3 de set. de 2015

Teste do Volkswagen Red up! TSI

Teste do Volkswagen Red up! TSI

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No meio automotivo, as marcas generalistas sempre criam muitas versões para os carros destinados a grandes volumes de venda. Não há mistério na estratégia: quanto mais opções na linha de produção, maior a capacidade de atrair consumidores diferentes. Foi assim que a Volkswagen manteve o Gol no topo da lista dos mais emplacados no Brasil durante 27 anos – até perder, em 2014, o posto para o Fiat Palio. E repete o feito com seu atual carro de entrada, o up!, oferecendo diversas configurações. As mais recentes vieram com o novo motor 1.0 TSI, o único turbo 1.0 produzido atualmente no país. E, apesar de não ser exatamente a versão mais cara, posto ocupado pela Speed up!, é a Red up! TSI – junto com a White e a Black – a que melhor expressa a característica que a fabricante alemã mais tenta embutir no marketing do compacto: a de veículo jovem e despojado. As configurações Red, White e Black up!, ao lado da topo de linha Speed up!, são comercializadas apenas com a motorização mais forte do up!. O 1.0 TSI ganhou, com a inclusão do turbocompressor, 28% na potência e expressivos 62% de torque em relação aos modelos 1.0 aspirados. Enquanto o motor de entrada rende 76/82 cv a 6.250 rotações e 9,7/10,4 kgfm de torque a 3 mil rpm, quando abastecido com gasolina e etanol, respectivamente, sua versão mais “nervosa” entrega 101 cv e 105 cv com os mesmos combustíveis. O torque passou para 16,8 kgfm tanto com gasolina quanto com etanol. Já a transmissão é sempre manual com cinco marchas e há controle eletrônico de tração – mas não existe controle de estabilidade, que é de série na Europa.

A novidade sob o capô é para aumentar o desempenho do carro não apenas nas ruas, mas também nas vendas. A expectativa é que o novo propulsor incremente os emplacamentos do modelo em cerca de 20% e se estabilize na faixa de 30% de share em toda a gama comercializada – mas não há uma precisão ainda de quanto dessa faixa ficará com as versões “coloridas” Red, White e Black up!. Um dos trunfos das opções com TSI no nome e no capô é a diferença de preço entre as configurações aspiradas e as turbinadas, que é de menos de 10% do valor do veículo – exatos R$ 3.100. Esteticamente, o Red up! TSI não tem tantas diferenças em relação ao modelo que era vendido com motor aspirado. A cor da carroceria segue vermelha e está presente ainda nas rodas de liga leve e no console central do carro. Mas, além dos 4 cm a mais de comprimento das configurações TSI – passa de 3,60 metro com motor MPI para os 3,64 m para receber o novo motor –, a tampa do porta-malas é escurecida sempre que a potência é maior. De resto, só mesmo a sigla “TSI” na traseira.

A lista de itens de série segue bem completa. Exceto pelo sistema “Maps & More”, que agrega GPS e informações do computador de bordo do carro em uma tela acoplável ao console central, o Red up! sai da fábrica com tudo que o compacto pode ter. Isso inclui o ar-condicionado, direção e trava, retrovisores e vidros dianteiros elétricos, rádio com CD e MP3, alarme, sensor de estacionamento traseiro, faróis e lanternas de chuva, alarme e chave canivete com comando de abertura das portas. Por esse pacote, a Volkswagen pede R$ 48.690. O valor sobe para R$ 50.206 completo, com a central multimídia de tela destacável no centro do console frontal. O fato de ser um modelo turbinado e extremamente econômico – segundo o InMetro, a média com gasolina no tanque é de 13,8 km/l e 16,1 km/l na cidade e na estrada, respectivamente – são pontos a favor do modelo. As versões TSI do up! parecem tentar invocar uma personalidade de “fun car” ao compacto – e, de fato, conseguem. E 30% de share dividido entre nada menos que sete versões com o propulsor novo – Red, White, Black, Speed, Move, High e Cross up! TSI – pode ser uma projeção que se concretize. Afinal, em períodos de crise, são justamente as configurações mais caras que menos sofrem com as quedas de vendas. 

Ponto a ponto

Desempenho – Esse é o principal apelo do Volkswagen up! TSI. São 105 cv a 5 mil rpm com etanol no tanque, suficientes para fazer o compacto atingir a velocidade máxima de 184 km/h. O bom torque de 16,8 kgfm aparece já aos 1.500 giros e, na prática, isso significa boa agilidade nas arrancadas, ultrapassagens e retomadas. A performance em nada se parece com a de um modelo 1.0 e o câmbio se mostra harmonizado com o três cilindros turbinado. Nota 9. Estabilidade – O up! é um carro que sempre está na mão. O modelo segue a trajetória apontada sem grandes problemas. Mas, em velocidades mais altas, é bom ter cuidados nas sequências sinuosas. Aparatos eletrônicos voltados para a segurança – caso do controle de estabilidade, por exemplo, passam longe. E o up! TSI perde aderência na frente nas saídas, em função do alto torque em baixa e seu peso leve. O controle de tração algumas vezes parece não funcionar direito, tanto que é comum “cantar” os pneus ao sair da inércia com um mais de força. Nota 7.

