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Outubro de 2013. A 19ª edição da Fenatran, o salão bienal internacional do transporte rodoviário de carga, aconteceu no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na capital paulista. Marcas consagradas do setor, como Volvo,VW/MAN, Mercedes-Benz, Scania, Iveco, Ford, Fiat, Hyundai e Renault, se juntaram a duas novatas no mercado nacional – a chinesa MetroSchacman e a holandesa Daf – para comemorar resultados e mostrar seus planos de crescimento no Brasil. Dois anos depois, na 20ª edição da Fenatran, de 9 a 13 de novembro, a Volvo e a Daf são os únicos fabricantes de veículos presentes. E ninguém tem muito o que comemorar. Esse ano, o mercado nacional de caminhões atravessa uma retração sem precedentes, da ordem de 40% em relação ao ano anterior – em alguns segmentos, como o dos pesados, a queda nas vendas beira os 60%. A ausência da maioria dos fabricantes de veículos no evento deu uma inusitada visibilidade aos implementadores, tradicionalmente ofuscados na Fenatran pelos vistosos estandes das marcas de caminhões, furgões e picapes.
Apesar da crise, a Volvo justificou sua presença na Fenatran pela disposição de reafirmar que continua a acreditar no Brasil. Em vez de ficar reclamando, resolveu aproveitar a oportunidade concedida pelos concorrentes ausentes e tratar o evento como seu “salão de vendas”. Montou um megaestande com 4 mil metros quadrados, o maior da história da Fenatran, e colocou boa parte de sua equipe de vendas de plantão em todos os dias do evento, normalmente visitado por frotistas de todo o Brasil e também da América Latina. Lá, a marca sueca expôs 13 modelos das linhas FH, FMX, FM e VM, todos já conhecidos no mercado nacional. Sua única “estreia” foi um novo equipamento em um modelo já existente – um FH 6X4 com eixo suspensor. O veículo possui uma tecnologia que desengata e levanta o segundo eixo de tração, recomendável para transportadores com operações que têm trajetos com pouca ou nenhuma carga. A solução proporciona menor consumo de combustível e de pneus.
Já a Daf aproveitou a Fenatran 2015 para lançar seu segundo caminhão “made in Brazil”. O pesado CF85, que já estava no estande da marca em 2013, fará companhia ao extrapesado XF105 nas concessionárias nacionais. Outra novidade da marca holandesa no evento foi o anúncio da decisão de passar a produzir no Brasil, na unidade industrial paranaense em Ponta Grossa, os motores MX que movem os modelos XF e CF. Como ainda está em fase de implantação no Brasil, a Daf não chegou a perder mercado com a crise, embora a expansão das vendas tenha sido mais tímida do que o imaginado na Fenatran de 2013. Mas a empresa mantém a intenção de ter 5% do mercado nacional de caminhões pesados em 2016.
Entre os implementadores, os maiores estandes da Fenatran 2015 são os da gaúcha Randon e da paranaense Noma. Na Randon, a novidade são os semirreboques e graneleiros que utilizam a tecnologia Ecoplate 2, com patente requerida pela Randon. Trata-se de um compósito que combina placas metálicas e PVC para produzir implementos mais leves e duráveis. Na Noma, as novidades eram os implementos da Linha Florestal, destinados ao transporte de madeira, e a Linha Silo Rodoviário Alumínio, para o transporte de produtos granulados, como cimento, areia, cinza e cal.
A utilização de materiais mais leves, para gerar economia de combustível, é uma tendência onipresente entre os implementadores nacionais. E é bem fácil perceber o porque no estande da Alcoa. A multinacional norte-americana reuniu suas novidades para o setor em um protótipo de caminhão com diversos componentes em alumínio, inclusive um chassis completo em longarinas. Produzido pela Metalsa, o chassis de caminhão em alumínio é 336 kg mais leve que o tradicional em aço. Segundo a Alcan, a utilização de componentes em alumínio, em um caminhão extrapesado, pode render uma redução total de 1.135 kg em relação a um modelo de igual porte e capacidade, com os mesmos componentes em ferro. Implementos automotivos feitos com o metal de baixa densidade extraído da bauxita pesam em média 40% menos que os equivalentes em ferro ou madeira.
