8 de out. de 2014

Teste do JAC T8

Teste do JAC T8

A queda nas vendas automotivas registrada no Brasil não foi capaz de diminuir as expectativas de crescimento entre as fabricantes chinesas por aqui. Sempre com a estratégia de entregar mais conforto e lista recheada de itens de série em seus modelos, cada uma aposta em um nicho que possa trazer resultados animadores. A JAC, por exemplo, resolveu pegar carona nos megaeventos programados para o Brasil a partir de 2014 – como a Copa do Mundo Fifa, realizada entre junho e julho, e as Olimpíadas de 2016 – para tentar conquistar um espaço entre as vans de luxo no país. E começou a oferecer, a partir de fevereiro, a maxivan T8

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  • Primeiras impressões do JAC T8
O modelo transporta até sete pessoas e busca se firmar no atendimento a empresas de turismo, hotéis, sindicatos e associações para exercer a função principal de transfer de luxo. Mas a expectativa de vender 2 mil unidades até o fim do ano transformou-se em uma amarga decepção. Nem a redução de R$ 20 mil no preço – o comercial leve chegou por R$ 114.990 e hoje começa em R$ 94.990 – ajudou. Até o final de setembro, o acumulado de emplacamentos do T8 chegou a apenas 102 unidades, menos de 15 por mês.

A intenção de se inserir no mercado de transportes de luxo fica evidente no interior da van executiva. A configuração 2+2+3 tem poltronas individuais e totalmente reclináveis na dianteira e na fileira do meio. As intermediárias ainda giram em 360º e os cinco lugares da parte traseira são removíveis, o que é capaz de ampliar o espaço do porta-malas dos 1.310 litros para sete ocupantes até 4.800 litros na condição de furgão – embora o transporte de cargas não seja a finalidade primária definida pela fabricante. O porte impressiona. São 5,10 metros de comprimento, 3,08 m de entre-eixos, 1,84 m de largura e 1,97 m de altura.  O foco no conforto e a comodidade dos passageiros que vão atrás é acentuado pelos seis porta-copos, luzes individuais de leitura, duas tomadas de 12V e ar-condicionado com controle independente. Motorista e o carona têm regulagem elétrica e aquecimento nos bancos, que podem ser de couro por mais R$ 2 mil na conta final do carro. Externamente, o modelo não transmite maiores ousadias. Adota o clássico formato “caixote”, típico das maxivans e furgões grandes, mas o design abusa de cromados. Algo que se evidencia principalmente na dianteira, pelas cinco lâminas e o logo da JAC no topo da larga grade.

A lista de equipamentos que saem de fábrica no modelo é extensa. Engloba teto solar elétrico – que, assim como o ar-condicionado digital e automático, tem controle independente na parte de trás –, sensores de estacionamento traseiros, câmara de ré, central multimídia com tela touchscreen e entrada USB, auxiliar e para cartão de memória e Bluetooth, faróis com regulagem elétrica de altura, trio elétrico e direção hidráulica. No que diz respeito à segurança, o JAC T8 conta apenas com os freios ABS e airbag duplo obrigatórios pela legislação brasileira. Sob o motor, a JAC instalou um 2.0 litros a gasolina turbinado com intercooler. O propulsor rende 175 cv a 5.400 rpm e torque constante de 26,5 kgfm entre 2 mil e 4 mil giros. Acoplado a ele está uma transmissão manual de seis relações, que envia a potência para o eixo traseiro. Com esse conjunto e com o preço redimensionado, a JAC ainda acredita que sua van possa obter a imaginada arrancada nas vendas no Brasil.

