17 de dez. de 2015

Teste do Honda Fit EXL

Teste do Honda Fit EXL

O mercado automotivo se divide naturalmente em segmentos, mas o Honda Fit parece se posicionar em uma classe à parte dentro dele. O modelo tem carroceria de monovolume, disputa espaço entre os hatches compactos e tem um interior projetado com tamanha funcionalidade que é capaz de atender às necessidades de diferentes públicos. Desde o jovem que precisa levar a prancha de surfe à praia até as famílias que buscam alternativa para para um sedã ou utilitário esportivo compacto em busca de um porta-malas mais eficiente para as viagens ou compras do mês. Outra particularidade chama atenção no Fit: graças ao prestígio da marca japonesa no Brasil – compartilhado por aqui apenas com a rival Toyota –, seus carros atuam em faixas de preços superiores aos da concorrência. Mas sem que isso signifique necessariamente perda de vendas, mesmo em meio ao cenário de crise. Tanto que a configuração EXL, a mais cara, que custa R$ 70.900, é responsável por 24% de seu total de emplacamentos. E isso não é pouco: das 3.546 unidades mensais registradas entre janeiro e novembro de 2015, ela responde por 851.  Veja também:
  • Impressões do novo Honda Fit
  • Teste do Honda Fit EX
A EXL é a versão que mais aproxima o Fit dos hatches compactos mais sofisticados das marcas generalistas e dos SUVs menores de entrada. Não há luxos, mas tudo parece pensado para atrair quem busca um pouco além do essencial para garantir o conforto e a habitabilidade a bordo. A central multimídia tem tela LCD de cinco polegadas com CD, rádio, USB, Bluetooth e câmara de ré, além de comandos no volante. Há controle de cruzeiro, trio elétrico, direção elétrica, ar-condicionado e revestimentos dos bancos e volante e couro. Além disso, airbags laterais se juntam aos frontais obrigatórios.

O motor, no entanto, é sempre o mesmo, em todas as configurações. Trata-se do 1.5 litro que já existia na geração passada, mas com coletor em plástico de alta resistência e comando de válvulas redesenhado para diminuir índice de atrito e peso e, desta forma, beneficiar o torque em baixas rotações. A potência é de 115/116 cv a 6 mil giros com gasolina e etanol, respectivamente, enquanto o torque é de 15,2/15,3 kgfm, sempre a 4.800 giros, com os mesmos combustíveis. A transmissão é CVT, uma grande aliada na redução de emissões e melhora da eficiência energética.  Quando foi lançada no Brasil, em maio do ano passado, a terceira geração estava projetada para chegar às 5 mil vendas mensais. E, assim, se tornar o principal produto da Honda no país. Talvez até tivesse conseguido, não fossem dois fatores muito importantes: além da queda acentuada do mercado automotivo, o sucesso do SUV HR-V fez com que a fabricante reorganizasse sua produção local, para dar mais espaço ao utilitário e fazer dele o mais vendido do segmento no ano. O fato é que o Fit não vende o esperado inicialmente, mas não encalha nos estoques.

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 1.5 de 116 cv não impressiona, mas também não faz feio. A transmissão CVT deixa o hatch com uma tocada mais pacata, mas ao pisar fundo no acelerador e trabalhar em giros altos, é possível extrair saídas e retomadas um pouco mais vigorosas. O torque máximo de 15,3 kgfm só aparece em 4.800 rpm. Mas a proposta não é mesmo ser um modelo esportivo. Nota 7. Estabilidade – O Fit é um Honda, ou seja, trata-se de um carro que gosta de curvas. O conjunto suspensivo mostra enorme equilíbrio entre a rigidez necessária para enfrentar os caminhos mais sinuosos e a maciez suficiente para aliviar os passageiros das irregularidades dos pisos brasileiros. A sensação de segurança é constante. Nota 8.

Interatividade – O compacto da Honda é um carro extremamente funcional. Todos os comandos mais importantes são bem localizados e com leituras bem intuitivas. A direção tem peso correto, é precisa e ajuda tanto na condução quanto nas manobras. O painel de instrumentos tem visualização clara. É um carro simples, mas muito prático. Nota 9. Consumo – O Programa de Etiquetagem do InMetro aferiu uma unidade do novo Honda Fit EXL. Com etanol, o hatch registrou 8,3 km/l na cidade e 9,9 km/ na estrada. Abastecido com gasolina, as médias foram 12,3 km/l em trajeto urbano e 14,1 km/l na estrada. Esses números garantiram “A” tanto no segmento quanto na classificação geral, com índice de eficiência energética de 1,66 MJ/km. Nota 9.

Conforto – Em sua nova geração o Fit ganhou em dimensões – apesar do espaço nunca ter sido um problema. Por ser “altinho”, é ainda mais fácil se acomodar em seu interior, inclusive na traseira. Os bancos recebem bem os ocupantes e o isolamento acústico agrada em baixas e médias rotações. Aliás, às vezes, o carro parece até estar desligado quando está em movimento. Nota 9. Tecnologia – A plataforma da terceira geração do Fit é nova, compartilhada com o sedã compacto City e o utilitário compacto HR-V. O interior também foi repensado e o monovolume ganhou comodidades como central multimídia com Bluetooth e câmara de ré – mas não há GPS. A nova transmissão CVT assegura economia de até 17% de combustível em relação ao câmbio automático anterior. O freio traseiro, que antes era a disco, regrediu e agora é com tambores. E não existe controle de tração ou estabilidade. Nota 7.

