12 de out. de 2016

Teste do Chevrolet Onix Joy

Teste do Chevrolet Onix Joy

A Chevrolet não quer perder o status que conquistou quando alçou o Onix ao posto de líder nacional de emplacamentos. Mas, com a saída do Celta do mercado, o compacto passou também a ser o modelo mais barato da marca. Por isso, quanto repaginou seu modelo, há cerca de dois meses, tratou de proteger a imagem de modernidade de seu produto ao seguir um velho costume: manter uma configuração mais barata com o visual antigo, equipada com o mínimo que se espera de um carro de passeio. Estava criada a versão Joy do Onix – e também do sedã Prisma.

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O Onix Joy custa a partir de R$ 38.990 e as expectativas da Chevrolet em relação ao modelo são altas. A ideia é que a versão responda por pelo menos 20% das vendas do hatch. Isso representaria, pela média atual de emplacamentos, algo próximo das 2.300 unidades mensais. Mesmo com o visual antigo, o propulsor 1.0 adotado no Onix Joy foi atualizado e é o mesmo presente na versão LT reestilizada. Ele já recebe as alterações que reduziram o peso, incluíram sexta marcha no câmbio manual e outras mudanças direcionadas à melhoria da eficiência energética.

As especificações técnicas principais, no entanto, seguem as mesmas: são 80 cv e 9,8 kgfm com etanol no tanque e 78 cv e 9,5 kgfm com gasolina. A marca promete, em média, 14% de redução no consumo do modelo. Isso graças à adoção de um novo conjunto de bielas e pistões, anéis de segmento de baixo atrito, óleo de baixa viscosidade, pneus verdes e freios de baixo atrito, entre outras “mexidas”. A suspensão também mudou: foi recalibrada e deixou o Onix 10 mm mais baixo em relação à versão de entrada anterior.

A lista de itens de série é básica, mas não tão curta. Há ar-condicionado, direção elétrica progressiva, sistema OnStar com funções acessadas a partir de um aplicativo para smartphone, vidros dianteiros elétricos, painel com velocímetro digital, alerta de mudança de marcha e de baixa pressão dos pneus, faróis com máscara negra, sistema antifurto, rodas aro 14 com calotas e os obrigatórios freios ABS com EBD e airbag duplo. E não há opcionais: tudo a mais que se quiser inserir entra como acessório, o que serve para garantir uma margem maior de lucros às concessionárias em tempos de crise. Um kit com preparação para som, alto-falantes, sistema multimídia com sinal de TV digital, travas elétricas e adesivo na coluna, por exemplo, custa R$ 4.190. 

Ponto a ponto

Desempenho – Em vez de adotar um motor de três cilindros, a Chevrolet reengenheirou o antigo quatro cilindros. E não tem problemas para movimentar o hatch. As acelerações são feitas de maneira honesta e retomadas e ultrapassagens – como em quase todos os concorrentes de entrada das fabricantes – demandam algumas reduções de marcha. O torque máximo, de 9,8 kgfm com etanol, só aparece em longínquas 5.200 rpm, mas boa parte dele já surge bem antes disso. Nota 7. Estabilidade – O Onix sempre foi um carro bem equilibrado dinamicamente. As curvas, mesmo em velocidades um pouco mais altas, são realizadas com precisão e segurança. As rolagens de carroceria até aparecem, mas o modelo tem boa rigidez torcional e mantém a aderência ao piso com facilidade. Nota 8. Interatividade – A Joy é uma versão de entrada e, como tal, não há muito o que esperar. Os comandos são bem localizados, embora a mudança dos botões dos vidros elétricos para o console central não tenha sido das melhores. A posição de condução mais elevada garante boa visibilidade à frente e o painel de instrumentos, além de digital, tem caracteres em tamanho facilmente visível na estrada. Mas faz falta um computador de bordo. Já a central multimídia, opcional presente na unidade testada, aparenta ser genérica demais e não inspira confiança. Nota 7.

Consumo – O InMetro aferiu médias de 8,9/10,6 km/l na cidade/estrada, abastecido com etanol e 12,9/15,3 km/l nas mesmas condições, mas com gasolina no tanque. O resultado rendeu nota A tanto no geral quanto na categoria. Nota 9. Conforto – Para um compacto de entrada, até que o Onix é um hatch espaçoso. Para isso, contribui o bom entre-eixos de 2,53 metros. Dá para dois adultos se acomodarem sem grandes problemas atrás sem que os ocupantes da frente precisem se apertar. A suspensão faz bem seu papel e absorve a buraqueira com certa eficiência. Nota 8. Tecnologia – O propulsor 1.0 teve o peso reduzido e o processador que gerencia o carro está, de acordo com a marca, 40% mais rápido. A transmissão também foi atualizada, ganhou uma marcha a mais, a sexta. Um novo conjunto de peças internas com baixo atrito garantem a redução, em média, de 14% no consumo de combustível do Onix. A linha Joy traz ainda, de fábrica, pneus verdes e freios de baixo atrito. Não é um poço de modernismo, mas os avanços tornaram o conjunto mais eficiente. Nota 8.