Interatividade – Nesse ponto, nada mudou em relação ao Red up! lançado em fevereiro de 2014. São poucos comandos e os mais importantes estão à mão. O volante tem boa pegada e peso correto. O console central abriga o rádio e os seletores giratórios do ar-condicionado, onde o manuseio é bem simples. Desfavoráveis são o pequenino conta-giros e o diminuto computador de bordo com letras e números difíceis de ver quando não se tem o opcional “Maps & More”. Falta também um volante multifuncional e um relógio permanente para enxergar as horas – um “luxo” desejável em um carro de quase R$ 50 mil. Nota 7Consumo – É esse, sem dúvida, um dos principais apelos do up! TSI. De acordo com dados do Programa de Etiquetagem do InMetro, o modelo recebe nota A na categoria e no geral com consumo energético de 1,44 MJ/km, o melhor registrado no Brasil sem o auxílio de um propulsor elétrico. São 9,6 km/l e 11,1 km/l na cidade e na estrada com etanol e 13,8 km/l e 16,1 km/l com gasolina. Nota 10. Conforto – Foram adotados no up! TSI molas e amortecedores com nova calibração, tornando a suspensão mais rígida. Com isso, o conforto diminui consideravelmente diante das típicas “crateras” das ruas brasileiras. Na frente, goza-se de certo espaço. Atrás, pessoas com até 1,85 m têm um bom vão livre para a cabeça. Já as pernas dependem da boa vontade dos ocupantes da frente. O isolamento acústico também deixa a desejar. Nota 6.

Tecnologia – O up! inaugurou uma nova plataforma em 2012 na Europa, a PQ12. O motor três cilindros de 1.0 litro já era novo, mas agora ganhou versão mais potente. O opcional sistema “Maps & More” parece um GPS comprado em loja, mas se comunica com os dados do veículo e exibe até o gráfico do sensor de ré. Mas ao optar por essa tecnologia, é preciso abrir mão da entrada USB. Um ponto que decepciona é a ausência de vidros traseiros elétricos. Nota 8. Habitabilidade – O espaço interno é bem aproveitado. Há nichos para garrafas e papéis nos bolsões das portas. Na parte central, há um porta-copo e espaço para carteira, celular ou chaves. O porta-malas comporta 285 litros e vem com um “tapume” removível que divide o compartimento e permite acomodar bagagens em pisos distintos. Nota 8. Acabamento – Os plásticos aparentam boa qualidade e têm encaixes bem feitos. Nas versões coloridas, o painel central é na tonalidade da carroceria – semelhante ao que a Fiat faz com o subcompacto 500. Esse, aliás, é um dos principais charmes do habitáculo, criando uma atmosfera ainda mais jovem para o modelo. Nota 7.
Design – O up! foge do onipresente “family face” que uniformiza toda a linha da Volkswagen. O formato “caixote” não é ousado, mas a ausência de grade dianteira transmite uma personalidade mais contemporânea. A traseira tem para-choque bojudo e lanternas verticalizadas e o perfil conta com rodas de liga leve que acompanham a cor externa, dando um visual despojado ao carrinho. A tampa preta remete ao modelo europeu e só está presente nas versões com motor 1.0 TSI. O comprimento também aumentou em 4 cm. Nota 8. Custo/benefício – A grande vantagem do Red up! TSI é o fato de ser uma versão esportiva de um compacto popular que, de fato, se traduz em mais vigor para o trem de força. Ele começa em R$ 48.690 e tem como opcional apenas o sistema “Maps & More”, que acrescenta R$ 1.516 à conta – total de R$ 50.206. Não há nenhum concorrente 1.0 com a mesma potência do modelo, que tem desempenho similar ao de um carro com motor 1.6. Um Palio  Essence 1.6 16V tem 117 cv, mesmo torque do up! – mas em altas 4.500 rpm – e custa R$ 49.210. Um Chevrolet Onix Effect 1.4 16V tem 106 cv e sai a R$ 50.890. Na Ford, um Ka SEL 1.5, de 110 cv, é vendido por R$ $48.190 e já tem controle eletrônico de estabilidade. Para quem não sente falta de boas arrancadas, a concorrência tem opções melhores. Nota 7. Total – O Volkswagen Red up! TSI somou 77 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Por fora, o Volkswagen up! pode parecer frágil e, em função do design, até o que os mais machistas poderiam chamar de “carro de mulher”. Mas a identidade jovial que a marca sempre quis transmitir com o modelo se expressa em sua melhor forma na versão Red up! TSI. A própria cor vermelha já dá um tom descontraído ao compacto e aparece ainda em seu interior, no console central. As rodas com detalhes que acompanham a carroceria rubra complementam a estética que, em alguns traços, tem seu lado “fun car”. Um ponto que favorece esse visual é a traseira preta, uma referência à carroceria europeia – por lá, o modelo tem sempre a tampa do porta-malas em acrílico. Mas é sob o capô que está o que o Red up! TSI tem de melhor a oferecer. Sim, porque a versão existia com o propulsor convencional 1.0 de 82 cv com etanol, mas expressa uma esportividade ímpar em sua categoria com o novo propulsor turbinado de 105 cv. Aliado ao baixo peso do hatch – 1.000 quilos – e ao torque de 16,8 kgfm em baixas 1.500 rpm, é possível partir do zero e chegar aos 100 km/h em apenas 9,1 segundos – ou seja, menos 3,3 s que as versões sem turbo. É um número bem interessante no segmento em que o up! atua.
Na prática, basta pisar o pedal direito com vontade para obter respostas imediatas e um desempenho facilmente comparado ao de um modelo 1.6 – em alguns casos, até acima. Desde as saídas de sinal até as ultrapassagens e retomadas mais urgentes, a impressão é que não falta força para nada. A proposta está longe de ser um superesportivo, mas dá para se divertir bastante no volante quando se pode exigir um pouco mais do trem de força. Mas é bom se precaver e não abusar demais diante de muitas curvas. Não há controle eletrônico de estabilidade para corrigir qualquer excesso. A suspensão mais firme cobra seu preço nas pancadas mais secas diante dos buracos das ruas nacionais e o conforto também é influenciado pelas saídas de ar-condicionado. No centro, elas são em cima do painel e se localizam atrás do opcional “Maps & More”. Estranho não apenas visualmente, mas também na hora de refrigerar o modelo. Não chega a demorar tanto, mas desagrada quem gosta de receber o vento com mais intensidade ao recorrer ao sistema de refrigeração. A central multimídia, aliás, tem dois lados. É bem completa, bem localizada e reproduz as principais informações do carro. Porém, o uso do GPS não é tão intuitivo e demanda algum tempo até que o motorista se habitue.

