9 de dez. de 2015

Teste do Jeep Renegade Longitude 4x4

Teste do Jeep Renegade Longitude 4x4

O mercado de SUVs é um mundo à parte no segmento automotivo nacional. Enquanto as vendas de automóveis e comerciais leves no Brasil, entre janeiro e novembro, caíram 24,2% em comparação com 2014, os utilitários esportivos cresceram 4% com a “enxurrada” de lançamentos ao longo deste ano. É nesse contexto que se destaca o Jeep Renegade. Ele liderou o segmento nos últimos dois meses e já é segundo SUV mais comercializado do ano. Fica atrás apenas do Honda HR-V, que estreou dois meses antes. O Jeep pernambucano – ele é fabricado na cidade de Goiana – tem dois diferenciais fortes na comparação com o rival: além de versões embaladas pelo motor 2.0 diesel, é de fato um aventureiro nato, com tração integral. E a versão Longitude é a intermediária, para quem busca essas duas características.

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Pode parecer estranho um SUV compacto com tração integral e motor diesel ganhar importância no line up de uma marca. Afinal, a procura principal no segmento é por veículos com aptidões familiares. Mas a verdade é que o Renegade “popularizou” o “sonho de consumo” de muitos compradores que, antes, precisavam pagar mais caro se quisessem um 4X4 da Jeep: o mais barato atualmente é o Cherokee Longitude, com propulsor 3.2 V6 de 271 cv, a R$ 174.900. Tanto que atualmente as vendas do Renegade com tração integral e motor diesel respondem por 25% do total – e em novembro, por exemplo, foram mais de 6 mil emplacamentos do modelo. Um número que faz valer a meta inicial da Jeep por aqui: tornar-se a nova referência do segmento de SUVs urbanos, mas com a inequívoca identificação da fabricante com o “off-road”. Para manter essa assinatura, todas as configurações com tração integral trazem o já conhecido Select Terrain, sistema que disponibiliza os modos de operação Auto – automático –, Snow – neve – e Sand/Mud –  areia/lama. Só a “top” Trailhawk vai mais longe, com a opção Rock – pedra. Os ajustes permitem mudar as configurações do modelo de acordo com as condições do terreno. A suspensão é sempre independente nas quatro rodas, todas com freios a disco.

O motor é o 2.0 Multijet II turbodiesel com turbina VGT, de geometria variável, capaz de render 170 cv e 35,7 kgfm – disponibilizados a partir de 1.750 rpm. Junto com o propulsor, trabalha a caixa de transmissão automática ZF de nove velocidades, que disponibiliza trocas manuais na alavanca de câmbio ou através de aletas atrás do volante. Com essas especificações, o Renegade consegue sair da inércia e chegar aos 100 km/h em apenas 9,9 segundos e atingir a velocidade máxima de 190 km/h. A lista de itens de série é farta para o segmento, mas coerente com os iniciais R$ 114.900 cobrados pelo Renegade Longitude. Ar-condicionado dual zone, direção elétrica, controle eletrônico de estabilidade, tração e anticapotamento, controle de cruzeiro, rodas de liga leve de 17 polegadas e central multimídia com tela de 5 polegadas e GPS já entram no pacote de série. Além de um moderno sistema que estaciona o Renegade praticamente sozinho. Mas é possível “encorpar” essa lista com opcionais como os airbags laterais, de cortina e de joelho para condutor, rodas de 18 polegadas, bancos parcialmente em couro, sensores crepuscular e de chuva, chave presencial e teto solar, entre outros. As opções são tantas que dá para chegar a um valor final de R$ 145.320 na configuração. Como o Renegade tem preço a partir de R$ 68.900, dá para perceber que a estratégia da marca é abocanhar clientes com diferentes potenciais de compra. E, pelo visto, está funcionando.

Ponto a ponto

Desempenho – O trem de força movido com diesel e equipado com tração integral é 200 kg mais pesado que o flex, que também pode equipar a versão Longitude do Renegade. Mas se mostra bem melhor dinamicamente, com seus 170 cv e robustos 35,7 kgfm de torque. Mesmo com 1.636 kg, ele faz o SUV compacto partir do zero e chegar aos 100 km/h em 9,9 segundos. Há força suficiente para boas saídas, retomadas e ultrapassagens e o câmbio automático de nove velocidades realiza as trocas de maneira suave, sem “soluços” e no tempo correto. Nota 9. Estabilidade – O Renegade Longitude diesel se mostra bem firme, mesmo com seu 1,72 metro de altura. As rolagens de carroceria aparecem, mas são facilmente controladas. A suspensão ameniza os movimentos da carroceria nos trechos esburacados e a direção tem “peso” correto, tornando a comunicação com as rodas extremamente precisa. Nota 8.

Interatividade – À primeira vista, os muitos botões e comandos no volante e painel do Renegade Longitude podem confundir o motorista, mas bastam poucos minutos para se adaptar a eles. Os sensores dianteiros e traseiros, junto com a câmara de ré, simplificam bastante a tarefa de manobrar. Mas se tornam irritantes por não pararem de emitir sons, mesmo em tráfego urbano e a uma distância considerável dos obstáculos. Difícil resistir à vontade de desligá-los. Nota 8Consumo – Motores alimentados por diesel não participam do programa de etiquetagem veicular do InMetro. Durante a avaliação, o computador de bordo registrou média de 12,6 km/litro em ciclo misto. Nada mau para seu desempenho e 1,6 tonelada. Nota 8.

Conforto – O isolamento acústico impressiona, ainda mais por se tratar de um motor diesel. Atrás, três ocupantes conseguem viajar, mas o ideal é que apenas dois estejam no assento traseiro. A suspensão absorve as pancadas provocadas pelos desníveis do asfalto com eficiência e todos os revestimentos interiores são agradáveis. É um habitáculo bastante aconchegante. Nota 8. Tecnologia – A linha Renegade oferece uma boa lista de tecnologias e muitas já disponíveis para a versão intermediária. É possível equipá-la com airbags laterais, de cortina e de joelhos para motorista, ajustes elétricos para o banco do motorista, chave presencial e sensores de chuva e de ponto cego, por exemplo. Há aletas para trocas de marchas no volante, park assist – que estaciona o carro praticamente sem a intervenção do condutor –, ar-condicionado automático dual-zone, câmara de estacionamento traseira, sensor de estacionamento traseiro e sistema de entretenimento com USB, Bluetooth, GPS, comandos de voz e tela touch de 5 polegadas de fábrica. Nota 8.
Habitabilidade – É muito fácil encontrar a posição ideal para dirigir, ainda mais quando se contam com os ajustes elétricos opcionais do banco do motorista. O aproveitamento dos espaços é bem inteligente, com porta-trecos generosos. O único “porém” é o porta-malas, que leva restritos 260 litros, bem pouco para o segmento em que atua. Nota 7. Acabamento – É um dos pontos altos do modelo. O interior é revestido em boa parte com materiais emborrachados e agradáveis ao toque. O volante é muito similar ao da Cherokee e os diversos detalhes estilísticos dão refinamento ao modelo. Nota 9.
Design – O Renegade é um projeto global e ganhou características estéticas bastante joviais e modernas, apesar das formas mais quadradas e retangulares. As lanternas traseiras, com luzes que formam um X, são charmosas, assim como os faróis redondos, que ajudam a compor uma imagem mais robusta à dianteira. Nota 9. Custo/benefício – O Renegade Longitude começa em R$ 114.900 na versão Diesel 4X4 2.0, mas pode chegar aos R$ 145.320 com todos os opcionais. Para quem faz questão de um modelo com motor diesel, ele é o único entre os SUVs compactos. Um Chevrolet Trailblazer LTZ 2.8 turbodiesel 4X4 começa em R$ 189.190, enquanto um Toyota SW4 SRV 3.0 turbo diesel 4X4 não sai da loja por menos de R$ 204.800. Ambos são mais potentes, mas é preciso analisar se a diferença compensa tanto investimento. Nota 8.   Total – O Jeep Renegade Longitude 2.0 diesel 4X4 somou 82 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

O Renegade é um carro que impacta desde o primeiro contato. Por fora, o design jovial dá um visual despojado e simpático ao Jeep pernambucano. Por dentro, os plásticos têm aparentemente boa qualidade e o habitáculo é aconchegante. Chama a atenção o aroma que exala dos materiais, que certamente trará uma sensação de “déjà vu” a quem já andou em um Fiat novo. O interior é bem resolvido, com comandos nos lugares certos e que, em pouco tempo, se tornam bem fáceis de usar. A central multimídia com tela de cinco polegadas é intuitiva e traz GPS, o que facilita a rotina de quem anda nas grandes metrópoles.  A visibilidade é boa tanto à frente quanto atrás e a câmara de ré deixa as manobras ainda mais fáceis. Há sensores por todos os lados – o que chega a ser irritante, porque não param de apitar mesmo em trânsito, quando se aproxima de algum veículo ou obstáculo. Mas quem não gosta de estacionar leva vantagem: o Renegade Longitude tem sistema de estacionamento automático, em que o motorista controla apenas o câmbio e o pedal do freio. O resto – incluindo os movimentos da direção – é feito pelo carro. Por mais que a tecnologia já esteja presente em outros modelos – como no Ford Focus, por exemplo –, ainda impressiona em ação nas ruas.
O motor diesel de 170 cv destoa da maioria por não ser tão barulhento. Na verdade, se o condutor pisar fundo no acelerador, o ruído similar ao de um pequeno caminhão aparece. Mas dificilmente isso precisa acontecer, só mesmo diante de uma ultrapassem ou retomada muito brusca. O propulsor responde bem à vontade do motorista e o câmbio automático de nove velocidades realiza as trocas de marcha de forma harmoniosa, no tempo certo.  A suspensão é bem ajustada e consegue tanto evitar rolagens de carroceria quanto o desconforto dos passageiros diante das irregularidades dos pisos brasileiros. O volante possui boa pegada e o carro mantém comportamento estável em velocidades mais altas e em curvas acentuadas, sem transmitir insegurança. Para percursos off-road, há um seletor de terreno que ajusta o modelo às condições da estrada. Pode se dizer que o Renegade Longitude 4X4 leva a expressão “para todo o terreno” a sério.

Ficha técnica

Jeep Renegade Longitude 4x4

Motor: Diesel, dianteiro, transversal, 1.956 cm³, turbo, quatro cilindros em linha e quatro válvulas por cilindro. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual automático de nove velocidades à frente e uma a ré. Tração integral. Oferece controle de tração.
Potência: 170 cv a 3.750 rpm.
Torque máximo: 35,7 kgfm a 1.750 giros.
Aceleração 0-100 km/h: 9,9 segundos.
Velocidade máxima: 190 km/h.
Diâmetro e curso: 83 mm x 90,4 mm.
Taxa de compressão: 16,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Traseira independente do tipo McPherson, links transversais/laterais, barra estabilizadora, amortecedores, hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais.  
Pneus: 215/60 R17 (Longitude).
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Utilitário compacto em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,23 metros de comprimento, 1,80 m de largura, 1,72 m de altura e 2,57 m de entre-eixos. Airbags frontais de série.
Peso: 1.636 kg.
Capacidade do porta-malas: 260 litros (1.300 litros com bancos rebatidos).
Tanque de combustível: 60 litros.
Lançamento mundial: 2014.
Lançamento no Brasil: 2015.
Produção: Goiana, Pernambuco.
Itens de série: Ar-condicionado dual zone, chave canivete com telecomando, volante multifuncional, computador de bordo, controle eletrônico anticapotamento, de estabilidade e tração, direção elétrica, espelhos retrovisores elétricos, cruise control, freio de estacionamento elétrico, hill assist, faróis e lanterna traseira de neblina, Isofix, luzes diurnas, quadro de instrumentos com tela TFT de 3,5 polegadas, retrovisores externos elétricos, rodas de liga leve de 17 polegadas, sensores de estacionamento, vidros elétricos nas 4 portas com one-touch, rack de teto na cor preta, sistema de áudio com tela de 5 polegadas sensível ao toque e comando de voz, sistema de navegação GPS e volante com acabamento em couro.
Preço: 114.900. 
Opcionais: Rodas de liga leve de 18 polegadas com pneus 225/55, bancos revestidos parcialmente em couro, airbags laterais, de cortina e de joelhos para motorista, acendimento automático dos faróis, sensor de chuva, retrovisor interno eletrocrômico, retrovisores externos com rebatimento elétrico, sistema de monitoramento de pressão dos pneus, chave presencial, tomada de corrente de 127V, detector de pontos cegos, sistema de áudio premium Beats, lanterna removível, banco do motorista com regulagem elétrica – incluindo lombar –, faróis de xênon, teto solar elétrico e kit de proteção com para-barro dianteiro e traseiro, protetor de tanque de combustível e “badge” na lateral.
Preço completo: R$ 145.320.
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias

Para toda hora - Versão Longitude reforça lado aventureiro do Jeep Renegade sem atrapalhar proposta urbana

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 09 Dec 2015 09:21:00

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