17 de set. de 2015

Primeiras impressões do Renault Sandero RS

Primeiras impressões do Renault Sandero RS

A primeira obrigação de um esportivo é ser uma usina de adrenalina. A segunda, é construir a imagem do fabricante. Dentro de uma montadora, a primeira função empolga os engenheiros e a segunda, o pessoal do marketing. Afinal, nada transmite mais a ideia de status e tecnologia que um esportivo. Foi por essa boa imagem que a Renault decidiu desenvolver e construir o Sandero RS no Brasil. Mais que faixas, rodas e roncos, o hatch da marca francesa foi inteiramente modificado para se tornar um verdadeiro esportivo.

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Para começar, ele recebe o motor Renault 2.0 16V flex, importado da França. É o mesmo propulsor que empurra as versões superiores do “pesado” Duster. No utilitário de 1.350 kg, ele rende 143/148 cv, enquanto no Sandero, cerca de 200 kg mais leve, ele rende 2 cv a mais – 145/150 cv, com gasolina/etanol. Isso faz com que a relação peso/potência do hatch seja de exatos 7,74 kg/cv – normalmente, um modelo é considerado esportivo quando esta relação fica abaixo de 8. Este propulsor é gerenciado pelo mesmo câmbio manual de seis marchas existente no SUV, mas com um escalonamento completamente voltado à esportividade – com relações mais curtas e próximas.

Para sustentar esta fúria, a Renault Sport tratou de equipar o Sandero RS com um controle eletrônico de tração e estabilidade com três modos de atuação: normal, Sport e Sport+. A suspensão também foi completamente refeita. A configuração básica – McPherson na frente, eixo de torção atrás – foi mantida, mas recebeu amortecedores mais eficientes, eixos de maior bitola e molas mais rígidas. As novas molas têm uma ação progressiva, que permite absorver as imperfeições da pista ao mesmo tempo em que reduzem a tolerância de inclinação da carroceria. Para completar, o novo conjunto de rodas e pneus reduziu a altura do Sandero em 2,6 cm. O resultado final é que o limite de rolagem passou de 5,6º para 3,8º por G de aceleração lateral, ou 33% melhor.

Todas estas evoluções dinâmicas no Sandero foram explicitamente assinadas por modificações visuais. Nem todas apenas estéticas. O aerofólio traseiro aumentado, por exemplo, adiciona até 25 kg ao downforce traseiro. Na frente, o modelo recebe um spoiler em forma de lâmina, no estilo de carros de Fórmula 1, e os faróis têm máscara negra. No nicho onde normalmente ficariam os faróis de chuva, agora há uma fileira de leds diurnos e a grelha dianteira é do tipo colmeia. De série, o modelo vem com rodas em preto brilhante aro 16, mas opcionalmente podem ser aro 17. Tem ainda saias e faixas laterais, difusor sob o para-choque traseiro e ponteira de escapamento dupla e carcaça do retrovisor externo na cor da carroceria. Na tampa traseira, o nome “Sandero" foi omitido em favor de uma identificação “Renault Sport" à esquerda e "RS" à direita.

Internamente, o Sandero RS tem todos os equipamentos oferecidos na linha compacta, como ar digital e a última geração do sistema multimídia Media Nav Evolution. Além disso, há itens específicos da versão, como o volante RS, igual ao usado no Mégane RS vendido na França, molduras metalizadas, bancos esportivos em tons de cinza com pespontos vermelhos e as iniciais "RS" bordadas no encosto de cabeça. O acabamento do painel também está mais caprichado e os pedais são em alumínio. Foi instalado um apoio para o pé esquerdo bem protuberante.

Uma prova do prestígio da subsidiária brasileira da marca francesa é que o modelo é o primeiro da Renault Sport desenvolvido para mercados fora da França. Nele foram consumidas 120 mil horas de trabalho com 73 engenheiros do Brasil e da França envolvidos. Foram construídos 30 protótipos que rodaram 250 mil quilômetros em testes. A fabricante projeta que serão emplacadas entre 150 e 200 unidades por mês do Sandero RS. Esta estimativa é tímida diante do preço de R$ 58.990 – ou R$ 59.990 com rodas de 17 polegadas –, bem mais acessível que os poucos rivais diretos, como Fiat Punto T-Jet e Suzuki Swift Sport. Mesmo que o modelo tenha um desempenho comercial pouco impressionante, o fundamental neste caso é o lucro de imagem que a Renault pretende extrair do seu “hot hatch” brasileiro.

