15 de set. de 2016

Teste do Peugeot 208 Allure 1.2

Teste do Peugeot 208 Allure 1.2

Existem maneiras distintas de se conseguir prestígio no mercado automotivo. Algumas marcas investem pesado na segurança, enquanto outras priorizam o desempenho, por exemplo. Mas o debate cada vez mais intenso a respeito das questões ambientais fez com que as fabricantes voltassem suas atenções para a redução da poluição. O meio mais utilizado para isso é o downsizing, com motores menores, mas desempenho similar ou até melhor. Foi o que a Peugeot fez com o 208 no Brasil. Ela substituiu o antigo 1.5 de 93 cv pelo novo 1.2 Puretech de três cilindros de 90 cv. A mudança, adotada há quatro meses, já fez as vendas do modelo subirem 9% nos últimos quatro meses e o propulsor menor deve encerrar 2016 com cerca de 65% dos emplacamentos do modelo no país. Boa parte deles na configuração Allure, que alia itens de série topo de linha – essa versão de acabamento também está disponível com motorização 1.6 – ao trem de força focado principalmente na eficiência energética.

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A substituição do motor adotado nas variantes de entrada do 208 chegou junto com um discreto face-lift. Em termos estéticos, as mudanças na linha 2017 foram suaves, marcadas por uma nova guia de luz em leds na dianteira, apliques cromados próximos às lâmpadas e faróis de máscara negra. Para-choques, grade e moldura das luzes de neblina também foram redesenhados. Na traseira, as lanternas receberam lentes escurecidas. No habitáculo, o i-Cockpit, que combina o painel de instrumentos elevado com um volante de dimensões reduzidas, segue intacto.

O “downsizing” do propulsor reduziu em 25 kg o peso do carro. Mas o principal feito do motor veio com a avaliação realizada pelo InMetro: todas as versões do 208 1.2 – e isso inclui a Allure – receberam nota A nas aferições de consumo e emissões realizadas pelo instituto. De acordo com a marca francesa, o novo motor 1.2 flex, que é importado da França, é 37% mais econômico do que o 1.5 litro de 4 cilindros que foi substituído. Seu índice de consumo energético é 1,32 MJ/km, o menor encontrado nas 41 páginas do relatório do InMetro entre os veículos que não contam com propulsores elétricos.

A lista de itens de série do 208 Allure é extensa. A configuração já traz de fábrica luzes diurnas e lanternas de leds, faróis e lanternas de neblina, rodas de liga-leve de 15 polegadas, sensores de estacionamento traseiros, controle de velocidade de cruzeiro, computador de bordo, pneus de baixo atrito e central multimídia de 7 polegadas com tela sensível ao toque. Além disso, há quatro airbags – fora os obrigatórios frontais, estão presentes também os laterais – e ar-condicionado de duas zonas. Até o porta-luvas é refrigerado e um dos principais charmes do interior é o teto envidraçado. O preço, no entanto, não é dos mais convidativos. Lançada há quatro meses por R$ 54.990, a variante já foi reajustada e hoje sai das concessionárias por R$ 58.780. Mas, a julgar pelo crescimento nas vendas mesmo diante de um mercado em queda constante, esse valor não tem sido um problema para o hatch compacto produzido em Porto Real, no Rio de Janeiro. 

Ponto a ponto

Desempenho – O novo motor de três cilindros francês rende 90 cv a 5.750 rpm com etanol no tanque e 84 cv quando abastecido com gasolina. O torque, de 13 kgfm com etanol, aparece apenas em 2.750 rpm. Na prática, esses números são suficientes para que o compacto se destaque no tráfego urbano, com boas arrancadas e retomadas, e também na estrada, com ultrapassagens feitas com reduções leves de marchas – que, às vezes, nem são necessárias. Os giros do motor não demoram a subir e o câmbio oferece bons engates. Nota 8. Estabilidade – O comportamento do 208 é equilibrado tanto em curvas quanto nas retas enfrentadas em velocidades altas. A suspensão é bem ajustada e consegue conciliar bem certa dose de esportividade e bom nível de conforto ao hatch. Nesta versão, no entanto, não há controle eletrônico de estabilidade. Nota 7. Interatividade – O charmoso i-Cockpit do Peugeot 208 posiciona o painel de instrumentos acima do volante – que é menor – e não atrás dele. Essa organização melhora o espaço para motorista e facilita a visibilidade. Além disso, ainda instiga uma direção mais esportiva, já que o volante reduzido evoca os modelos de competição. O sistema de entretenimento traz tela sensível ao toque e seu uso é extremamente intuitivo. A versão Allure 1.2 ainda recebe teto panorâmico – ou seja, até os passageiros de trás conseguem ver o céu a bordo do modelo. Nota 9.

Consumo – Esse é o maior trunfo do Peugeot 208 1.2 Allure. De acordo com dados do InMetro, ele tem média de 10,9 km/l de etanol e 15,1 km/l de gasolina em circuito urbano e 11,7 km/l etanol e 16,9 km/l de gasolina na estrada. Números suficientes para lhe garantir a nota “A” no geral, no segmento e nas emissões. Entre os modelos sem motor elétrico, é o carro mais econômico do Brasil avaliado pelo instituto. Nota 10. Conforto – O 208 é um compacto, ou seja, espaço não é mesmo o seu forte. Mas o modelo entrega a média do segmento atual: leva quatro adultos com algum conforto. A suspensão filtra as irregularidades do piso com certa eficiência. Os bancos também recebem bem seus ocupantes. O teto panorâmico da versão Allure amplia a sensação de espaço. Nota 8. Tecnologia – A plataforma PF1 tem boa rigidez torcional, mas não é nova. É a mesma utilizada em todos os compactos do Grupo PSA, originalmente desenvolvida em 2002 e retrabalhada em 2009, para a segunda geração do Citroën C3. A lista de equipamentos da configuração Allure, no entanto, é generosa: há central multimídia, controle de cruzeiro, luzes diurnas de leds e quatro airbags. O motor 1.2 é bem atual e nada deixa a desejar em relação ao antigo 1.5, além de ser bastante econômico. Nota 8.

