12 de fev. de 2015

Teste do Volkswagen Cross Up!

Teste do Volkswagen Cross Up!

O mercado automotivo brasileiro aposta cada vez mais no nicho de compactos aventureiros. Na maioria das vezes, tratam-se de modelos urbanos e sem qualquer habilidade “off-road” – ou praticamente nenhuma. Mas a simples estética lameira ajuda a cativar o público que vive na rotina estressante das cidades, porém gosta de se imaginar em situações onde a adrenalina e a aventura imperam. Disposta a aumentar as vendas de seu modelo de entrada, a Volkswagen decidiu aderir à moda – que já é utilizada nos hatches Gol e Fox. E assim o pequeno Up ganhou sua mais nova configuração: a Cross Up, lançada no Salão do Automóvel de São Paulo.

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A versão aventureira do Up traz, na dianteira e traseira, apliques prateados nos para-choques e na parte inferior deles, com aros cromados para os faróis de neblina na frente. A lateral ganha proteção em plástico preto nas caixas de roda. E as rodas são de liga leve e com desenho exclusivo da versão. Há ainda faixas laterais também em plástico preto, que protegem as portas e trazem o emblema da versão. Destaca-se também o rack de teto exclusivo desta configuração, que leva a mesma tonalidade presente nos para-choques, assim como a carenagem dos retrovisores externos. No geral, as mudanças deram ao carro um aspecto sutilmente mais másculo.

Os poucos diferenciais em relação ao Up comum podem até ser puramente estéticos, mas renderam à versão Cross um “efeito colateral” bem prático e interessante. O Cross Up foi eleito pelo Cesvi – Centro de Experimentação e Segurança Viária – o melhor automóvel nacional em seu índice de reparabilidade, com uma nota jamais conseguida por outro modelo: 10, o máximo que se pode conquistar. O Cross Up superou as outras versões do Up, que já ostentavam média 11 - neste índice, vale quem tem menos pontos no intervalo onde 10 é a melhor opção e 60, a pior. Por dentro, as novidades da versão são extremamente sutis. O volante é revestido em material similar a couro, assim como as alavancas de câmbio e do freio de estacionamento – igual à versão de topo High. Os bancos levam um revestimento exclusivo em tecido com faixa lateral em vinil e o nome da versão gravado no encosto. E o painel possui alguns poucos detalhes também em prateado. 

O pacote do Cross Up é baseado na versão de topo, a High. De série, traz pneus de baixa resistência ao rolamento, computador de bordo com 10 funções, limpador, lavador e desembaçador traseiro; banco do motorista e coluna de direção com regulagem de altura, faróis e lanterna de neblina, bancos revestidos em tecido exclusivo com faixa em vinil, chave do tipo “canivete” com alarme e comando remoto, direção elétrica, travas, vidros dianteiros e retrovisores elétricos e sensor de estacionamento traseiro. Ar-condicionado, em compensação, é vendido como opcional.  Escondido sob o capô está o mesmo motor 1.0 tricilíndrico que equipa as outras versões do modelo. O propulsor é bicombustível e tem bloco e cabeçote feitos de alumínio, o que reduz o peso do conjunto. Com duplo comando de válvulas no cabeçote e variação na admissão, ele entrega 82 cv quando abastecido com etanol e 75 cv com gasolina no tanque. O torque máximo é de 10,4 kgfm a 3 mil rpm com etanol e de 9,7 kgfm à mesma rotação, com gasolina. Mas já a partir de 2 mil giros ficam disponíveis 85% do torque máximo. Para completar o trem de força, o Cross Up traz de série um câmbio manual de cinco marchas. E pode ser equipado, opcionalmente, com transmissão automatizada também de cinco velocidades.  O preço inicial do Cross Up é R$ 40.790. Mas, por esse valor, o modelo não entrega ar-condicionado – item quase que obrigatório para o conforto dos passageiros em um país com clima tropical – e nem sistema de som. Ao ser configurado completo, incluindo o sistema de entretenimento Maps&More, com navegador GPS, essa etiqueta sobe para R$ 46.059. Por esse preço, a aventura pode começar já na hora de pedir um orçamento na concessionária.

