A ideia do que é um bom carro moderno evolui o tempo todo. E, curiosamente, o conceito do que é um bom automóvel antigo também muda. Isso ficou bem evidente na 22ª Edição do Brazil Classics Show, realizado entre os dias 26 e 28 de maio no Tauá Grande Hotel, na cidade mineira de Araxá. Além de modelos nem tão velhos assim já serem tratados como clássicos – alguns dos anos 1980 –, os próprios elementos que são levados em consideração na hora de se admirar um automóvel antigo estão mudando. Claro que continuam a ser valorizados o interior impecável, a pintura brilhante e os cromados ofuscando a vista. Mas o que vale mais atualmente é a originalidade do veículo. A pintura pode estar um pouco queimada, os cromados meio foscos e as forrações um pouco puídas, mas se são as que saíram de fábrica, a cotação do carro no mercado de antigos pode mais que dobrar.
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Duas áreas próximas à recepção do Grande Hotel foram reservadas aos modelos da marca. No evento, foram contabilizados pelo menos 300 carros clássicos e 30 deles eram Mercedes-Benz. Lá estavam ainda uma 300 SL roadster, de 1955, e um 300 D Adenauer, de 1957. O Adenauer é uma espécie de precursor do Classe S. Havia ainda o conversível Mercedes-Benz 280 SE 3.5, de 1971, um modelo raro – foram construídas pouco mais de 1.200 unidades com essa especificação. Um modelo semelhante acabou protagonizando o leilão que ocorreu no evento. Não pelo valor de venda, mas pela recusa de seu proprietário em aceitar um lance de R$ 1 milhão por ele – ela queria, no mínimo, R$ 1,3 milhão. No leilão, houve 70 lotes, mas apenas 30%, ou cerca de 20, foram arrematados durante o pregão.
Além da Mercedes, outras marcas “habitués” em encontros de automóveis antigos também estavam numericamente bem representadas. Caso das Alfa Romeo, dos Cadillac, principalmente os Eldorado, os Porsche, as Ferrari, os Ford e as Romi-Iseta, consideradas por muitos como o primeiro automóvel produzido no Brasil. Mas quem despertou muita curiosidade foi um Porsche 356, modelo que ficou famoso no acidente que matou o ator James Dean. O Porsche exibia uma estética Rat Rod, gênero de reconstrução fora de padrão praticada nos Estados Unidos, que junta pedaços de vários carros antigos e enferrujados para criar um carro inusitado. No caso, o 356 foi deixado na lata, com as marcas de solda expostas na carroceria, coberta apenas por uma camada de verniz para proteger.
Já uma dupla de um modelo histórico brasileiro, o Puma DKW de 1967, teve uma restauração mais ortodoxa. Os dois modelos foram adquiridos pela Hayabusa Garage de Campinas e foram totalmente recuperados. Os modelos foram encontrados com mecânica trocada e vários itens adaptados. Eles retornaram à mecânica original, um motor dois tempos e de três cilindros da DKW, e tiveram diversas peças fabricadas artesanalmente. Por fim, retomaram o visual da época e acabaram sendo contemplados com um prêmio pela dupla restauração. Mas o grande vencedor dessa espécie de Concurso de Elegância do Triângulo Mineiro foi um Lincoln K Coupé Le Baron V12 de 1936. Foi ele quem recebeu o Troféu Roberto Lee, que premia o automóvel mais representativo do Brazil Classics Show. Um dos modelos, ao lado de exemplares Parckard, Rolls-Royce e Bugatti, que simplesmente não tem preço.
Mercedes-Benz 300 SL Gullwing – O 300 SL foi criado para levantar o moral dos alemães no pós-guerra. Lançados em 1952, passaram a competir e acumular vitórias em corridas como Le Mans, Mille Miglia, Tour de France e Nürburgring. Em 1954, foi exibido no Salão de Nova Iorque e teve 1399 unidades produzidas, 29 delas em alumínio.
Mercedes-Benz 300 D “Adenauer" – Foi o quarto modelo da série e recebeu o apelido de Adenauer em homenagem ao primeiro chanceler da Alemanha no pós-guerra, Konrad Adenauer, que teve seis modelos em sequência. O 300 D tinha versões sedã e conversível e trazia sob o capô um motor de 3.0 litros com seis cilindros em linha e 180 cv. A ideia da marca era brigar com ele contra a Rolls-Royce no mercado de luxo.
