23 de out. de 2014

Teste do Lifan 530

Teste do Lifan 530

A Lifan quer ganhar mercado no Brasil. Para isso, segue a mesma estratégia das concorrentes chinesas: entregar bons itens de série a preço competitivo. Caso do sedã compacto 530. Por R$ 38.990, traz ar-condicionado, direção e trio elétricos, rodas de liga leve de 15 polegadas e rádio com CD, MP3 e USB. Por R$ 2 mil a mais, a versão Talent ganha câmara de ré e central multimídia com DVD, Bluetooth e navegador. Uma lista capaz de conquistar as vendas das 4 mil unidades mensais planejadas pela fabricante. Ao longo do ano passado, a Lifan emplacou apenas 2.136 automóveis, sendo 1.953 deles do SUV X60 e outros 183 do sedã médio 620, que não é mais comercializado por aqui.

 

Veja também:

  • Primeiras impressões do Lifan 530
O Lifan 530 segue o estilo de design do jipinho X60, com grande grade de linhas horizontais e faróis que avançam sobre o para-lamas. A linha de cintura é ascendente e tanto o volume frontal quanto o traseiro são relativamente curtos, mas elevados. A frente tem para-choques protuberantes e, na traseira, lanternas estreitas invadem as laterais da tampa do porta-malas e criam uma ideia de mais largura. A marca oval da Lifan, que traz três veleiros estilizados, aparece bem no meio da grade e no centro da tampa do traseira.

Sob o capô está um 1.5 litro de 103 cv e torque de 13,6 kgfm entre 3.500 e 4.500 rpm. O trem de força é completado pelo câmbio manual de cinco marchas. Existe a possibilidade de, no futuro, o modelo ganhar uma transmissão continuamente variável – o que certamente ampliaria o poder de atração do pequeno três-volumes. E até uma versão flex – já que, por enquanto, só roda abastecido com gasolina. A Lifan quer associar o 530 a uma ideia de sofisticação. Para isso, incluiu como opção de sua versão de topo, a Talent, um pacote de opcionais chamado Hyper Pack. Mas adiciona apenas os bancos de couro e luzes diurnas de leds, por R$ 1.500 – o carro sai da concessionária por R$ 42.490 em sua variante mais completa. Estão disponíveis cinco cores de carroceria: preta, branca, prata, azul e vermelha. O conjunto de equipamentos é um forte chamariz, mas a desconfiança que as fabricantes chinesas enfrentam no Brasil pode dificultar as aspirações da marca, que promete pensar em uma fábrica no país se atingir uma demanda que justifique esse planejamento.

Ponto a ponto

Desempenho – O 1.5 litro a gasolina com comando de válvulas variável só mostra vigor em altas rotações. Qualquer retomada ou ultrapassagem demanda reduções que fazem dele um motor cujo barulho aparece bem mais que sua força. Nota 6. Estabilidade – A aderência do 530 ao solo é até adequada no caso de manobras agressivas. As rolagens de carroceria aparecem – como na maioria dos sedãs pequenos –, mas não a ponto de transmitirem grande insegurança. Nota 6. Interatividade – Tudo é bem simples no painel de informações. Os comandos básicos estão nos lugares certos e são de fácil uso. Mas o ajuste de altura do volante é muito baixo, o que dificulta seu uso por alguém com mais de 1,80 metro de altura. O velocímetro é pequeno – ocupa o mesmo espaço do conta-giros – e o computador de bordo mostra suas informações só a partir do botão localizado no painel, o que complica seu manuseio com o carro em movimento. Nota 6.

Consumo – O InMetro não recebeu nenhuma unidade do Lifan 530 para medição e a fabricante chinesa também não anuncia números oficiais. Durante a avaliação, o computador de bordo marcou média de 13 km/l em trajeto misto, mas não há informações sobre o tipo de gasolina utilizado. Nota 7. Conforto – O 530 tem 2,55 metros de entre-eixos, o que garante um espaço bom para os ocupantes traseiros, que ainda contam com assoalho plano. Mas os passageiros não são poupados das irregularidades das estradas brasileiras e os assentos são pouco convidativos para longas viagens. Nota 7. Tecnologia – O 530 já sai de fábrica em sua versão de entrada com bons itens de série. Na configuração de topo, traz ainda central de multimídia com GPS, Bluetooth, DVD, MP3, USB e câmara de ré, além de opcionais luzes diurnas e bancos de couro. Nota 8.