Habitabilidade – Esse é um dos pontos altos do Fit. As portas abrem em um ângulo ótimo e os porta-objetos são bem posicionados e capazes de guardar tudo que é preciso estar mais à mão. O sistema de configuração dos bancos em várias posições permite aproveitar o espaço interno de maneira suficiente para, por exemplo, transportar uma bicicleta ou uma prancha de surfe ou, se necessário, até transportar um móvel, por exemplo – o teto alto ajuda bastante nisso. Nota 9. Acabamento – Os encaixes são precisos e os materiais aparentam resistência, mas não há qualquer charme ou requinte: é um verdadeiro excesso de plásticos rígidos. O revestimentos dos bancos na versão EXL é em couro, o que melhora um pouco essa situação. Mas, de maneira geral, o habitáculo não condiz com o de um carro com preço acima dos R$ 70 mil. Nota 6.
Design – O visual é bem contemporâneo e até um tanto agressivo, graças aos para-choques com largas tomadas de ar. A nova identidade visual da Honda foge do conservadorismo nipônico que normalmente se vê nas linhas e formas dos carros japoneses. As lanternas traseiras com extensores que invadem a tampa do porta-malas não chegam a impressionar tanto, mas se equilibram com a proposta jovial. Nota 8. Custo/benefício – Um Honda Fit EXL custa R$ 70.900. A Hyundai cobra R$ 63.535 pelo HB20 Premium com transmissão automática de seis marchas e equipado à altura do Fit EXL. Um Peugeot 208 1.6 Griffe automático é mais bem equipado – tem GPS e seis airbags, ar de duas zonas e até teto solar – e é vendido por R$ 62.990. Por R$ 66.490, a Ford entrega o Fiesta mais caro, que conta com acesso ao veículo e partida do motor sem chave, sete airbags e controle de tração e estabilidade. O Fit é caro em sua configuração de topo e, a não ser pela credibilidade que a Honda carrega e que diminui sua desvalorização, sua decisão de compra não é nem um pouco racional. Nota 6. Total – O Honda Fit EXL somou 78 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

O Honda Fit sempre foi visto como um carro “de mulher”. Fosse por seu visual um pouco mais delicado ou pela funcionalidade de sua configuração de bancos aliada ao teto alto – um “prato cheio” para transportar compras de casa e crianças, por exemplo. Mas o hatch ganhou linhas fortes e agressivas, capazes de atrair a atenção de pessoas de diferentes gêneros, faixas etárias, estado civil, etc.  O espaço interno e a maneira inteligente como ele foi planejado são pontos muito fortes do Fit. É possível criar na traseira uma área completamente plana e transportar objetos com até 1,30 metro na vertical. A forma de monovolume garante também uma facilidade incrível nas manobras, já que a frente é curta e a traseira, reta. Estacionar o modelo é bem menos complicado do que outros hatches concorrentes. Mas a central multimídia, no entanto, causa certo estranhamento. A tela de cinco polegadas não chega a ser pequena, mas o painel comportaria uma maior – muitos concorrentes têm de sete polegadas, por exemplo. E o fato de não ser sensível ao toque destoa do visual moderno adotado no compacto. A ausência de um GPS também decepciona, visto que modelos que custam bem menos já contam com este tipo de recurso.
O visual carrega linhas fortes que lembram um pouco as de modelos que expressam esportividade. Embora essa não seja exatamente uma de suas características. Na verdade, o Fit é um carro pacato. O propulsor 1.5 litro de 116 cv é suficiente para movimentá-lo, mas não sobra força em nenhum momento. Qualquer situação que exija uma resposta mais imediata e ágil do modelo, como uma ultrapassagem na estrada, por exemplo, só será feita “no grito” com o motor. Isso significa pisar fundo no acelerador e subir os giros até quase a faixa das 5 mil rpm. Parte desse comportamento mais calmo é fruto da adoção da transmissão continuamente variável, a CVT. Por outro lado, se ela não chega a favorecer o desempenho do hatch compacto da Honda, entrega uma economia de fazer inveja a muitos modelos. Em comparação ao antigo câmbio automático, são 17% a menos no gasto de combustível. Em tempos de crise econômica e de preço de um litro de gasolina por volta dos R$ 4 reais, essa é uma vantagem e tanto.

Ficha técnica

Honda Fit EXL

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.497 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando simples no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio continuamente variável, CVT – com três modos de condução: normal, sport e low. Tração dianteira.
Potência máxima: 115 e 116 cv a 6 mil rpm com gasolina e etanol.
Torque máximo: 15,2 e 15,3 kgfm a 4.800 rpm com gasolina e etanol.
Diâmetro e curso: 73,0 mm X 89,4 mm.
Taxa de compressão: 11,4:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson. Traseira por eixo de torção.
Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás. Oferece ABS com EBD. 
Pneus: 185/55 R16.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,99 metros de comprimento, 1,69 metro de largura, 1,53 metro de altura e 2,53 metros de entre-eixos. Oferece airbags frontais e laterais.
Peso: 1.099 kg.
Capacidade do porta-malas: 363 litros.
Tanque de combustível: 45,7 litros.
Produção: Sumaré, São Paulo.
Itens de série: alarme, travas elétricas, cintos de segurança de três pontos para todos os ocupantes, Isofix, airbags frontais e laterais, vidros elétricos, controle de cruzeiro, computador de bordo, ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, bancos traseiros reclináveis e bipartidos 60/40, retrovisores elétricos com indicadores de setas, quatro alto-falantes, faróis de neblina, câmara de ré com três ângulos de visualização, volante multifuncional revestido em couro, bancos revestidos em couro, sistema de áudio com FM/AM/MP3/CD com tela de LCD de 5 polegadas e Bluetooth, chave tipo canivete e entrada USB.
Preço: R$ 70.900.
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias

O preço da fama - Honda Fit EXL tem tamanho de hatch e funcionalidade de monovolume compacto, mas custo caro

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 16 Dec 2015 13:40:00

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