8 de jan. de 2015

Teste do Toyota Etios Platinum hatch

Teste do Toyota Etios Platinum hatch

O Toyota Etios foi projetado com uma função muito clara: conquistar países emergentes. Mas em um país como o Brasil, que está sempre entre os seis maiores mercados do ranking global, a oferta farta de modelos faz com que algumas exigências estéticas e conceituais tenham mais importância. No caso do hatch da fabricante japonesa, seu visual antiquado e a extrema simplicidade de seu acabamento renderam inúmeras críticas e vendas abaixo do esperado na época de seu lançamento, em setembro de 2012. A marca tratou de caprichar mais no seu veículo de entrada. E o ponto alto dessa estratégia foi a criação da Platinum, atual versão de topo da linha Etios. No caso do hatch, a novidade deu um ar um pouco mais “requintado” em relação às outras configurações do compacto. 

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O resultado, no entanto, não chegou a atrair tantos consumidores interessados nessas modificações. Prova disso é o seu baixo “share”. De todos os cerca de 21.900 exemplares do Etios hatch emplacados no segundo semestre de 2014, apenas 3% deles foram na configuração “platinada”. A verdade é que esse tipo de acabamento é mais procurado em sedãs. Tanto que o próprio Etios Platinum de três volumes se sai melhor: é responsável por 11% as vendas da versão.

Por fora, os incrementos visuais da Platinum apostam em elementos que transmitem algum traço de exclusividade para o hatch – e que o destaquem nos showrooms da Toyota. A grade é toda cromada, assim como a moldura dos faróis de neblina e o friso na tampa do porta-malas. A aparente busca por um design mais contemporâneo impera inclusive na cor da carroceria, que só tem duas opções: preta e prata, ambas metálicas. A inscrição da configuração aparece apenas na traseira, deixando que as rodas de liga leve de 15 polegadas exclusivas em tons de prata e preto sejam o grande trunfo do perfil do carro.  O interior tem acabamento todo em preto, boa parte dele brilhante e prateado, com alguns cromados, inclusive no câmbio. Os bancos são parcialmente revestidos em couro e o volante ganhou o mesmo design dos sedãs Corolla e Camry, também forrado com material sintético. Alguns pontos que prejudicavam o conforto do condutor, como a falta de regulagem de altura nos bancos, foram reparados. Aliás, o acerto valeu para todas versões da linha 2015 do Etios. Além disso, a Platinum recebe de série uma central multimídia bem completa, com direito a navegador, câmara de ré, reprodução de DVD, sinal de TV digital e conexão Bluetooth.

O motor é o mesmo 1.5 16V que equipa todas configurações do hatch, exceto a de entrada X, que traz sob o capô um 1.3 litro. O propulsor da Platinum é capaz de render até 96 cv com álcool e 92 cv com gasolina, com torque de 13,9 kgfm com ambos os combustíveis. Com apenas 970 kg, o modelo sai do zero e atinge os 100 km/h em 11,1 segundos e seu trem de força é completado pelo câmbio manual de cinco velocidades – uma transmissão automática é aguardada para esse ano ainda, provavelmente no lançamento da linha 2016.  O hatch tem preço inicial de R$ 49.120 – alguns acessórios podem ser incluídos a essa conta, direto com as concessionárias. Esse valor é R$ 2.900 a mais que os R$ 46.220 da configuração XLS e R$ 70 a menos que os R$ 49.190 da versão com estética aventureira Cross – que é bem menos farta de “mimos”. O valor  não chega a ser um grande chamariz e acaba reforçando a exclusividade que o Etios Platinum almeja – a versão realmente vende pouco e não é fácil de ver nas ruas. Mas a exposição do Etios de topo nas vitrines das lojas pode ajudar a amenizar um pouco a sua fama de “pé de boi” – e talvez reduzir também o intenso “bullying” que o compacto da Toyota sofre desde a sua chegada.

