4 de fev. de 2015

Corvette feito pela Scaglietti pode ser vendido por mais de R$ 2,7 milhões

Corvette feito pela Scaglietti pode ser vendido por mais de R$ 2,7 milhões



Ao pensar no nome Scaglietti, fica difícil não lembrar imediatamente de outro sobrenome, Ferrari. Mas a fabricante de carrocerias do criativo Sergio não se dedicou apenas ao estábulo de Enzo Ferrari. Antes mesmo dos esportivos com estilo europeu e mecânica americana se popularizarem nos anos 60, um grupo de norte-americanos procurou a casa de design para fazerem um esportivo clássico com essas características. Para aumentar a lenda, um deles era o texano Caroll Shelby antes mesmo de procurar a AC britânica para projetarem o Shelby Cobra de 1962. O objetivo era fazer um cupê que unisse o melhor dos dois mundos: o estilo europeu e a confiabilidade mecânica ianque. O pedido veio do empresário petroleiro Gary Laughlin, um gentleman racer que se fartou das Ferrari após receber a conta de um novo virabrequim para a sua Ferrari Monza de corrida. Por que não procurar o seu parceiro Shelby e buscarem um fornecedor europeu de carrocerias de liga-leve para uma mecânica, digamos, menos temperamental?


A cria nasceu em 1959 e poderia perfeitamente ter se passado por superesportivo italiano. Estão lá o longo capô, faróis com bolha de plástico e a grade cerrada por longos dentes. Ao olhar bem para ele, não dá para deixar de notar também as largas colunas traseiras e a queda do terceiro volume suave. Há um toque de Ferrari 250 Tour de France, que estava sendo projetada na época por Scaglietti, mas o resultado ficou melhor. Parece uma Ferrari 275, porém a berlinetta é um Chevrolet Corvette na medúla. Três chassis foram comprados diretamente da linha de montagem do Corvette em Saint Louis, um favor do chefão da GM Ed Cole, retribuido de certa forma na homenagem feita na grade dentada típica do Vette de então.

Pode chamá-la de Ferrari small block. Em vez dos milagrosos, porém geniosos motores Colombo, o Corvette se valia do arroz com feijão mais vitorioso das pistas americanas um V8. O Corvette já havia passado da sua triste primeira fase, na qual era movido por um esforçado seis cilindros em linha Stovebolt. O seu estilo relançado em 1956 tinha muito de carro europeu, além de um novo motor 5.7 que rendia mais de acordo com a alimentação. Com carburador quádruplo, chegava a saudáveis 250 cv. Já com injeção mecânica Rochester, encostava nos 285 cv, ainda que fosse uma opção cara que respondeu por apenas 1/7 dos pouco mais de 7 mil carros produzidos em 1957.


No Corvette de Scaglietti, a potência chegou a 315 cv,o que para os padrões dos hot hatches modernos pode parecer pouco, mas que diante do peso de 1.174 kg, era extraordinário. Isso se deu graças à construção em alumínio, ainda mais leve que a fibra de vidro utilizada pelo Corvette originalmente.

Tal nível de acabamento e sofisticação exigiu muito trabalho artesanal e o projeto levou mais de 18 meses para ficar completo. Somente em 1960 chegou o primeiro dos três modelos no Texas, justamente esse exemplar que está sendo vendido por cerca de R$ 2,7 milhões, ou US$ 995 mil. Os clássicos americanos mais raros já ultrapassaram essa cifra milionária faz tempo, nada mais justo do que essa verdadeira joia chegar, pelo menos, no mesmo patamar.


Apenas esse carro de 1959 foi construído totalmente na Itália, o que faz dele um sucessor de esportivos ítalo-americanos como o DeTomaso Pantera ou o Iso Griffo. Curiosamente, Enzo Ferrari não teria ficado nada feliz ao saber do negócio de Scaglietti com os corredores americanos e o projeto do Corvette foi tocado no maior segredo durante um bom tempo. Os ventos nem sempre sopraram a favor. O próprio Shelby foi avisado por Ed Cole que a General Motors não investiria mais no projeto, que foi deixado de lado com os dois demais carros ainda em estágio de construção. Acabou que Shelby nem quis guardar o exemplar dele, vendido prontamente. Mas que ele ficou com essa ideia na cabeça, ah ficou. E foi procurar a Ford. O resto é história, não?

Fonte: R7
Publicado em: 2014-12-31T13:28:00-02:00

Nenhum comentário:

Postar um comentário