Habitabilidade – A quantidade de porta-trecos no interior do Onix é generosa. Existem diversos lugares para guardar todo tipo de quinquilharia. O porta-malas, de 289 litros, fica na média do segmento. Nota 8. Acabamento – Nada além do básico. O desenho é até bonito, mas há plástico rígido por todo interior. Por outro lado, essa é uma realidade do segmento de veículos de entrada e quem opta por esses modelos já espera por isso. A qualidade dos materiais, no entanto, parece boa. Nota 7. Design – Um ponto negativo do Onix Joy é manter o mesmo desenho inicial do modelo. Por outro lado, foi com esse visual que se tornou o carro mais vendido do país, já há dois anos. O design só ficou envelhecido pela chegada do face-lift. Nota 7.
Custo/benefício – No cenário nacional atual, exceto pelo Renault Clio, que está com os dias contados, nenhum outro modelo tem um custo/benefício tão atraente quanto o do Onix. A Fiat concorre apenas com o Mobi, que é um subcompacto. A Nissan até oferece o March pelo mesmo preço, mas é menos equipado. A versão Joy do modelo da Chevrolet se sai bem nesse ponto. Nota 8. Total – O Chevrolet Onix Joy somou 77 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Para um modelo de entrada, um dos principais pontos negativos do Onix Joy talvez seja justamente o que mais foge à racionalidade de sua escolha: o visual. Não chega a ser tão estimulante estar à frente de um modelo 2017 com a cara que tinha em 2012. De qualquer forma, por dentro, algumas mudanças são perceptíveis. Como os puxadores de porta iguais aos presentes nas versões reestilizadas e os comandos de vidros elétricos, que saíram das laterais e foram parar no console central – o que simplifica e barateia a montagem.
O motorista pode sentir falta do computador de bordo, que também ficou de fora. E certamente da trava elétrica, que na versão só fica disponível como acessório, nas concessionárias. O kit que a Chevrolet tenta vender para aumentar o lucro de seus revendedores, com preparação para som, alto-falantes, sistema multimídia, travas elétricas e adesivo na coluna, sai caro: são R$ 4.190. E, na verdade, nem parece valer tanto a pena. A central tem tela touch, mas é bem simples e com layout um tanto ultrapassado. Promete sinal de TV digital, mas ele raramente foi encontrado durante a avaliação.
O motor 1.0 passou por uma série de mudanças que, sem dúvidas, deixaram-no extremamente econômico. Mas a verdade é que, em movimento, é difícil perceber outras diferenças. Até porque falta de fôlego nunca chegou a ser um dos problemas do trem de força de entrada do hatch. Porém, deve-se destacar um avanço: a adoção da sexta marcha. Além de reduzir o barulho na cabine em alta velocidade, ela baixa os giros do motor para diminuir o consumo. A suspensão recalibrada e 10 mm mais baixa contribui para o equilíbrio nas curvas. Se bem que, com seus 80 cv máximos e 9,8 kgfm de torque, com etanol no tanque, não se pode esperar grande esportividade do Onix Joy. 

Ficha técnica

Chevrolet Onix Joy

Motor: Flex, dianteiro, transversal, 999 cm³, quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Injeção multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Potência máxima: 80 e 78 cv a 6.400 rpm com etanol e gasolina.
Torque máximo: 9,8 e 9,5 kgfm a 5.200 rpm com etanol e gasolina.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 13,4 segundos. 
Velocidade máxima: 167 km/h.
Diâmetro e curso: 71,1 mm x 62,9 mm.
Taxa de compressão: 12,6:1.
Pneus: 185/70 R14.
Transmissão: Câmbio manual com seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson sem barra estabilizadora. Traseira semi-independente com eixo de torção.
Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás. ABS de série com EBD.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,93 metros de comprimento, 1,71 m de largura, 1,48 m de altura e 2,53 m de distância entre-eixos. Oferece airbag duplo de série.  
Capacidade do porta-malas: 289 litros.
Tanque de combustível: 54 litros.
Produção: São José dos Campos, São Paulo.
Itens de série: Aviso sonoro para cinto de segurança do motorista, brake light, cintos de segurança dianteiros com ajuste de altura, monitoramento de pressão de pneus, rodas de aço aro 14" com calotas integrais, ar-condicionado, desembaçador elétrico temporizado do vidro traseiro, direção elétrica progressiva, indicador de troca de marchas, painel de instrumentos com conta-giros, velocímetro com display digital, hodômetro parcial e marcador de nível de óleo, tomada de força 12V e vidro elétrico nas portas dianteiras. 
Preço: R$ 38.990.

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/CZN

Lógica afiada - Versão Joy melhora relação custo/benefício do Chevrolet Onix no segmento de entrada nacional

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 12 Oct 2016 15:52:00

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