Ponto a ponto

Desempenho – Esse é um dos pontos altos do modelo. O motor é o conhecido 1.5 litro 16V Flex que já equipa o sedã e as versões intermediárias XS e XLS do hatch, além da configuração pseudolameira Cross. E move o carro uma agilidade que impressiona. O peso de apenas 970 kg do Etios Platinum contribui para valorizar os 96 cv com etanol no tanque, pela força que o carro mostra. Nota 9. Estabilidade – O Etios se mostra bem firme e equilibrado nas curvas, mesmo em velocidades elevadas. Por ser muito leve, é preciso controlar um pouco mais a direção quando há forte vento lateral. Mesmo assim, agrada a sensação de consistência acima da média no segmento de compactos no Brasil. Nota 7. Interatividade – Aí está um dos principais problemas do Toyota Etios. O painel de instrumentos centralizado é pobre e dificulta a visualização. O problema maior não é a posição, mas sim o fato de ser analógico. O marcador de combustível até cresceu um pouco, mas continua bem pequeno. Em compensação, a direção elétrica é leve e precisa. O câmbio tem trocas de marchas suaves e os comandos estão bem situados e com uso intuitivo. Nota 7.

Consumo – O Etios hatch com motor 1.5 litro registrou consumo de 8,5 km/l na cidade e  8,9 km/l na estrada, com etanol, na avaliação do InMetro. Já com tanque abastecido com gasolina, o carro marcou 12,4 km/l em perímetro urbano e 13,4 km/l em tráfego rodoviário. Com esse resultado, ganhou classificação “A” em sua categoria e “B” no geral, com 1,70 MJ/km de consumo energético. Nota 8. Conforto – O  Etios é um hatch compacto. Ou seja, não se pode esperar tanto de seu espaço interno. Quatro ocupantes viajam com alguma tranquilidade se houver generosidade da parte dos ocupantes dianteiros. A suspensão é firme, o que faz com que algumas “sacolejadas” sejam mais sentidas por quem está na cabine. O isolamento acústico também deixa a desejar, mesmo quando não se exige o máximo que o motor pode entregar. Nota 7. Tecnologia – O Etios é montado em uma plataforma criada especialmente para o carro, em 2010. Mas, anacronicamente, faltam alguns recursos encontrados em modelos bem mais baratos. Como um simples computador de bordo que calcule ao menos o consumo e a autonomia de combustível ou até mesmo uma opção de câmbio automático. Em contrapartida, a versão Platinum traz de série central multimídia com navegador, câmara de ré, sistema de reprodução de DVD e TV digital, controle do sistema de áudio e conexão Bluetooth. Nota 7. Habitabilidade – Não existem muitos porta-objetos na cabine, mas há espaço regular para depositar os objetos que normalmente ficam mais a mão do condutor. O porta-luvas até é espaçoso, mas sua abertura superior dificulta o uso do motorista. O porta-malas de 270 litros fica na média do segmento. Nota 7.

Acabamento – O Etios Platinum tem uma atmosfera agradável, com alguns revestimentos em preto brilhante, cromados na medida certa e plásticos rígidos com um toque suave. Porém, existe certo desequilíbrio em seu habitáculo. A disposição das saídas de ar-condicionado é um bom exemplo. Há uma localizada à esquerda, mas em função da centralização do painel de instrumentos, três estão à direita e isso causa estranhamento. A forração do volante, bancos e do câmbio em couro melhoram bastante o visual da cabine. Nota 7. Design – Esse é um outro traço do Etios que depõe contra o carro. O visual é antiquado, com linhas que poderiam estar em qualquer modelo dos anos 1990. Na versão Platinum, detalhes como a luz de seta nos retrovisores e as exclusivas de rodas de liga leve em tom preto e prata, com raios brilhantes, tentam transmitir um estilo um pouco menos “vintage”. Mas tais elementos não são suficientes para dar uma efetiva contemporaneidade ao hatch. Nota 6. Custo/benefício – O Etios Platinum é vendido por R$ 49.120 e só estão disponíveis duas cores de carroceria: prata e preta. A Nissan pede R$ 43.990 pelo March SL 1.6 com 111 cv e mais bem equipado que o Etios, com ar-condicionado digital e computador de bordo. O Renault Sandero Dynamique tem motor 1.6 e chega a contar com itens como piloto automático. Só fica devendo a câmara de ré e sai por R$ 46 mil com central multimídia. Já a Hyundai entrega o HB20 1.6 Premium com BlueNav por R$ 52.370, mas seu motor ostenta bons 128 cv. Nota 6. Total – O Toyota Etios Platinum somou 71 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

