20 de jul. de 2016

Teste do novo Chevrolet Cruze LTZ

Teste do novo Chevrolet Cruze LTZ

A Chevrolet queria dar um gás nas vendas do seu sedã médio e, para isso, decidiu encurtar o tempo entre o lançamento da nova geração do Cruze no Brasil em relação à sua chegada no mercado americano para apenas meio ano. A estratégia surtiu efeito. O modelo ocupava a sexta posição do ranking em sua categoria no final de maio. Agora, antes mesmo de completar dois meses de vendas, já há motivos para comemorar: a julgar pelos 20 primeiros dias de julho, o três volumes deve subir três colocações e fechar o próximo dia 31 como o terceiro sedã médio mais emplacado, atrás apenas dos japoneses Toyota Corolla e Honda Civic. E, como de costume nos carros que atuam em sua faixa de preços – fixada entre os R$ 89.990 iniciais e os R$ 107.450 pedidos pelo Cruze LTZ completo –, é na versão topo de linha que se concentram as maiores aspirações da marca para encerrar 2016 nessa posição.  Veja também:
  • Primeiras impressões do novo Chevrolet Cruze Turbo
Agora construído na Argentina, o Cruze LTZ ostenta uma série de novas tecnologias e também um motor menor e mais potente que o antigo 1.8 aspirado de 144 cv de antes. O sedã recebe um propulsor 1.4 turbinado com injeção direta e duplo comando variável, capaz de entregar 150/153 cv de potência e 24/24,5 kgfm de torque com gasolina/etanol. A transmissão é a mesma de todas as configurações, automática de seis marchas, com mudanças por articulação na alavanca. Com isso, o zero a 100 km/h do modelo passou de 9,8 segundos para exatos 9 segundos.

Além de melhorar o desempenho, a substituição do trem de força culminou, segundo a marca, em uma economia de combustível que pode chegar aos 30%. Para isso, contribui também a adoção do sistema start/stop, que desliga o motor quando se para o carro e mantém-se pressionado o pedal do freio. O sedã também recebe aços mais leves que reduziram seu peso em cerca de 100 kg, desenho capaz de diminuir o arrasto em 15% e pneus de baixo atrito.  O visual segue a tendência dos novos modelos globais da marca. Os traços parecem planejados para ampliar a sensação de largura, já que valorizam linhas horizontais a partir dos faróis e lanternas afilados e da grade, que ficou mais estreita. O capô ganhou uma curvatura acentuada e três vincos convergentes. De perfil, a última coluna foi alongada, mas com um caimento mais suave e que, assim como a carroceria hatch Sport6, dá ao modelo um charme de cupê de quatro portas.

Na lista de itens de série, a versão LTZ traz a mais que a de entrada LT os airbags de cortina, sensor de crepuscular e de chuva, chave presencial, retrovisor interno eletrocrômico, sensor de estacionamento dianteiro – o traseiro está presente nas duas configurações – e sistema multimídia de 8 polegadas – no lugar da central com 7 polegadas da LT. As rodas também mudam, com acabamento escurecido. Mas o maior chamariz da variante é a sua quantidade de opcionais, incluídos todos no mesmo pacote. Ele engloba itens de segurança, como alerta de colisão frontal, de ponto cego e de faixa de rolamento, farol alto automático e indicador de distância do carro à frente, e alguns “mimos” aos condutores, caso do sistema de estacionamento automático, regulagem elétrica do banco do motorista e carregador de celular por indução. Mas adiciona R$ 10.460 aos R$ 96.990 iniciais. Não é barato, mas pelo visto é um valor capaz de embalar – e muito – o modelo na briga brasileira dos sedãs médios. 

Ponto a ponto

Desempenho – O novo motor 1.4 turbo de 153 cv com etanol deu, de fato, fôlego extra ao sedã médio da Chevrolet. Com injeção direta, o propulsor entrega 24,5 kgfm de torque máximo em 2 mil rotações – giros um tanto altos em comparação com outros modelos turbo – e faz o Cruze ganhar velocidade rapidamente. A transmissão automática de seis velocidades cumpre bem sua função, mantendo boa sintonia com o motor e subindo e descendo com agilidade os giros quando necessário. Seja para entregar desempenho, ao pisar com vontade o acelerador, ou redução de consumo, ao aliviar o pedal. Nota 8. Estabilidade – A suspensão traseira por eixo de torção não chega a estabelecer um compromisso forte com o equilíbrio do carro. De maneira geral, o Cruze é estável e aderna pouco nas curvas. Mas não é difícil notar os controles de estabilidade e tração atuando, principalmente diante de caminhos mais sinuosos. Nota 7.