Lincoln K Coupé Le Baron V12 – A Série K da Lincoln foi produzida entre os anos de 1930 e 1940. Em 1936, ano do exemplar exibido em Araxá, ele usava um motor 6.8 litros V12 com potência de 120 cv. Além da configuração Coupé, a Série K tinha ainda um modelo Limousine para sete passageiros, um sedã e um conversível.
Porsche 356 1951 – A linha 356 foi produzida entre 1948 e 1965. O modelo exposto, um Speedster, é um dos protótipos da série América, lançada em 1952, que passaria a ser feito em aço e numa escala maior. Até 1950, apenas 50 unidades em alumínio martelado haviam sido produzidas. Eles pesavam 830 kg e recebiam motores de 1.1, 1.3 ou 1.5 litro, com potências entre 55 e 95 cv. A máxima era de 140 km/h para a versão menos potente e 170 km/h na 1.5S. No total, foram produzidas 76 mil unidades do Porsche 356.
Mercedes-Benz 280 SE 3.5 conversível – A versão 280 SE com motor V8 de 3.5 litros foi criada no final de 1969 e saiu de produção em meados de 1971. O modelo dispõe de 200 cv e tem velocidade máxima de 210 km/h com câmbio manual. Foram produzidas apenas 1.232 unidades, quase todas destinadas ao mercado norte-americano.
Benz Patent Motorwagen – O modelo exposto em Araxá era uma das 100 réplicas produzidas pela Mercedes-Benz nas comemorações dos 100 anos da marca, nos anos 1980. E ela segue rigorosamente os conceitos tecnológicos da época. Como não havia carburador, a câmara de combustão era alimentada pela passagem do ar em um chumaço de fibras embebidas em combustível – normalmente éter. O resultado era um motor de 0,75 cv que levava o Motorwagen a 16 km/h. Lancia Astura 1937 – O Lancia Astura foi um modelo produzido pela marca italiana a partir de 1931, após sua exibição no Salão de Paris. O modelo exposto em Araxá é de terceira série, uma das 1.243 unidades fabricadas entre 1933 e 1937. A quarta e última série deixou de ser feita em 1939. O motor é um V8 de 2.973 cc e carburação simples e comando de válvulas no cabeçote. A potência máxima é de 82 cv.
Autor: Eduardo Rocha (Auto Press)
Fotos: Divulgação
Admirável mundo antigo - Maior evento de antigomobilismo do país, em Araxá, mostra que os clássicos são cada vez mais cultuados
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Duas áreas próximas à recepção do Grande Hotel foram reservadas aos modelos da marca. No evento, foram contabilizados pelo menos 300 carros clássicos e 30 deles eram Mercedes-Benz. Lá estavam ainda uma 300 SL roadster, de 1955, e um 300 D Adenauer, de 1957. O Adenauer é uma espécie de precursor do Classe S. Havia ainda o conversível Mercedes-Benz 280 SE 3.5, de 1971, um modelo raro – foram construídas pouco mais de 1.200 unidades com essa especificação. Um modelo semelhante acabou protagonizando o leilão que ocorreu no evento. Não pelo valor de venda, mas pela recusa de seu proprietário em aceitar um lance de R$ 1 milhão por ele – ela queria, no mínimo, R$ 1,3 milhão. No leilão, houve 70 lotes, mas apenas 30%, ou cerca de 20, foram arrematados durante o pregão.
Além da Mercedes, outras marcas “habitués” em encontros de automóveis antigos também estavam numericamente bem representadas. Caso das Alfa Romeo, dos Cadillac, principalmente os Eldorado, os Porsche, as Ferrari, os Ford e as Romi-Iseta, consideradas por muitos como o primeiro automóvel produzido no Brasil. Mas quem despertou muita curiosidade foi um Porsche 356, modelo que ficou famoso no acidente que matou o ator James Dean. O Porsche exibia uma estética Rat Rod, gênero de reconstrução fora de padrão praticada nos Estados Unidos, que junta pedaços de vários carros antigos e enferrujados para criar um carro inusitado. No caso, o 356 foi deixado na lata, com as marcas de solda expostas na carroceria, coberta apenas por uma camada de verniz para proteger.