Primeiras impressões

Sintonia fina

Mogi-Guaçu/SP – O Sandero RS é uma rara exceção em um mercado povoado de pseudo-esportivos. Nele, a proposta de um típico "hot hatch" é bem levada a sério. Motor, câmbio, suspensão, bancos e assistência dinâmica são capazes de produzir uma experiência verdadeiramente esportiva. O escalonamento das marchas é progressivo, sem buracos ou sobreposições. A última marcha, inclusive, é de aceleração – tanto que a máxima de 202 km/h é em sexta. Não é à toa que, durante o teste, a média em estrada foi de nada econômicos 6,9 km/l.
Apesar de semelhante, o motor Renault 2.0 16V não é exatamente o mesmo que equipa modelos da marca há quase 20 anos – desde o Mégane Scénic nacional. Ele foi retrabalhado para ter um comportamento mais agressivo.Tanto que, segundo a marca, alcança os 100 km/h a partir do zero em 8 ou em 8,4 segundos, quando abastecido com etanol e gasolina. As acelerações e retomadas do Sandero RS são realmente vigorosas.
Mas talvez o que mais impressione seja mesmo o comportamento dinâmico. No teste, o trajeto se compôs de trechos de autoestrada, de serra e, finalizando, em autódromo – onde se pôde testar os três modos de atuação do controle de estabilidade. Em todas as situações, mesmo com o ESP desligado, o Sandero esbanjou neutralidade nas curvas e retas. As rolagens de carroceria são controladas e ainda assim a suspensão consegue filtrar as imperfeições do pavimento, o que transmite bastante conforto para quem vai a bordo.
Os bancos também cumprem sua função com grande eficiência: têm abas pronunciadas para segurar o corpo nas curvas sem abrir mão da maciez. Na verdade, em qualquer ponto do Sandero RS pode-se perceber uma busca de equilíbrio entre a esportividade, explorável em uma estrada, e o uso mais pacato, urbano. Inclusive no visual, que se manteve sóbrio, com soluções bastante elegantes para um esportivo.

Ficha técnica

Renault Sandero RS

Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.998 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial com dois mapeamentos: normal e esportiva. 
Transmissão: Câmbio manual de seis velocidades a frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração.
Potência máxima: 145 cv e 150 cv com gasolina e etanol a 5.750 rpm.
Aceleração de zero a 100 km/h: 8,4 e 8,0 segundos com gasolina/etanol.
Velocidade máxima: 200 km/h e 202 km/h com gasolina/etanol.
Torque máximo: 20,2 kgfm e 20,9 kgfm com gasolina/etanol a 4 mil rpm.
Diâmetro e curso: 82,7 mm X 93,0 mm.
Taxa de compressão: 11,2:1.
Suspensão: Dianteira McPherson com triângulos inferiores, molas, amortecedores e barra estabilizadora. Traseira: Tipo eixo de torção, com amortecedores e molas helicoidais. Oferece controle de estabilidade.
Freios: Discos ventilados de 280 mm de diâmetro na dianteira e 240 mm de diâmetro na traseira. Oferece ABS com assistência de partida em subidas.
Pneus: 195/55 R16 (opcional 205/45 R17).
Direção: Eletrohidráulica com diâmetro de giro de 10,6 m.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,07 metros de comprimento, 1,73 m de largura, 1,50 m de altura e 2,59 m de entre-eixos. Oferece airbag duplo frontal. 
Peso: 1.160 kg. Com 458 kg de carga útil.
Capacidade do porta-malas: 320 litros. 
Capacidade do tanque de combustível: 50 litros.
Produção: São José dos Pinhais, Paraná.
Lançamento: Setembro de 2015.
Itens de série: Airbag duplo, freios ABS, direção eletrohidráulica, travas elétricas, volante multifuncional em couro com regulagem da altura, ar-condicionado digital, desembaçador do vidro traseiro, faróis com máscara negra, brake light, rodas aro 16 de liga leve em preto brilhante, carcaça dos retrovisores na cor do veículo, vidros elétricos, alarme perimétrico, assento do condutor com regulagem de altura, Media NAV Evolution, luzes diurnas em leds, controle de estabilidade e tração com três modos de funcionamento, comando elétrico dos retrovisores, sensor de estacionamento, bancos dianteiros esportivos, computador de bordo, assistência de subida em rampa, aerofólio e extrator traseiros, spoiler dianteiro e saias laterais.
Preço: R$ 58.990.
Opcionais: Rodas de liga leve de 17 polegadas em preto brilhante.
Preço completo: R$ 59.990.
Máquina quente - Renault aposta no “hot hatch” Sandero RS para refinar sua imagem no Brasil

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 16 Sep 2015 08:59:00

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