Ficha técnica

Volkswagen Red up! TSI

Motor: Etanol e gasolina, dianteiro, transversal, 999 cm³, três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, turbocompressor. Injeção direta e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 105 e 101 cv a 5 mil rpm com etanol e gasolina.
Torque máximo: 16,8 kgfm entre 1.500 e 4 mil rpm com etanol e gasolina.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,1 segundos.
Velocidade máxima: 184 km/h.
Diâmetro e curso: 74,5 mm X 76,4 mm.
Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços triangulares transversais, molas helicoidais, amortecedores telescópicos hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira interdependente, com braços longitudinais e molas helicoidais. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 185/60 R15.
Freios: Discos ventilados na frente e discos à tambor atrás. Oferece ABS com EBD de série.
Carroceria: Hatch compacto em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 3,64 metros de comprimento, 1,64 m de largura, 1,50 m de altura e 2,42 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série.
Peso: 1 mil kg, em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 285 litros.
Tanque de combustível: 50 litros.
Produção: Taubaté, Brasil.
Lançamento mundial: 2011.
Lançamento no Brasil: 2014.
Lançamento do novo motor 1.0 TSI: 2015.
Itens de série: ar-condicionado, direção elétrica, banco do motorista e coluna de direção com ajuste de altura, computador de bordo, sistema de som com rádio/CD/Bluetooth/USB/AuX/iPod, chave com alarme e comando remoto, travas elétricas e vidros dianteiros elétricos, sistema Isofix para fixação de cadeirinha de criança, porta-malas com sistema de ajuste variável de espaço, sensor de estacionamento traseiro, faróis e lanternas de chuva, bancos revestidos em couro sintético, rodas de liga leve aro 15, tapetes de carpete, painel com aplique colorido, aplique cromado no volante revestido de couro sintético, revestimento exclusivo nos bancos.
Preço: R$ 48.690.
Opcional: Sistema Maps & More: R$ 1.516.
Preço completo: R$ 50.206. 
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias

Alerta vermelho - Red up! TSI reforça imagem jovem do compacto da Volkswagen com tom rubro e motor turbo

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 02 Sep 2015 08:45:00

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