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 2.0 litros 16 V com turbocompressor assistido por intercooler movimenta as mais de duas toneladas do JAC T8 de maneira correta, mas sem folgas. Acoplado à transmissão manual de seis marchas, o propulsor rende sua potência máxima de 175 cv a 5.400 rpm e é capaz de levar a van aos 165 km/h. Movido somente a gasolina, seu torque de 26,5 kgfm disponível entre 2 mil e 4 mil rpm permite boas ultrapassagens e retomadas quando se levam até cinco passageiros no veículo. Nota 8. Estabilidade – A carroceria elevada faz com que a atenção nas curvas deva ser  redobrada. É fácil notar o modelo adernando em trajetórias sinuosas e em velocidade elevada. Acima dos 100 km/h, inclusive, convém controlar com mais firmeza a direção. Nota 6. Interatividade – Os mostradores do painel do T8 têm números um tanto pequenos e o tipo de letra utilizado no computador de bordo dificulta a leitura das informações. A central multimídia é fácil de operar, assim como os principais comandos. Mas o freio de mão demanda uma atenção especial na hora de ser desativado, já que é preciso levá-lo bem ao fundo para apagar sua luz indicativa no painel e o estridente sinal sonoro que a acompanha. O ar-condicionado e o teto solar têm controles independentes para os passageiros traseiros e dianteiros. Nota 7.

Consumo – O JAC T8 não foi avaliado pelo Programa de Etiquetagem do InMetro. Durante o teste, o consumo esteve sempre entre 5,5 km/l e 6,5 km/l, com média de quatro pessoas em viagem. O trajeto foi composto por percurso misto urbano e estrada. Nota 5. Conforto – Esse é um dos pontos altos da van executiva da JAC. O entre-eixos de 3,08 m cria um espaço farto para as três fileiras de assentos do modelo. A densidade da espuma dos bancos recebe bem os ocupantes. Mesmo os mais altos não enfrentam problemas diante da altura de 1,97 m do carro. Apesar da suspensão traseira ser composta por um eixo rígido e molas helicoidais, os passageiros usufruem de certo conforto. Mas é na fileira intermediária que se viaja com mais mordomias. As duas poltronas individuais geram mais privacidade e têm porta-copos, acesso à tomada, luzes de leitura e, como grande novidade, giram 360º – mas essa operação só deve ser realizada com a van parada, já que o cinto de segurança só funciona na posição regular. Além disso, esses dois assentos do meio e os dianteiros deitam o suficiente para deixar seus ocupantes em posição horizontal. Uma opção de câmbio automático cairia bem ao modelo. Nota 9. Tecnologia – A T8 segue a estratégia onipresente nas fabricantes chinesas que vendem modelos no Brasil: entregar uma vasta lista de equipamentos de série. Na van executiva da JAC há “mimos” como teto solar elétrico, central multimídia com entrada USB, auxiliar e para cartão de memória, além do Bluetooth e sensor de estacionamento traseiro com câmara de ré. Os bancos frontais têm ajustes elétricos e aquecimento e o ar-condicionado automático e digital possui controles individuais para os ocupantes traseiros, assim como o teto solar. Nota 7.

Habitabilidade – O acesso ao interior do T8 é facilitado pelo bom ângulo de abertura das portas dianteiras e mais ainda na traseira, com as laterais  deslizantes.  A van é alta e bem espaçosa e há uma quantidade razoável de porta-objetos para o motorista. O porta-malas leva bons 1.310 litros em sua capacidade original, mas os bancos traseiros são removíveis. Sem a terceira fileira, a capacidade carga já sobe para 3.550 litros. E esse número pode chegar a 4.800 litros se forem dispensadas ainda as duas poltronas centrais. Nota 8. Acabamento – Os materiais até aparentam boa qualidade, mas os plásticos rígidos ainda estão presentes. A parte da frente conta com acabamentos que imitam madeira. Os bancos opcionais em couro, em compensação, passam certo ar de requinte. E não há o excesso de cromados típico de outros modelos chineses vendidos no Brasil. Nota 6. Design – O T8 não traz grandes revoluções. O desenho quadrático até chama a atenção nas ruas pelo excesso de cromados, explícitos nas cinco lâminas e o logo da JAC no topo da larga grade dianteira. O metalizado ainda envolve as luzes de neblina. Os faróis com regulagem elétrica e de altura têm um formato irregular. Atrás, mais cromados, no friso do porta-malas e nas letras J, A e C. Nota 7.
Custo/Benefício – Quando começou a ser vendido no Brasil, em fevereiro último, o JAC T8 custava R$ 116.990 com os bancos de couro opcionais. Mas não demorou para a marca perceber que o preço seria uma barreira e reduzi-lo para R$ 96.990, na mesma configuração. A van executiva da JAC é bem equipada e não tem concorrentes no mercado nacional. Nota 8. Total – O JAC T8 somou 71 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