Mas nem só de expor produtos e serviços vive um salão automotivo que se preze. É preciso também servir como fórum para debates sobre as tendências e os problemas do setor. No caso da Fenatran 2015, uma das palestras mais instigantes foi sobre os chamados “chips paraguaios”, que anulam a tecnologia SCR dos motores a diesel Euro 5. A tecnologia de pós-tratamento de gases SCR é composta por um catalisador, que recebe os gases expelidos pelo motor. A estes, é adicionada uma solução à base de ureia e água desmineralizada, denominada Arla 32, que provoca uma reação química dentro do catalisador. Os “chips paraguaios” são alterações nos motores que permitem que veículos a diesel com sistema de redução de emissões SCR rodem sem utilizar a adição de Arla 32 – quem comete a adulteração acredita que é mais vantajoso dispensar o uso do aditivo. “No Brasil, o consumo de Arla 32 está 32% abaixo do que seria esperado em relação aos modelos Euro 5 com tecnologia antiemissões SCR que rodam no território nacional”, explica Elcio Luiz Farah, da Afeevas – Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul. Esse “deficit” nacional nas vendas do Arla 32 permite concluir que quase 1/3 dos caminhões Euro 5 que circulam no Brasil contam com dispositivos para burlar as leis ambientais nacionais – o que é considerado um crime ambiental, passível de multa e apreensão do veículo.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Luiz Humberto Monteiro Pereira/Carta Z Notícias
Festa estranha - Volvo e Daf são os únicos fabricantes de veículos na Fenatran 2015, onde os implementadores investem na leveza
Outubro de 2013. A 19ª edição da Fenatran, o salão bienal internacional do transporte rodoviário de carga, aconteceu no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na capital paulista. Marcas consagradas do setor, como Volvo,VW/MAN, Mercedes-Benz, Scania, Iveco, Ford, Fiat, Hyundai e Renault, se juntaram a duas novatas no mercado nacional – a chinesa MetroSchacman e a holandesa Daf – para comemorar resultados e mostrar seus planos de crescimento no Brasil. Dois anos depois, na 20ª edição da Fenatran, de 9 a 13 de novembro, a Volvo e a Daf são os únicos fabricantes de veículos presentes. E ninguém tem muito o que comemorar. Esse ano, o mercado nacional de caminhões atravessa uma retração sem precedentes, da ordem de 40% em relação ao ano anterior – em alguns segmentos, como o dos pesados, a queda nas vendas beira os 60%. A ausência da maioria dos fabricantes de veículos no evento deu uma inusitada visibilidade aos implementadores, tradicionalmente ofuscados na Fenatran pelos vistosos estandes das marcas de caminhões, furgões e picapes.
Apesar da crise, a Volvo justificou sua presença na Fenatran pela disposição de reafirmar que continua a acreditar no Brasil. Em vez de ficar reclamando, resolveu aproveitar a oportunidade concedida pelos concorrentes ausentes e tratar o evento como seu “salão de vendas”. Montou um megaestande com 4 mil metros quadrados, o maior da história da Fenatran, e colocou boa parte de sua equipe de vendas de plantão em todos os dias do evento, normalmente visitado por frotistas de todo o Brasil e também da América Latina. Lá, a marca sueca expôs 13 modelos das linhas FH, FMX, FM e VM, todos já conhecidos no mercado nacional. Sua única “estreia” foi um novo equipamento em um modelo já existente – um FH 6X4 com eixo suspensor. O veículo possui uma tecnologia que desengata e levanta o segundo eixo de tração, recomendável para transportadores com operações que têm trajetos com pouca ou nenhuma carga. A solução proporciona menor consumo de combustível e de pneus.
