2 de jan. de 2015

Teste do Mercedes-Benz E63 AMG

Teste do Mercedes-Benz E63 AMG

Aufrecht, Melcher e Großaspach. As primeiras letras dessas três palavras traduzem umas das principais divisões esportivas hoje no mundo. Na gênese da AMG estão os ex-engenheiros da Mercedes-Benz Hans Werner Aufrecht e Erhard Melcher, que em 1967 apelidaram de AMG o motor de corrida que produziram – o G é em homenagem à cidade natal de Aufrecht, Großaspach. Em 1993, a AMG passou a ser oficialmente a “preparadora” dos modelos da marca alemã. Nestes 48 anos desde a fundação, a empresa se transformou em uma das mais respeitadas e seus modelos modificados uns dos mais desejados do mundo. Nessa lista está o sedã E63 AMG. Além da última reestilização no fim de 2013, a versão mais nervosa do Classe E ainda traz uma novidade. O tradicional motor V8 5.5, com dois turbos, agora é vendido no Brasil com tração integral. Mas não será fácil encontrar um modelo desses por aí. O preço é dolarizado e com a alta da moeda norte-americana nos últimos tempos, o valor do E63 AMG por aqui alcança astronômicos R$ 660 mil – ou US$ 245.900, como especifica a tabela.

Como um autêntico AMG, o E63 tem como destaque o que está oculto sob o capô. E lá repousa um possante V8 5.5 litros biturbinado. A divisão esportiva da Mercedes-Benz apenas aperfeiçoou o que já tinha. Após uma recalibração, o propulsor passou a render 557 cv a 5.500 rpm e 73,4 kgfm de torque entre 1.750 e 5.250 rotações. Para oferecer o sistema integral na Classe E sem deixar de entregar a tradicional sensação de esportividade de se guiar um AMG, a preparadora estabeleceu que a força é distribuída em 67% para o eixo traseiro e 33% para o dianteiro. De acordo com executivos da marca, apesar do peso extra, o E63 AMG 4Matic é mais rápido do que a versão com tração apenas traseira – que se mantém em produção na Alemanha.

O zero a 100 km/h é feito em 3,7 segundos no integral – contra 4,7 segundos do modelo anterior, que só tinha tração traseira e contava com “apenas” 525 cv. A transmissão é sempre automática de sete marchas. Na Europa, ainda há a versão S, que deixa a mistura ainda mais apimentada. A potência sobe para 585 cv e o torque para absurdos 81,5 kgfm nos mesmos regimes. Nesse caso, o sedã é catapultado até 100 km/h em apenas 3,6 segundos. A velocidade máxima é sempre limitada eletronicamente em 250 km/h. As melhorias técnicas foram acompanhadas de uma leve reestilização. O E63 não tem o visual tão “anabolizado” de outros carros “mexidos” pela AMG. Os faróis dianteiros agora são feitos em uma peça só – antes eram formados de duas partes diferentes –, o para-choque tem novo formato, mais curvilíneo, assim como a imponente grade dianteira. Atrás, as mudanças são mais sutis e se resumem a novas lanternas e a para-choque mais abaulado. O perfil é marcado por um grande vinco e pelas rodas de 19 polegadas em tom negro. Mas nada chama mais atenção que a inscrição cromada “V8 Biturbo” na lateral. Além de toda força bruta e visual contido, o E63 AMG ainda é munido de um arsenal tecnológico. Programa eletrônico de estabilidade, quatro modos de condução, três ajustes de suspensão e o sistema de torque direcional, que executa intervenções freando as rodas seletivamente para manter a alta agilidade do carro nas curvas. Nas mais fechadas, a atuação específica do freio da roda traseira do lado interno ajuda de forma incisiva o carro a executar sua trajetória. Nada disso, porém, interfere na diversão a bordo.

