série, a Essence é equipada com câmbio manual de cinco marchas. A comodidade da transmissão Dualogic Plus é expressa em números: R$ 3.758 a mais.

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 1.8 16V E.torQ é o mesmo de outrora. Os 132 cv dão conta do recado e movem o sedã sem grande esforço. O torque máximo de 18,9 kgfm – com etanol – só aparece a altas 4.500 rpm e tiram um pouco da agilidade do modelo. Mas o propulsor é valente e leva o carro aos 100 km/h em menos de 10 segundos. Nota 7. Estabilidade – A dinâmica do Linea continua digna de elogios. A suspensão não é “molenga” e consegue agradar tanto quem prefere um conforto maior ou quem gostar de um carro mais “na mão”. O conjunto ainda filtra bem as imperfeições “lunáticas” do asfalto brasileiro. Nota 8. Interatividade – O Linea Essence é um carro de muitos botões. São mais de 30 espalhados pelo volante multifuncional e console central. Apesar do excesso, os comandos vitais estão ao alcance do motorista. O câmbio manual de cinco marchas tem bons engates e escalonagem correta. Porém, o bem-vindo apoio de braço central interfere na movimentação para efetuar as trocas. Cabe ao motorista não usá-lo. Nota 7.

Consumo – O Fiat Linea não foi avaliado pelo o Programa de Etiquetagem do InMetro. Mas durante o teste, o computador de bordo do sedã acusou uma média de 7,4 km/l na cidade, abastecido com gasolina. Nota 6. Conforto – Em geral, umas das prerrogativas dos sedãs é dar conforto aos passageiros. E no Linea não é diferente. A calibração da suspensão livra os passageiros de irregularidades do piso, o isolamento acústico é eficiente. A densidade e o couro que parcialmente reveste os bancos dão bom suporte ao ocupantes. Nota 8. Tecnologia – Em termos de equipamentos, a versão Essence traz apenas o “básico”. Ar-condicionado analógico, controlador de cruzeiro, travas elétricas, retrovisores externos elétricos, direção hidráulica, vidros elétricos dianteiros/traseiros, volante com regulagem de altura/profundidade, chave canivete com telecomando, rádio CD com MP3 integrado ao painel e porta USB e rodas de liga de 15 polegadas. Itens mais interessantes ficam como opcionais. Nota 6.