Ponto a ponto

Desempenho – O motor que empurra a versão Cross do Up é o mesmo três cilindros que equipa as outras configurações da linha. E sempre com desenvoltura. Nenhum elemento que pudesse promover um comportamento mais eficiente nas trilhas foi alterado. Ou seja, trata-se de um apelo exclusivamente estético – e que eleva o peso do carro em 50 kg, passando de 910 kg para 960 kg. De qualquer forma, as ultrapassagens e retomadas são feitas com eficiência, assim como as saídas de sinal. Nota 8. Estabilidade – Em uma tocada menos agressiva, até 100 km/h, o modelo se comporta bem. As quatro rodas ficam grudadas no chão e as rolagens de carroceria são praticamente nulas. Mas ao se exigir um pouco mais do carrinho, é preciso ter as mãos mais firmes no volante, principalmente nas curvas. Nota 7. Interatividade – O painel do Up é charmoso, mas demasiadamente simples. Os comandos são bem poucos e, com isso, já era de se esperar que todos estivessem localizados em áreas de fácil acesso. O visor do computador de bordo no painel é pequeno e as saídas de ventilação têm um formato diferente na região central. Ao contrário das laterais, que jogam o ar para os passageiros, as do meio se direcionam para o para-brisa e o teto da cabine. É inusitado e causa um estranhamento inicial. Nota 6.

Consumo – O Programa de Etiquetagem do InMetro registrou 9,1 km/l e 10 km/l com etanol e 13,4 km/l e 14,3 km/l com gasolina, respectivamente, nos ciclos urbano e rodoviário. Os números renderam nota “A” tanto no segmento quanto no geral. Seu índice de consumo energético ficou em 1,56 MJ/km. Nota 10. Conforto – Com 1,50 metro de altura, o Up garante certa folga aos ocupantes com estatura avantajada – inclusive na traseira, em comparação com outros modelos compactos. Mas a suspensão firme castiga um pouco os passageiros por não absorver tão bem os impactos causados pelos desníveis das ruas brasileiras. O motorista também sente uma vibração incômoda do motor em baixas rotações e, principalmente, com o carro parado. Bancos dianteiros são pouco confortáveis e cansam em trajetos longos e os vidros, na parte de trás, não são elétricos nem como opcionais. Nota 6.

Tecnologia – A plataforma é a PQ12 – ou NFS, de New Small Family. É uma das mais recentes da Volkswagen, com boa rigidez torcional e excelente programação de áreas de deformação. Tanto que o modelo ganhou nota máxima em testes de impacto. O motor três cilindros de 1.0 litro também é moderno, eficiente e bem econômico. Nota 8. Habitabilidade – Há bons espaços para guardar as coisas que precisam ficar mais próximas das mãos do condutor e do carona. O porta-malas leva bons 285 litros e o eficiente ângulo de abertura das quatro portas facilita o acesso a todos os lugares. Nota 7. Acabamento – O Cross Up é um tanto dúbio nesse quesito. Há plásticos por toda a parte e o habitáculo é extremamente simples. Porém, não deixa a impressão de estar faltando nada, de ter espaços vazios. Os bancos têm revestimento exclusivo de tecido com laterais de vinil e a alavanca do câmbio traz o nome da versão na parte superior, junto do mapa das marchas. De maneira geral, os materiais são de qualidade aparentemente boa, com encaixes bem feitos. Nota 6.
Design – O Up já é um carro com certa personalidade, principalmente graças à ausência de grade dianteira. Mas sua versão Cross se diferencia pelos detalhes prateados nos para-choques, retrovisores e rack de teto, apliques de plástico preto nas caixas de roda e soleiras e rodas esportivas. É uma tentativa de visual aventureiro, que efetivamente deu ao carro um aspecto um pouco mais robusto. Mas não chega a impressionar. Nota 7. Custo/benefício – A Volkswagen cobra caro pelo Cross Up. Inicialmente, custa R$ 40.790, mas não traz de série o ar-condicionado e nem sistema de som. Completo, inclusive com sistema de entretenimento com navegador GPS, vai a R$ 46.059. Um Fiat Uno Way 1.0 – que tem a mesma proposta aventureira – equipado à altura, mas sem GPS, custa R$ 42.262. Nota 4. Total – O Volkswagen Cross Up somou 69 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