Ponto a ponto

Desempenho – O grande e pesado sedã da Mercedes acelera de maneira brutal. É realmente difícil de acreditar que os 4,89 metros e quase 2 toneladas do E63 AMG possam se mover de maneira tão arrebatadora. O motor V8 5.5 biturbo tem um monumental torque de 73,4 kgfm, que, sua maior parte, está disponível já a 1.750 rpm. A tradução são acelerações e retomadas sensacionais. Com o aditivo da tração integral, são necessários apenas 3,7 segundos para atingir os 100 km/h. Nota 10. Estabilidade – Há quem prefira tração traseira para mais esportividade. Mas a tração integral não tira a graça do E63 AMG. O sedã “gruda” no chão de maneira formidável e permite uma tocada mais entusiasmada sem causar insegurança a quem dirige. Apesar do tamanho e massa, o modelo é bastante ágil. Quando o modo Sport+ é acionado, os amortecedores ficam mais duros e, aí, o comportamento fica mais agressivo. Os largos pneus aderem ainda mais ao chão e fica difícil tirar o E63 AMG da trajetória. Nota 10.

Interatividade – A quantidade de comandos é enorme. Controles elétricos do banco e da coluna de direção com memória, câmbio com diversos programas, ajuste da suspensão, persianas laterais e traseira, entre outros. Ao menos, quase todos têm uso simples e intuitivo. Destaque para os bancos com almofadas infláveis que literalmente “prendem” o corpo e deixam o condutor e carona completamente estáveis no habitáculo. As borboletas para trocas de marcha manuais também têm bom tamanho. Nota 9. Consumo – A Mercedes E63 AMG não está no Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro. Durante a avaliação, o computador de bordo do sedã nunca marcou uma média melhor que 6,5 km/l de gasolina. Considerando o quanto o carro instiga a pressionar o acelerador, não é tão ruim. Nota 6. Conforto – Apesar de ser um sedã superesportivo, o E63 AMG oferece muito conforto. O entre-eixos de 2,89 metros proporciona excelente espaço para dois ocupantes se instalarem atrás. O couro é de alta qualidade e a espuma dos bancos tem densidade correta entre o conforto e sustentação. Para um AMG, a suspensão não é muito dura – nem no modo mais “hardcore”. Assim, o rodar é suave o suficiente e não há pancadas secas. Nota 9.

Tecnologia – Além da extensa lista de equipamentos de série, que inclui controle eletrônico de estabilidade e tração, controle de largada, assistente de partida em rampa, nove airbags, som premium Harman Kardon, sistema de entretenimento traseiro, a AMG atualizou o possante motor V8 5.5 litros biturbo. Lançado no fim de 2010, ele conseguiu ficar mais forte e econômico que o seu antecessor. Nota 9. Habitabilidade – O bom ângulo de abertura das portas facilita o acesso aos bancos dianteiros e traseiros. Os portas-objetos são numerosos, com destaque para o profundo nicho central sob o apoio de braços. Atrás, três passageiros podem ser demasiados. O porta-malas é dos mais espaçosos e engole 540 litros. Nota 9. Acabamento –  A configuração AMG melhorou um acabamento que já era de alto nível. Bancos, apoios de braços e painéis das portas são revestidos de couro napa. O volante AMG tem a base e a parte superior achatadas e as áreas de contato forradas de couro Alcântara, além das borboletas de trocas de marchas em alumínio. O toque final fica por conta do relógio suíço analógico da marca IWC entre as entradas de ar centrais no painel. Nota 10.
Design – O E63 AMG não é extravagante. Exibe um porte elegante sem extrapolar em apêndices aerodinâmicos. O desenho está alinhado com o público-alvo. Os únicos traços esportivos são as rodas escurecidas de 19 polegadas e para-choques mais bojudos com generosas entradas de ar. Uma discreta plaqueta na lateral avisa sobre a “aberração” que reside sob o capô. Nota 9. Custo/benefício – O E63 AMG é um carro de alto padrão e a Mercedes cobra muito bem por isso: R$ 660 mil. A concorrência direta, sempre, é com um BMW. No caso, a M5 com seu motor V8 4.4 litros de 560 cv, que custa  R$ 529.950. Já a Jaguar pede R$ 554 mil pelo XFR-S de 550 cv. Porém, ambos os modelos levam 4 décimos de segundo a mais que o E63 AMG no zero a 100 km/h. Em performance, o Audi RS7 Sportback com seus 560 cv extraídos de um motor 4.0 TSFI é o que melhor se compara. São necessários exatos 3,7 segundos para chegar aos 100 km/h. E é o de menor preço: R$ 589.360. Qualquer um deles tem péssima relação custo/benefício, mas a do E63 AMG consegue ser a pior. Nota 3. Total – O Mercedes-Benz E63 AMG somou 84 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Diabo a quatro