Habitabilidade – O bom ângulo de abertura das portas facilita a entrada e saída do Linea. Os porta-objetos são poucos e pequenos. O entre-eixos de 2,60 metros não confere espaços de sobra para os ocupantes traseiros. Já o porta-malas engole bons 500 litros. Nota 7. Acabamento – Talvez o quesito que mais evoluiu no Linea. Ainda há muitos plásticos, mas a Fiat tentou dar um requinte ao habitáculo com uma combinação de preto e uma cor creme no painel. À noite, quando o farol é ligado, há um contorno de leds que ilumina a seção central. Tudo para conferir uma atmosfera de carros mais caros. Pena que tudo é opcional na versão Essence. Nota 8. Design – O Linea passou por poucas mudanças desde que estreou no mercado brasileiro, em 2008. Na última reestilização, em abril último, a Fiat optou pelo conservadorismo, com discretas modificações na dianteira e traseira. Com isso, o visual do sedã mostra sinais de cansaço. Porém, uma “revolução” estética não deve acontecer a curto prazo. Nota 6.
Custo/benefício – Antes, a Fiat tentou brigar entre os sedã médios com o Linea. Mas a estratégia não deu certo. Os concorrentes agora são Ford New Fiesta sedã e Honda City. A marca italiana cobra R$ 55.850 pela versão Essence – de entrada – do Linea. A Ford pede R$ 54.260 pelo New Fiesta SE, que traz motor 1.6, porém vem com controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa e ar-condicionado digital. Já o remodelado City custa R$ 53.900 em sua configuração de entrada – DX – com motor 1.5 de 115/116 cv. O Linea é o mais potente de todos, mas também o mais caro. Nota 7. Total – O Fiat Linea Essence somou 70 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Num primeiro olhar, as mudanças estéticas do Fiat Linea passam despercebidas. Apenas em uma espiada mais atenta é possível distinguir o modelo novo do antecessor. Para-choques, faróis de neblina, grade frontal, rodas de liga leve e tampa do porta-malas sofreram pequenas alterações no desenho. A tampa do porta-malas agora incorpora o porta-placa e destaca a grafia “Linea” de seu puxador cromado. A versão Essence parte de R$ 55.850, mas a versão testada estava recheada de opcionais. Só o kit chamado Emotion Plus custa adicionais R$ 4.291. Mas esse é o pacote que dá toda “pompa” ao sedã. É ele o responsável por deixar o habitáculo mais atraente com bancos revestidos parcialmente em couro, detalhes em preto brilhante nas maçanetas e painel frontal e das portas na cor bege. O toque final é um pequeno feixe de luz que se projeta nas frestas do console frontal. O interior ainda traz o painel proveniente do Punto e os encaixes são esmerados. Não chega a ser um ambiente “premium”, mas tem um “ar” mais refinado.
Durante muito tempo a Fiat tentou vender o Linea como sedã médio, mas as dimensões do modelo o aproximam mais dos compactos. A distância entre-eixos de 2,60 metros não resulta em um espaço interno digno. Atrás, há área suficiente apenas para dois adultos. A adição de um terceiro ocupante compromete o conforto dos demais. Já o motorista e passageiro se acomodam bem com os bancos macios. A posição de dirigir é “encaixada” e o melhor ajuste é achado facilmente.  Fora isso, o Linea continua a ser um carro bem acertado dinamicamente. A suspensão absorve as irregularidades do piso sem tirar a estabilidade necessária para manter a segurança em curvas de velocidades médias. Em alta velocidade, o mais indicado mesmo é aliviar o pé direito antes de entrar na curva e manter a aceleração constante. O motor 1.8 E.torQ é meio “preguiçoso” em baixas rotações, mas passando dos 3 mil giros ele “anima” e o sedã embala. A transmissão manual de cinco marchas tem boa relação e os engates precisos. Tal comportamento pode ser traduzido pelos números de acelerações. O zero a 100 km/h é feito em 9,9 segundos – com etanol. Uma boa marca. 

Ficha técnica

Fiat Linea Essence (dados da montadora)

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.747 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração.
Potência: 130 cv com gasolina e 132 cv com etanol a 5.250 rpm.
Torque máximo: 18,4 kgfm com gasolina e 18,9 kgfm com etanol a 4.500 rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 10,3 segundos com gasolina e 9,9 s com etanol.
Velocidade máxima: 190 km/h com gasolina e 192 km/h com etanol.
Diâmetro e curso: 80,5 mm x 85,8 mm.
Taxa de compressão: 11,2:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços oscilantes fixados em subchassi e barra estabilizadora. Traseira com rodas semi-independentes, com barra de torção e barra estabilizadora integrada. Não oferece controle de estabilidade.
Pneus: 195/65 R15 no Essence e 205/50 R17 no Absolute.
Freios: Discos ventilados na frente, discos rígidos atrás e ABS com EDB.
Carroceria: Sedã em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,56 metros de comprimento, 1,73 m de largura, 1,50 m de altura e 2,60 m de entre-eixos. Tem airbags frontais. Airbags laterais e de cortina opcionais.
Peso: 1.310 kg.
Capacidade do porta-malas: 500 litros.
Tanque de combustível: 60 litros.
Produção: Betim, Brasil.
Lançamento no Brasil: 2008 – última remodelação apresentada em 2014.

Itens de série

Versão Essence: volante em couro com comandos para o áudio, sinalização de frenagem de emergência, Lane Change, Welcome moving, regulagem elétrica dos faróis, computador de bordo, faróis de neblina, banco traseiro bipartido, Follow me home, ar-condicionado analógico, apoia-braço central traseiro, desembaçador do vidro traseiro, My Car Fiat, controlador de cruzeiro, travas elétricas, retrovisores externos elétricos, direção hidráulica, vidros elétricos dianteiros/traseiros com one touch, volante com regulagem de altura/profundidade, chave canivete com telecomando, rádio CD com MP3 integrado ao painel e porta USB, porta-óculos, rodas de liga de 15 polegadas, ponteira de escapamento cromada. 
Preço: R$ 55.850.
Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias

Esforço concentrado - Versão Essence emplaca 70% da gama, mas Fiat Linea ainda patina no mercado brasileiro

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 01 Oct 2014 09:50:00
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