A ideia da JAC é emplacar a T8 como van executiva para transfers de luxo. Mas as dimensões “compactas” do modelo dentro deste segmento o transformam em opção viável de veículo para uma família grande. Em comparação com o JAC J6, que também é vendido no Brasil pela marca chinesa com sete lugares, a diferença no comprimento, largura e altura é de apenas 55 centímetros, 7 cm e 31 cm, respectivamente. Com a vantagem de que os 37 cm a mais de entre-eixos resultam em um espaço interno bem mais amplo e acessível para todos os passageiros.
A regulagem elétrica dos bancos dianteiros e o ajuste de altura do volante multifuncional facilitam o motorista na hora de se posicionar no posto de direção. O propulsor 2.0 litros de 175 cv move o T8 sem muito esforço, embora seu desempenho seja evidentemente melhor após os 2 mil giros – é dessa faixa até 4 mil rpm que o torque máximo de 25,6 kgfm fica disponível. A transmissão manual de seis velocidades tem engates razoáveis e trabalha em equilíbrio com o motor. Dependendo do caminho, é possível se sentir no comando de um carro de passeio.  Em velocidades elevadas, porém, a sensação de insegurança se torna quase inevitável em trajetos sinuosos. As rolagens de carroceria se mostram presentes em todas as curvas e até a direção demanda mais atenção, necessitando de pequenos ajustes. Nesses momentos, é inegável a condição de van com quase 2 metros de altura do JAC T8.

Ficha técnica

JAC T8

Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.997 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, duplo cabeçote, turbocompressor com intercooler. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual de seis marchas à frente e uma a ré. Tração traseira. Não oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 175 cv a 5.400 rpm.
Aceleração de 0-100 km/h: 15 segundos.
Velocidade máxima: 165 km/h.
Torque máximo: 26,5 kgfm entre a 4 mil rpm.
Diâmetro e curso: 85,0 mm X 88,0 mm.
Taxa de compressão: 8,5:1.
Suspensão: Dianteira independente, braços sobrepostos e barra estabilizadora. Traseira com eixo rígido, molas helicoidais e barra estabilizadora.
Pneus: 225/60 R17.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS de série.
Carroceria: Maxivan montada em longarina com quatro portas e sete lugares. Com 5,10 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,97 m de altura e 3,08 m de distância entre-eixos. 
Peso: 2.100 kg em ordem de marcha.
Tanque de combustível: 80 litros.
Capacidade do porta-malas: de 1.310 até 4.800 litros.
Produção: Hefei, China.
Itens de série: airbag duplo, cintos traseiros laterais de 3 pontos, travamento automático das portas a 15 km/h, sensor de estacionamento traseiro com câmara, portas com barras de proteção laterais, trava central e chave com destravamento remoto das portas, alarme antifurto, volante revestido em couro com regulagem de altura, comandos multifunção e direção hidráulica, central multimídia com entrada USB/AUX/Ipod/SD e Bluetooth, computador de bordo, abertura interna da tampa do tanque de combustível, retrovisores com acionamento elétrico e repetidor de seta, vidros elétricos, faróis com regulagem elétrica de altura, desembaçador traseiro, retrovisor interno antiofuscante, limpador traseiro com temporizador e quebra-sol com espelho de cortesia, acendedores de cigarro e tomadas 12V, seis alto-falantes, rádio MP5 com antena externa e 6 porta-copos, teto solar elétrico e luzes individuais de leitura.
Preço: R$ 94.990.
Opcional: Bancos revestidos em couro
Preço completo: R$ 96.990.

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias

Baixo impacto - JAC T8 entrega luxo e preço competitivo para transporte executivo, mas bem menos que o esperado

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 08 Oct 2014 09:15:00
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