A estética definitivamente não é o forte do Toyota Etios. Suas linhas são previsíveis e o interior é confuso, principalmente pelo painel analógico e centralizado. O acabamento melhorou desde seu lançamento, há pouco mais de dois anos, em setembro de 2012. A evolução no padrão dos arremates agrada e a aparência dos revestimentos internos hoje já tornam o habitáculo mais aprazível. O espaço é relativamente grande, principalmente para quem viaja na parte dianteira.  Encontrar a melhor posição de dirigir é fácil. Difícil mesmo é se acostumar com a leitura de informações cruciais para quem está no comando. Visualizar o velocímetro chega a ser irritante. Um mostrador digital resolveria o problema. O conta-giros é mais bem interpretado pelo carona do que pelo motorista, já que está situado à direita. Sorte que os comandos não seguem essa dinâmica e se encontram em posições de fácil acesso. Mas não ter um computador de bordo que auxilie na hora de calcular o combustível gasto e a autonomia do hatch é outro ponto decepcionante.
Dinamicamente, a história é outra. A direção elétrica é extremamente leve e precisa, facilitando desde manobras de estacionamento até os trajetos de viagens mais longas, transmitindo bastante segurança na estrada. A suspensão é bem ajustada, sentindo-se apenas um pouco a oscilação de carroceria nas curvas mais acentuadas e feitas em velocidades elevadas. Por ser muito leve, o Etios sofre com os efeitos de ventos laterais, mas não chega a trazer a sensação de perda de controle ao motorista.  O motor é um grande trunfo dessa versão do hatch. Pela ficha técnica, não parece que renda tanto quanto ele de fato entrega em movimento. O propulsor 1.5 de 96 cv com etanol no tanque e 92 cv com gasolina não tem qualquer dificuldade para mover o Etios. Arrancadas, ultrapassagens e retomadas são feitas com boa disposição, o que traz até uma tocada esportiva ao modelo. Do lado de fora do carro, porém, apenas as belas rodas de liga leve com 15 polegadas e tonalidade prata e preta insinuam essa agilidade e esperteza que se sente em cada pisada no acelerador.

Ficha técnica

Toyota Etios Platinum hatch 

Motor: 1.5 litro a gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.496 cm³, quatro cilindros em linha, com quatro válvulas por cilindro e duplo comando no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 92 cv com gasolina e 96,5 cv com etanol a 5.600 rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 11,1 segundos. 
Velocidade máxima: 187 km/h.
Torque máximo: 13,9 kgfm com gasolina e etanol a 3.100 rpm.
Diâmetro e curso: 75 mm X 84,7 mm.
Taxa de compressão: 12,1:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com barra estabilizadora. Traseira com eixo de torção e barra estabilizadora. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 185/60 R15.
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás com ABS.
Carroceria: Hatch monobloco com quatro portas e cinco lugares com 3,78 m de comprimento, 1,70 m de largura, 1,51 m de altura e 2,46 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais. 
Peso: 970 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 270 litros.
Tanque de combustível: 45 litros.
Produção: Sorocaba, Brasil.
Lançamento: 2012.
Itens de série: Airbags frontais, freios ABS, direção elétrica, ar-condicionado, vidros elétricos dianteiros e traseiros, travas elétricas, desembaçador traseiro, central multimídia com navegador, câmara de ré, sistema de reprodução de DVD e TV digital, controle do sistema de áudio e conexão Bluetooth, alarme perimétrico, faróis de neblina dianteiros e rodas de liga leve de 15 polegadas exclusivas.
Preço: R$ 49.120.

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias

Alpinista social - Toyota tenta afastar imagem simplista e controversa que marcou hatch Etios com versão de topo Platinum

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 07 Jan 2015 09:50:00

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