Já uma dupla de um modelo histórico brasileiro, o Puma DKW de 1967, teve uma restauração mais ortodoxa. Os dois modelos foram adquiridos pela Hayabusa Garage de Campinas e foram totalmente recuperados. Os modelos foram encontrados com mecânica trocada e vários itens adaptados. Eles retornaram à mecânica original, um motor dois tempos e de três cilindros da DKW, e tiveram diversas peças fabricadas artesanalmente. Por fim, retomaram o visual da época e acabaram sendo contemplados com um prêmio pela dupla restauração. Mas o grande vencedor dessa espécie de Concurso de Elegância do Triângulo Mineiro foi um Lincoln K Coupé Le Baron V12 de 1936. Foi ele quem recebeu o Troféu Roberto Lee, que premia o automóvel mais representativo do Brazil Classics Show. Um dos modelos, ao lado de exemplares Parckard, Rolls-Royce e Bugatti, que simplesmente não tem preço.
Algumas preciosidades de Araxá
Puma DKW – Os dois exemplares restaurados foram encontrados em petição de miséria e consumiram aproximadamente dois anos para o completo restauro. Foram construídos cerca de 145 exemplares desta versão, com chassi e motor DKW 1.0 de dois tempos, três cilindros e refrigerado a água. Ele tinha uma potência de 60 cv e torque de 9 kgfm. Ainda em 1967, a mecânica e o chassi foram substituídos pelos do Karmann Ghia.Mercedes-Benz 300 SL Gullwing – O 300 SL foi criado para levantar o moral dos alemães no pós-guerra. Lançados em 1952, passaram a competir e acumular vitórias em corridas como Le Mans, Mille Miglia, Tour de France e Nürburgring. Em 1954, foi exibido no Salão de Nova Iorque e teve 1399 unidades produzidas, 29 delas em alumínio.
Mercedes-Benz 300 D “Adenauer" – Foi o quarto modelo da série e recebeu o apelido de Adenauer em homenagem ao primeiro chanceler da Alemanha no pós-guerra, Konrad Adenauer, que teve seis modelos em sequência. O 300 D tinha versões sedã e conversível e trazia sob o capô um motor de 3.0 litros com seis cilindros em linha e 180 cv. A ideia da marca era brigar com ele contra a Rolls-Royce no mercado de luxo.
Lincoln K Coupé Le Baron V12 – A Série K da Lincoln foi produzida entre os anos de 1930 e 1940. Em 1936, ano do exemplar exibido em Araxá, ele usava um motor 6.8 litros V12 com potência de 120 cv. Além da configuração Coupé, a Série K tinha ainda um modelo Limousine para sete passageiros, um sedã e um conversível.
Porsche 356 1951 – A linha 356 foi produzida entre 1948 e 1965. O modelo exposto, um Speedster, é um dos protótipos da série América, lançada em 1952, que passaria a ser feito em aço e numa escala maior. Até 1950, apenas 50 unidades em alumínio martelado haviam sido produzidas. Eles pesavam 830 kg e recebiam motores de 1.1, 1.3 ou 1.5 litro, com potências entre 55 e 95 cv. A máxima era de 140 km/h para a versão menos potente e 170 km/h na 1.5S. No total, foram produzidas 76 mil unidades do Porsche 356.
Mercedes-Benz 280 SE 3.5 conversível – A versão 280 SE com motor V8 de 3.5 litros foi criada no final de 1969 e saiu de produção em meados de 1971. O modelo dispõe de 200 cv e tem velocidade máxima de 210 km/h com câmbio manual. Foram produzidas apenas 1.232 unidades, quase todas destinadas ao mercado norte-americano.
Benz Patent Motorwagen – O modelo exposto em Araxá era uma das 100 réplicas produzidas pela Mercedes-Benz nas comemorações dos 100 anos da marca, nos anos 1980. E ela segue rigorosamente os conceitos tecnológicos da época. Como não havia carburador, a câmara de combustão era alimentada pela passagem do ar em um chumaço de fibras embebidas em combustível – normalmente éter. O resultado era um motor de 0,75 cv que levava o Motorwagen a 16 km/h. Lancia Astura 1937 – O Lancia Astura foi um modelo produzido pela marca italiana a partir de 1931, após sua exibição no Salão de Paris. O modelo exposto em Araxá é de terceira série, uma das 1.243 unidades fabricadas entre 1933 e 1937. A quarta e última série deixou de ser feita em 1939. O motor é um V8 de 2.973 cc e carburação simples e comando de válvulas no cabeçote. A potência máxima é de 82 cv.
Autor: Eduardo Rocha (Auto Press)
Fotos: Divulgação
Admirável mundo antigo - Maior evento de antigomobilismo do país, em Araxá, mostra que os clássicos são cada vez mais cultuados
Fonte: Salão do Carro
Categoria: Eventos
Publicado em: 02 Jun 2016 00:35:00
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