Habitabilidade – Há uma boa oferta de porta-objetos, sempre espaçosos e de acesso fácil. Entrar e sair do 208 também não chega a ser difícil, mesmo tratando-se de um modelo compacto. O porta-malas leva 285 litros, ou seja, está na média de sua categoria. Nota 8. Acabamento – O acabamento da Peugeot, de maneira geral, é sempre acima de seus concorrentes diretos. Com o 208 não é diferente. Os plásticos têm boa qualidade e são todos extremamente agradáveis ao toque. Os encaixes são precisos e o design interior tem um charme incomum em carros de entrada de marcas generalistas no Brasil. Nota 9. Design – Os faróis afilados e a grade destacada carregam as características da atual identidade visual da marca francesa. O hatch consegue combinar linhas que expressam esportividade e, ao mesmo tempo, uma elegância rara no segmento. Nota 9.
Custo/benefício – A briga entre os hatches compactos de proposta mais requintada confronta o 208 Allure 1.2 – a versão topo de linha desta motorização – com modelos como Ford Fiesta e Fiat Punto, que recebem motores maiores e mais “beberrões”. Seu padrão de acabamento também é superior. Mesmo assim, os R$ 58.780 pedidos pela marca francesa assustam um pouco. Nota 6. Total – O Peugeot 208 Allure 1.2 somou 82 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Além da aparência

De todo o portfólio da Peugeot no Brasil, o 208 é o modelo mais em conta disponível. Talvez por isso seja surpreendente que, na versão Allure 1.2, o hatch compacto cause uma impressão tão boa por dentro e por fora. Em nada no modelo se nota a condição de veículo de entrada. Desde o desenho moderno e elegante ao habitáculo refinado e extremamente bem planejado, tudo cria uma ideia totalmente inversa: a impressão é a de se estar a bordo de uma variante topo de linha.
O acabamento mistura materiais de toque suave e tons que se equilibram com a ideia de sofisticação que a marca transmite. A configuração Allure ainda recebe teto panorâmico, que garante uma sensação de amplitude e, ao mesmo tempo, visão do céu para todos os passageiros.  O propulsor bicombustível aspirado de 1.2 litro, com quatro válvulas e comando variável para cada cilindro, mostra boa disposição mesmo antes de atingir 2 mil giros. Ultrapassagens e retomadas são realizadas com alguma tranquilidade, sem que seja necessário recorrer às reduções de marcha o tempo todo. Até nas subidas, o hatch se mantém com algum vigor. É claro que a proposta principal da versão Allure 1.2 não é a esportividade – para isso, há a GT, com motor 1.6 turbinado de 173 cv, ou mesmo a Sport 1.6, com seus 122 cv. Mas é possível extrair vigor do compacto – principalmente quando o condutor está sozinho no carro.
Uma boa surpresa para quem dirige o 208 com propulsor 1.2 é a demora em baixar o indicador de nível de combustível. De fato, o modelo se mostra extremamente econômico com o novo motor, adotado na linha 2017. Mesmo quando não há um grande esforço para economizar, a média de consumo é sempre satisfatória. Definitivamente, o downsizing foi um ganho e tanto para o 208 no Brasil. 

Ficha técnica

Peugeot 208 Allure 1.2

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.199 cm³, três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro com sistema de variação de abertura na admissão e exaustão. Injeção eletrônica multiponto sequencial.
Potência: 90/84 cv com etanol/gasolina a 5.750 rpm.
Torque: 13/12,2 kgfm a 2.750 rpm com etanol/gasolina.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,8 segundos.
Peso: 1.046 kg.
Transmissão: Manual de cinco velocidades à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração.
Suspensão: Dianteira tipo pseudo McPherson, independente, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos pressurizados à gás e barra estabilizadora. Traseira deformável, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos pressurizados à gás e barra estabilizadora. Não oferece controle de estabilidade.
Pneus: 195/60 R15.
Freios: Discos sólidos na frente e tambores atrás. ABS com EBD de série.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,97 metros de comprimento, 1,70 m de largura, 1,47 m de altura e 2,54 m de distância entre-eixos. Airbags frontais e laterais de série.
Capacidade do porta-malas: 285 litros.
Tanque de combustível: 55 litros.
Produção: Porto Real, no Rio de Janeiro.
Lançamento na Europa: 2012.
Lançamento no Brasil: 2013.
Face-lift: 2016.
Itens de série: Luzes diurnas de leds, faróis e lanternas de neblina, rodas de liga-leve de 15 polegadas, grade dianteira cromada, lanternas com leds, teto solar panorâmico, painel de instrumentos em posição elevada com matriz LCD, volante de diâmetro reduzido e revestido em couro, estrutura com deformação programada, sensores de estacionamento traseiros, piloto automático, computador de bordo, alarme perimétrico e volumétrico, pneus ecológicos com baixo coeficiente de atrito, central multimídia touchscreen de 7 polegadas, rádio c/ MP3, USB, Bluetooth e comandos no volante, ar-condicionado automático digital de duas zonas, direção, vidros, travas e retrovisores elétricos, volante com regulagem de altura e profundidade, banco do motorista com regulagem de altura e porta-luvas refrigerado. 
Preço: R$ 58.780.

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias

Teoria da evolução - Peugeot 208 Allure 1.2 alia visual, itens e desempenho “top” com economia de motor de entrada

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 14 Sep 2016 12:25:00

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