Geralmente os sedãs à venda no Brasil privilegiam o conforto com suspensões macias e motores com potência suficiente apenas para fazer ultrapassagens sem problemas. Mas com o Mercedes E63 AMG tudo é diferente. A começar pelo  que se encontra sob o capô. A divisão esportiva da marca alemã segue a filosofia “um homem, um motor”. O propulsor é montado à mão na seção de acabamento da fábrica localizada em Sindelfingen, na Alemanha. No caso da unidade testada, o agradecimento especial deve ser dado a Roland Lamboni que, por causa deste motor, arranca sorrisos de quem dirige o bólido. A assinatura do responsável figura na placa de identificação do motor como um atestado de qualidade da marca e é a última peça a ser colocada no processo de montagem. O motor 5.5 litros biturbo de 557 cv é primoroso desde a hora em que se aciona a ignição. O V8 “borbulha” e, ao mesmo tempo, eleva a adrenalina de quem está ao volante. Além da imensa potência, os 73,4 kgm de torque e a tração nas quatro rodas fazem do sedã alemão um devorador de asfalto. Não há como evitar a surpresa ao receber a “patada” que o modelo aplica nos ocupantes quando se afunda o pé direito no acelerador. Tudo ainda é acompanhado pelo viciante “ronco” que sai do sistema de escapamento, que ainda traz a inscrição AMG “talhada” na parte de cima de cada ponteira.
Outro item digno de nota do E63 AMG é sua capacidade dinâmica. Nem mesmo os quase 5 metros de comprimento e as duas toneladas de peso são capazes de inibir o comportamento esportivo do sedã. A tração “compartilhando” a força entre as quatro rodas e a suspensão no acerto mais rígido – Sport plus –, fazem o modelo encarar trechos sinuosos com bastante estabilidade e sem oscilações da carroceria. O condutor tem o controle do carro em tempo integral. Mas nem só de força vive o E63 AMG. Sem ser “instigado”, o sedã consegue cumprir o papel de carro de família. Com o ajuste suspensivo no “Comfort” e a transmissão no modo “C”, de “eficiência controlada”, o modelo tem uma postura tranquila. Os ocupantes traseiros ainda podem desfrutar do sistema de entretenimento com telas e fones de ouvido individuais. Afinal, um três volumes também preza pelo conforto.

Ficha técnica

Mercedes-Benz E63 AMG

Motor: Gasolina, dianteiro, longitudinal, 5.461 cm³, dois turbos, oito cilindros em “V”, quatro válvulas por cilindro e comando duplo no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto sequencial. Acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automatizado de dupla embreagem com sete marchas à frente e uma a ré, com opção de mudanças sequenciais na manopla do câmbio ou através de borboletas no volante. Tração integral. Controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 557 cv a 5.500 rpm.
Torque máximo: 81,5 kgfm entre 1.750 e 5.250 rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 3,7 segundos.
Velocidade máxima: 250 km/h limitada eletronicamente.
Diâmetro e curso: 98,0 mm X 90,5 mm.
Taxa de compressão: 10,0:1.
Suspensão: Dianteira independente com três braços, barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores a ar de rigidez ajustável. Traseira independente do tipo multilink com amortecedores a ar de rigidez ajustável e barra estabilizadora. Controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 255/35 R19 na frente e 285/30 R19 atrás.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS com EBD e assistente de frenagem de emergência.
Carroceria: Sedã com quatro portas e cinco lugares. Com 4,89 metros de comprimento, 1,87 m de largura, 1,46 m de altura e 2,87 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais dianteiros e traseiros, cortina e de joelho para o motorista.
Peso: 1.940 kg.
Capacidade do porta-malas: 540 litros.
Tanque de combustível: 66 litros.
Produção: Sindelfingen, Alemanha.
Lançamento: 2013.
Lançamento no Brasil: 2013.
Preço: US$ 245.900, o equivalente a R$ 660 mil.

Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Combinação explosiva - Com 557 cv e tração integral, Mercedes-Benz E63 AMG vira máquina de devorar asfalto

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 01 Jan 2015 19:00:00

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