O visual do Volkswagen Cross Up insinua alguma vocação lameira. Mas, na verdade, exceto pela presença ostensiva de plástico preto na carroceria, detalhes prateados e uma roda especial para a versão, nada nele explicita qualquer capacidade para ser usado fora da estrada. A versão não passa de um Up que recebeu uma leve “maquiagem”. Não há diferenças na altura ou nos pneus e nem na suspensão. Puro marketing para tentar atrair o público que desde sempre foi foco principal do modelo: os jovens.  Por dentro, poucas coisas mudam. Bancos diferentes e inscrição da versão na alavanca do câmbio resumem as novidades. O que nem é tão ruim, já que a ergonomia do Up agrada e seus comandos são bem intuitivos e fáceis de usar. Exceto pelo opcional sistema de navegação, que confunde bastante os usuários nas primeiras vezes de uso para procurar um endereço.
A verdade é que o principal trunfo do carro é o mesmo de todas as suas outras versões: o motor 1.0 de três cilindros. Seu desempenho é bem acima da média dos concorrentes no segmento de carros de entrada. Faz até parecer que erraram os números da ficha técnica. Dificilmente decepciona quem está ao volante, facilitando ultrapassagens, retomadas e até subidas de ladeiras. O câmbio manual de cinco marchas tem engates precisos e trabalha em bastante sintonia com o propulsor.  No trânsito urbano, o compacto se comporta muito bem, mostrando uma agilidade que impressiona. Em velocidades elevadas, acima de 100 km/h, por exemplo, convém ter mais firmeza ao segurar o volante, já que a direção é bastante leve e demanda algumas poucas correções. Mas, de uma maneira geral, a sensação de segurança é constante.  A suspensão é a típica da Volkswagen, firme e eficiente. Mas com uma absorção de impactos que deixa um pouco a desejar. Encarar a buraqueira das ruas brasileiras com ele resulta em certo desconforto. Outro detalhe que prejudica o conforto é a disposição das saídas centrais do ar-condicionado, direcionadas para o teto. E os passageiros de trás podem sentir falta de contar com vidros elétricos, já que o modelo só oferece esse conforto aos ocupantes dianteiros.

Ficha técnica

Volkswagen Cross Up!


Motor: Etanol e gasolina, dianteiro, transversal, 999 cm³, três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando simples no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão. Injeção multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima: 82 e 75 cv a 6.250 rpm com etanol e gasolina.
Torque máximo: 10,4 e 9,7 kgfm a 3 mil rpm com etanol e gasolina.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 13 e 13,2 segundos com etanol e gasolina.
Velocidade máxima: 161 e 160 km/h com etanol e gasolina.
Diâmetro e curso: 74,5 mm X 76,4 mm.
Taxa de compressão: 11,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços triangulares transversais, molas helicoidais, amortecedores telescópicos hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira por eixo de torção, com braços longitudinais, molas helicoidais e amortecedores telescópicos hidráulicos. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 185/60 R15.
Freios: Discos ventilados na frente e discos à tambor atrás. Oferece ABS com EBD de série.
Carroceria: Hatch compacto em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 3,60 metros de comprimento, 1,64 m de largura, 1,50 m de altura e 2,42 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série.
Peso: 960 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 285 litros.
Tanque de combustível: 50 litros.
Produção: Taubaté, Brasil.
Lançamento mundial: 2011.
Lançamento no Brasil: 2014.
Itens de série: Pneus de baixa resistência ao rolamento, computador de bordo com 10 funções, limpador, lavador e desembaçador traseiro; banco do motorista e coluna de direção com regulagem de altura, faróis e lanterna de neblina, bancos revestidos em tecido exclusivo com faixa em vinil, chave do tipo “canivete” com alarme e comando remoto, direção elétrica, travas, vidros dianteiros e retrovisores elétricos e sensor de estacionamento traseiro. 
Opcionais: Ar-condicionado, rádio com CD/MP3/Aux/Bluetooth, sistema de entretenimento com tela sensível ao toque.
Preço: R$ 40.790.
Preço da versão testada: R$ 46.059.
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias

Pequenos fetiches - Volkswagen Cross Up usa sutis detalhes estéticos para sensibilizar quem simpatiza com o estilo aventureiro

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 11 Feb 2015 08:20:00

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