7 de mai. de 2015

Papo de roda - Crônica de uma facada não anunciada

Papo de roda - Crônica de uma facada não anunciada




A presidente articulou mais um aumento do custo da gasolina, desta vez não percebido pelo motorista pois veio no vácuo do novo percentual de etanol O motorista foi surpreendido, depois das eleições de 2014, por dois aumentos no preço da gasolina: o primeiro anunciado pela própria Petrobrás e o segundo pelo retorno dos impostos (CIDE). Na semana passada, veio outro aumento, este no vácuo do novo percentual de 27% do etanol misturado à gasolina que aumenta o consumo de combustível e de quebra, a emissão de gases poluentes. Parece bobeira, mas sabia que você vai passar a gastar, pelo menos, R$ 100 a mais por ano só por causa desses 2% de aumento no etanol? Promessa- No ano passado, em plena campanha eleitoral, Da. Dilma prometeu aos usineiros aumentar o percentual de etanol na gasolina, de 25 para 27%, que representaria um acréscimo na demanda anual do álcool anidro em um bilhão de litros. A ideia era aumentar seu faturamento (e rentabilidade) para compensar os prejuízos causados pelos preços do álcool, atrelados aos da gasolina e congelados para conter a inflação. Várias usinas quebraram, outras estão em estado pré-falimentar. Bom para os usineiros, bom também para a Petrobrás: mais etanol, menos gasolina importada. Reduz também seus custos de produção, pois o aumento do álcool na mistura permite reduzir a qualidade (octanagem) da gasolina. O motorista não percebeu a “facada” pois o preço na bomba não mudou, apenas se reduziu o conteúdo de energia em cada litro do combustível: o derivado de cana tem valor energético 30% menor que o do petróleo. Lei – Havia, entretanto, um complicador técnico: nossa gasolina já continha 25% de etanol embora os automóveis tenham sido testados para um percentual máximo de 22%. A Anfavea, associação das fábricas de automóveis, objetou contra mais este acréscimo alegando possíveis danos aos automóveis. Da. Dilma, mais preocupada com seus votos que com o bolso do motorista,  enviou ao Congresso Nacional uma lei oficializando o percentual de 27%, aprovada com uma ressalva: comprovar sua viabilidade técnica. E se iniciaram, em outubro de 2014, dois tipos de testes: a Petrobrás realizaria os de dirigibilidade, para verificar eventuais problemas de funcionamento do motor. Concluídos antes do final do ano, sem registro de anormalidades.  A Anfavea se encarregou da durabilidade, para se certificar de que não ocorreriam problemas de oxidação (ferrugem) no automóvel. Várias fábricas puseram seus carros para rodar com o novo combustível, mas durante apenas seis meses (outubro de 2014 a março de 2015), prazo considerado insuficiente por muitos engenheiros do setor, coerente apenas com a urgência manifestada pelos interessados na medida. Pressionada pelos usineiros superestocados, Da. Dilma atropelou critérios técnicos e autorizou misturar os 27% antes mesmo do final dos testes das fábricas. Danos - Na semana passada, a Anfavea encerrou seu programa de avaliação sem registro de oxidação nos automóveis. Mas verificou um aumento no consumo de combustível de até 2%. E, ao contrário do que afirmam os usineiros, um acréscimo no nível de emissões de gases poluentes. Desde a semana passada, portanto, motoristas que abastecem com gasolina não foram informados, mas vão desembolsar mais pelo combustível. Supondo uma média de 15 mil km rodados por ano e com um consumo médio de 10km/litro, cada carro é abastecido anualmente com 1500 litros. Com o litro a R$ 3,30, a despesa por ano é de R$ 5.000. Um acréscimo de 2% no consumo aumenta em cerca de R$ 100 a conta do combustível. Quanto às emissões, é difícil estimar os danos ao pulmão provocados pelo aumento dos gases do escapamento.

Fonte: R7
Publicado em: 2015-03-28T11:33:00-03:00

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