Habitabilidade – O habitáculo é espaçoso e o ângulo de abertura das portas é bom. Como em qualquer sedã compacto, o ideal é ter apenas quatro ocupantes em trajetos longos, porque um quinto certamente gerará apertos. Para guardar objetos, o mais indicado é utilizar o compartimento localizado embaixo do apoia-braço do motorista. O porta-malas leva bons 475 litros. Nota 8. Acabamento – Nesse quesito, o sedã não nega a origem chinesa. Seu interior é todo envolto pelo mesmo plástico preto de visual bem bruto e nada agradável ao toque. Os encaixes malfeitos e as partes em prata fosco, como os botões do ar-condicionado e de regulagem dos retrovisores e a moldura da central multimídia, aparentam baixa qualidade. Nota 5. Design – Por fora, o Lifan 530 agrada mais. A traseira alta cria uma dimensão do bom volume de seu porta-malas e a grade dianteira, com frisos largos e cromados, transmite certo requinte. Os faróis biparábola com regulagem de altura são complementados pelos de neblina – e, opcionalmente, por luzes diurnas –, seguindo a identidade visual adotada pela marca e já vista no Brasil no SUV X60. Nota 7.
Custo/benefício – O Lifan 530 custa R$ 38.990 em sua versão de entrada, R$ 40.990 na versão Talent e um pacote com luzes diurnas e bancos em couro sai por R$ 1.500, totalizando R$ 42.490. Por R$ 49.240 a Renault vende o Logan 1.6 Dynamique, que é melhor equipado – tem piloto automático e ar-condicionado digital. O Fiat Grand Siena Essence 1.6 tem 117 cv com etanol, mas custa R$ 50.300 sem bancos de couro ou central multimídia. O Chevrolet Prisma LTZ 1.4 de 106 cv é vendido R$ 53.120, equipado à altura do 530. Já a conterrânea JAC entrega o J3 Turin por R$ 39.690 tão bem equipado quanto o Lifan 530 em sua versão de entrada. Ou seja, para quem não deseja “grife”, as marcas chinesas são opções interessantes. Nota 8. Total – O Lifan 530 somou 69 pontos em 100 possíveis.

Primeiras impressões

Campinas/SP – Por fora, o Lifan 530 até causa boa impressão. Principalmente com as luzes diurnas da versão testada, a Talent com o opcional Hyper Pack. Já por dentro, exceto pelo revestimento em couro dos bancos – que vem junto com o pacote pago por fora –, o que se vê é um exagero de plástico rugoso que não agrada à visão e muito menos ao toque. Além disso, o material em prata fosco que envolve alguns itens e comandos destoa completamente da imagem sofisticada que a marca tenta dar ao seu sedã compacto.
O espaço é bom se comparado à categoria, inclusive no porta-malas. A visibilidade é eficiente tanto na dianteira quanto na traseira e as pequenas manobras de estacionamento ainda são facilitadas pela câmara de ré – não disponível na versão de entrada, que conta apenas com sensores de estacionamento. O banco do motorista recebe ajuste de altura, assim como o volante. Sendo que neste último, a regulagem só prioriza os ocupantes de estatura média para baixa. Condutores acima de 1,80 metro de altura provavelmente acharão a posição de direção desconfortável. Em movimento, o 1.5 litro que embala o 530 parece só responder bem às pisadas do acelerador até a terceira marcha. Feito para ser trabalhado em altas rotações, o propulsor com comando de válvulas variável demora demais a ganhar velocidade antes de ultrapassar 3.500 giros. E, acima disso, emite um barulho desagradável, que invade a cabine e prejudica quem gosta de uma atmosfera propícia a uma boa conversa ou de dirigir com o rádio ligado. 

Ficha técnica

Lifan 530

Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.498 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima: 103 cv a 6 mil rpm.
Velocidade máxima: 175 km/h.
Torque máximo: 13,6 kgfm entre 3.500 e 4.500 rpm.
Suspensão: Dianteira do tipo McPherson independente e traseira com eixo rígido e barra de torção.
Pneus: 185/60 R15.
Freios: Discos na frente e atrás com ABS e EBD.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,30 metros de comprimento, 1,69 m de largura, 1,49 m de altura e 2,55 m de distância entre-eixos.
Peso: 1.140 kg.
Capacidade do porta-malas: 475 litros.
Tanque de combustível: 42 litros.
Produção: San José de Maya, Uruguai.
Itens de série da versão de entrada: Ar-condicionado, direção elétrica, trio elétrico, airbag duplo, ABS, rádio/CD/Aux/USB, rodas de liga leve de 15 polegadas, faróis de neblina, repetidores de seta nos retrovisores e sensor de estacionamento traseiro.
Preço da versão de entrada: R$ 38.990. 
Itens de série da versão Talent: adiciona central multimídia com GPS e câmara de ré. 
Preço da versão Talent: R$ 40.990.
Opcionais da versão Talent: pacote Hyper Pack com luzes diurnas de leds e bancos de couro. 
Preço completo: R$ 42.490.

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Márcio Maio/Carta Z Notícias

Lógica chinesa - Lifan 530 chega ao Brasil fabricado no Uruguai e com preço competitivo, mas peca no acabamento e desempenho

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 22 Oct 2014 11:14:00
Ler mais aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário