7 de jul. de 2016

Teste do Citroën Aircross Live 1.5

Teste do Citroën Aircross Live 1.5

O aquecimento do mercado de SUVs compactos no Brasil fez com que algumas marcas passassem a apostar com mais força no segmento. Até aquelas que não têm representantes típicos na categoria. A Citroën, por exemplo, enxergou potencial no crossover Aircross. Tanto que, no final do ano passado, promoveu um facelift no modelo – que antes era chamado de C3 Aircross – e inseriu novidades que, na estratégia da marca francesa, seriam capazes de fazê-lo responder pelas vendas também do extinto C3 Picasso. A julgar pelo número de emplacamentos do modelo no primeiro semestre de 2016, deu certo. Em meio à queda geral de 25,1% do mercado automotivo no Brasil, as vendas do Aircross sofreram uma retração de apenas 0,7%. Um verdadeiro feito diante dos números do setor, com média de 565 exemplares emplacados entre janeiro e junho deste ano. Cerca de 40% dessas unidades são na versão Live, metade delas na configuração com motor 1.5 e câmbio manual, como a unidade avaliada.  Veja também:
  • Primeiras impressões do Citroën Aircross 2016
  • Teste do Citroën C3 Aircross Exclusive MT
A principal evolução estética do Aircross atual em relação ao anterior C3 Aircross está na dianteira, com as novas grade e assinatura luminosa em leds. O modelo ganhou faróis mais afilados e design no estilo que a marca batizou de “squarcle” – uma espécie de combinação entre “square” (quadrado) e “circle” (círculo). As linhas estão mais arredondadas, mas o formato “caixote” ainda aparece na cabine – principalmente na parte de trás, favorecendo o espaço interno para passageiros e bagagens no porta-malas. A grade dianteira “invade” o conjunto ótico, que se divide em duas partes, com faróis em cima e luzes diurnas no para-choques. Farol de neblina não faz parte dos itens da versão Live 1.5.

Na traseira, o para-choque também mudou. Na versão Live, não há estepe pendurado na tampa do porta-malas – o pneu extra fica dentro do carro, sob o assoalho do compartimento de bagagem. As lanternas traseiras ganharam novo acabamento em máscara negra, enquanto o perfil ostenta barras longitudinais no teto, rodas de liga leve de 16 polegadas e protuberantes caixas de roda em plástico preto.  O motor do Aircross Live manual é 1.5 litro, capaz de render 93 cv com etanol no tanque e 89 cv quando abastecido com gasolina. O torque máximo, de 14,2 kgfm com etanol e 13,5 kgfm com gasolina, aparece em 3 mil giros. O câmbio tem cinco marchas. Esta, na verdade, é a versão mais equipada com essa motorização na minivan. Acima dela, todas recebem propulsor 1.6 de 122 cv, que também pode vir acompanhado de transmissão automática de quatro velocidades.

A lista de itens de série é extensa para uma versão intermediária – abaixo dela, só a Start. A direção é elétrica e há ar-condicionado, rodas de liga leve de 16 polegadas, volante com regulagem de altura e profundidade, trio elétrico, computador de bordo e rádio com bluetooth. Por R$ 1.400 além dos R$ 56.690 pedidos pelo Aircross Live 1.5, é possível inserir central multimídia com tela sensível ao toque e que espelha celulares. 

Ponto a ponto

Desempenho – Como tem apenas 93 cv de potência, o motor 1.5 do Citroën Aircross Live com câmbio manual surpreende nesse quesito. O propulsor é valente, sobe rápido de giros. O torque máximo já está disponível em 3 mil giros. Isso faz com que o carro se mostre disposto em praticamente todas as situações e a sensação de falta de força não apareça. O câmbio também merece elogios, com engates curtos e precisos. Nota 8. Estabilidade – O Aircross é um carro “altinho”, mas se mantém no controle mesmo em velocidades elevadas – honra as boas tradições da marca no desenvolvimento de sistemas suspensivos. Nem as curvas acentuadas parecem desequilibrar o modelo. A direção é elétrica, tem o peso certo e não exige correções. As rolagens de carroceria até aparecem, mas de forma sutil e nada intimidadoras. Nota 8.

Interatividade – Todos os comandos ficam localizados em pontos de fácil acesso e têm leitura clara. A visibilidade traseira não é das melhores e faz falta, nas manobras de estacionamento, uma câmara de ré ou mesmo sensores de obstáculos. A direção elétrica, porém, é extremamente leve. A central multimídia opcional vem com tela de sete polegadas sensível ao toque e espelha celulares. Nota 7. Consumo – Segundo o InMetro, o Aircross com motor 1.5 e transmissão manual faz 7,5/8,2 km/l na cidade/estrada com etanol e 10/12 km/l com gasolina, com consumo energético de 1,98 MJ/km. O Programa Brasileiro de Etiquetagem classificou o modelo com a nota “A” em sua categoria e “C” no geral. Nota 7.

Conforto – O Aircross Live 1.5 tem bancos com densidade boa e espaços para pernas e cabeças suficientes para acomodar até três ocupantes de estatura normal atrás. O isolamento acústico é digno de elogios e a suspensão consegue filtrar as imperfeições do asfalto brasileiro com certa eficiência. Nota 8. Tecnologia – A lista de itens de série é básica, mas satisfatória. Há rádio com Bluetooth de série, luzes diurnas de leds, trio elétrico, ar-condicionado e direção elétrica. Central multimídia é o único opcional disponível. A atual geração é de 2009 e o motor, antigo, vem sendo substituído no Brasil pelo novo 1.2 de três cilindros nos modelos menores da própria Citroën e também da Peugeot. Nota 6.

Habitabilidade – A sensação de amplitude é favorecida pela farta área envidraçada frontal e o Aircross é beneficiado não só pelo bom ângulo de abertura das portas, mas também pela altura elevada. O porta-malas carrega bons 403 litros. Na prática, o Aircross Live tem várias características que o aproximam de um SUV compacto. Nota 9. Acabamento – Poucas marcas generalistas chegam próximo ao cuidado que a Citroën tem nessa parte. O acabamento francês é sóbrio e bem acima do padrão da concorrência direta. Não há luxos, mas a qualidade é boa, os encaixes são justos e a escolha dos tons é elegante. Nota 8.
Design – O facelift promovido no fim do ano passado resultou em um visual bem moderno. A ideia de separar o conjunto ótico dianteiro em três níveis trouxe charme e elegância ao Aircross e o deixou similar ao crossover Cactus, lançado em 2014 na Europa. Além disso, ele conta com visual aventureiro com uma relação custo/benefício mais interessante que outros modelos nessa condição e com esse espaço interno. Nota 8. Custo/benefício – O Aircross Live 1.5 é vendido a partir de R$ 56.690, chegando a R$ 58.090 com a central multimídia opcional. O modelo é um aventureiro com cabine ampla, porta-malas espaçoso e preço bem abaixo dos concorrentes com essas configurações, que ultrapassam os R$ 65 mil. O Aircross é uma das melhores opções entre minivans e crossovers para quem busca um modelo com amplo espaço interno e não faz tanta questão de um propulsor mais potente – algo que nem sempre se traduz em desempenho inferior. Nota 7. Total – O Citroën Aircross Live 1.5 somou 76 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

O Citroën Aircross nas versões sem o tradicional estepe pendurado na tampa do porta-malas ganhou uma posição estratégica na marca francesa: substitui o finado C3 Picasso, descontinuado no ano passado. A retirada do pneu sobressalente dali não tirou do modelo sua capacidade aventureira, com a suspensão elevada que garante um comportamento eficiente em pequenos trechos de estrada de terra ou até mesmo diante dos desníveis típicos das ruas brasileiras. Uma particularidade da configuração Live é que se trata da versão mais em conta que ostenta todos os outros ícones da nova identidade visual do Aircross. Caso, por exemplo, das barras longitudinais no teto e das luzes diurnas em leds. Não há uma farta lista de itens de série, mas tem tudo que se espera de um modelo pronto para viagens longas ou uso urbano. A central multimídia não sai de fábrica, mas é capaz de espelhar celulares e tem funcionamento bem simples.
Em movimento, o motor 1.5 flex de 93 cv de potência e 14,27 kgfm proporciona um desempenho vigoroso diante de sua ficha técnica um tanto comedida. O torque máximo surge em 3 mil giros, mas bem antes disso boa parte dele já aparece. O resultado é que o crossover está sempre disposto para retomadas e ultrapassagens em viagens na estrada ou arrancadas mais enérgicas no tráfego urbano. A suspensão se comporta de maneira exemplar. Mesmo com sua altura elevada, o Aircross não aderna excessivamente nas curvas. A direção é muito leve nas manobras de estacionamento, mas ganha firmeza exemplar conforme o velocímetro sobe. Não há qualquer necessidade de correções no volante. As rolagens de carroceria até aparecem, mas tão tímidas que é preciso estar bem atento para notá-las. E o Aircross ainda se posiciona entre as melhores opções para quem busca um carro familiar que seja espaçoso por dentro, mas sem ocupar tanto espaço na garagem.

Ficha técnica

Citroën Aircross Live 1.5

Motor: flex, dianteiro, transversal, 1.449 cm³, quatro cilindros em linha, comando simples no cabeçote, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré, tração dianteira.
Potência máxima: 93 cv a 5.500 rpm com etanol e 89 cv a 5.500 rpm com gasolina.
Torque máximo: 14,2 kgfm com etanol e 13,5 kgfm com gasolina a 3 mil rpm.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira com travessa deformável, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora.
Pneus: 195/55 R16.
Freios: Discos ventilados na frente, tambores atrás e ABS com EBD de série.
Carroceria: Minivan em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,09 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,69 m de altura e 2,54 m de distância entre-eixos. Airbags frontais de série.
Peso: 1.229 kg.
Capacidade do porta-malas: 403 litros (1.500 litros com os bancos traseiros rebatidos).
Tanque de combustível: 55 litros.
Produção: Porto Real, Rio de Janeiro.
Itens de série: Airbag duplo, ABS com EBD, travamento central das portas, banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, direção elétrica, trio elétrico, ar-condicionado, barras de teto longitudinais, luzes diurnas de leds, rodas de liga-leve e rádio AM/FM/Bluetooth/Entrada Auxiliar.
Preço: R$ 56.690.
Opcional: Central multimídia com tela touchscreen de 7 polegadas. Preço: R$ 1.400.
Preço completo: R$ 58.090.

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias

Dois em um - Citroën Aircross Live 1.5 alia vantagens de SUV compacto e minivan e afasta queda nas vendas

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 06 Jul 2016 12:10:00

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