Já a Daf aproveitou a Fenatran 2015 para lançar seu segundo caminhão “made in Brazil”. O pesado CF85, que já estava no estande da marca em 2013, fará companhia ao extrapesado XF105 nas concessionárias nacionais. Outra novidade da marca holandesa no evento foi o anúncio da decisão de passar a produzir no Brasil, na unidade industrial paranaense em Ponta Grossa, os motores MX que movem os modelos XF e CF. Como ainda está em fase de implantação no Brasil, a Daf não chegou a perder mercado com a crise, embora a expansão das vendas tenha sido mais tímida do que o imaginado na Fenatran de 2013. Mas a empresa mantém a intenção de ter 5% do mercado nacional de caminhões pesados em 2016.
Entre os implementadores, os maiores estandes da Fenatran 2015 são os da gaúcha Randon e da paranaense Noma. Na Randon, a novidade são os semirreboques e graneleiros que utilizam a tecnologia Ecoplate 2, com patente requerida pela Randon. Trata-se de um compósito que combina placas metálicas e PVC para produzir implementos mais leves e duráveis. Na Noma, as novidades eram os implementos da Linha Florestal, destinados ao transporte de madeira, e a Linha Silo Rodoviário Alumínio, para o transporte de produtos granulados, como cimento, areia, cinza e cal.
A utilização de materiais mais leves, para gerar economia de combustível, é uma tendência onipresente entre os implementadores nacionais. E é bem fácil perceber o porque no estande da Alcoa. A multinacional norte-americana reuniu suas novidades para o setor em um protótipo de caminhão com diversos componentes em alumínio, inclusive um chassis completo em longarinas. Produzido pela Metalsa, o chassis de caminhão em alumínio é 336 kg mais leve que o tradicional em aço. Segundo a Alcan, a utilização de componentes em alumínio, em um caminhão extrapesado, pode render uma redução total de 1.135 kg em relação a um modelo de igual porte e capacidade, com os mesmos componentes em ferro. Implementos automotivos feitos com o metal de baixa densidade extraído da bauxita pesam em média 40% menos que os equivalentes em ferro ou madeira.
Mas nem só de expor produtos e serviços vive um salão automotivo que se preze. É preciso também servir como fórum para debates sobre as tendências e os problemas do setor. No caso da Fenatran 2015, uma das palestras mais instigantes foi sobre os chamados “chips paraguaios”, que anulam a tecnologia SCR dos motores a diesel Euro 5. A tecnologia de pós-tratamento de gases SCR é composta por um catalisador, que recebe os gases expelidos pelo motor. A estes, é adicionada uma solução à base de ureia e água desmineralizada, denominada Arla 32, que provoca uma reação química dentro do catalisador. Os “chips paraguaios” são alterações nos motores que permitem que veículos a diesel com sistema de redução de emissões SCR rodem sem utilizar a adição de Arla 32 – quem comete a adulteração acredita que é mais vantajoso dispensar o uso do aditivo. “No Brasil, o consumo de Arla 32 está 32% abaixo do que seria esperado em relação aos modelos Euro 5 com tecnologia antiemissões SCR que rodam no território nacional”, explica Elcio Luiz Farah, da Afeevas – Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul. Esse “deficit” nacional nas vendas do Arla 32 permite concluir que quase 1/3 dos caminhões Euro 5 que circulam no Brasil contam com dispositivos para burlar as leis ambientais nacionais – o que é considerado um crime ambiental, passível de multa e apreensão do veículo.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Luiz Humberto Monteiro Pereira/Carta Z Notícias
Festa estranha - Volvo e Daf são os únicos fabricantes de veículos na Fenatran 2015, onde os implementadores investem na leveza
Fonte: Salão do Carro
Categoria: Eventos
Publicado em: 11 Nov 2015 15:10:00
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