Interatividade – Nessa questão, o Cruze se destaca. O volante multifuncional traz comandos de áudio, de assistente de faixa e controle de distância do carro à frente. O sistema OnStar, cortesia no primeiro ano para os clientes, é capaz de ajudar a encontrar restaurantes e outros pontos de interesse, programar uma rota no GPS ou informar um simples horóscopo do dia. O sistema multimídia também evoluiu e se tornou mais funcional e é bem simples de usar. Nota 9. Consumo – O Cruze ganhou nota “A” no selo de eficiência energética do InMetro em sua categoria, com média de 11,2 km/l na cidade e 14 km/l na estrada com gasolina e 7,6 km/l e 9,6 km/l, respectivamente, com etanol. Na média, é cerca de 30% mais econômico que o modelo de geração anterior – entra aí a ação do sistema start/stop, adotado na atual geração. Nota 9.

Conforto – O entre-eixos cresceu 1,5 cm e, entre outras mudanças, ajudou a ampliar o espaço interno. Quatro ocupantes viajam com bastante conforto. A suspensão não chega a ser tão firme, mas não filtra tanto as imperfeições das ruas e estradas brasileiras. Já o isolamento acústico é eficiente. O barulho do motor só invade a cabine quando o turbo é acionado e de maneira instigante, e não incômoda. Nota 7. Tecnologia – Plataforma e motor da nova geração do Cruze são modernos e o uso do turbo segue a atual tendência de downsizing – redução do tamanho dos propulsores com ganho de potência – vista ao redor do globo terrestre. A central multimídia é bem completa, há sistema de carregamento de celular por indução e o sistema OnStar é outro elemento que ajuda a Chevrolet a nivelar o sedã médio aos mais evoluídos concorrentes do segmento entre as marcas generalistas. Nota 9.

Habitabilidade – Há bons nichos e porta-objetos para guardar tudo que precisa estar à mão do motorista durante uma viagem. Mas a curvatura do teto, que entrega um design charmoso ao Cruze, cobra seu preço na hora dos ocupantes entrarem no veículo – o vão das portas acabou ficando excessivamente baixo. O porta-malas carrega 440 litros, apenas um pouco abaixo da média dos sedãs médios. Nota 6. Design – Com as alterações visuais, o novo Cruze entrou na nova assinatura visual da Chevrolet e ganhou um desenho que carrega elementos que expressam certa elegância, misturados a traços de esportividade. A frente está um tanto agressiva – o que se justifica pela adoção de um motor turbo. O perfil se beneficia do caimento acentuado do teto e, na versão LTZ, pelas rodas de liga leve de 17 polegadas com acabamento escurecido. A traseira, no entanto, destoa um pouco, pela total falta de originalidade. Nada além das lanternas horizontalizadas – uma das marcas da atual assinatura de design da fabricante norte-americana. Nota 8.
Acabamento – O Cruze LTZ não faz feio nesse ponto, mas também não se destaca como deveria diante de uma etiqueta de preço que pode chegar aos R$ 107.450 de sua configuração mais completa. Para um segmento que é visto como uma porta de entrada para modelos premium das marcas, falta um pouco mais de atenção com o habitáculo. Nota 7. Custo/Benefício – O Chevrolet Cruze LTZ briga com as configurações mais caras dos líderes Toyota Corolla e Honda Civic – que receberá nova geração nas próximas semanas –, mas com recheio tecnológico bem mais interessante. Com isso, seu rival mais próximo acaba sendo o Ford Focus, que é um pouco mais barato e sai a R$104.590 completo. Nota 8. Total – O Chevrolet Cruze LTZ somou 78 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Quando menos é mais

O Chevrolet Cruze já mostra, a partir do visual, que se trata de um novo carro. O formato um tanto retangular, até um pouco “quadradão” de antes, deu lugar a um desenho mais contemporâneo. E que consegue transmitir a ideia que a marca norte-americana quer enraizar no modelo por aqui: a de se tratar de um carro luxuoso e mais arisco, principalmente na configuração LTZ. Suas linhas misturam certo ar de elegância e agressividade, até condizentes com o novo motor 1.4 turbo e os diversos recursos eletrônicos que foram incluídos na lista de itens de série e de opcionais da versão de topo.
Por dentro, no entanto, traz um acabamento que destoa de sua faixa de preço. Há muito plástico e pouca coisa no habitáculo denota o tal ar de superioridade que a fabricante quer associar ao Cruze. Os materiais são de boa qualidade e o resultado final não chega a ser feio ou decepcionante. O problema é que se trata de um modelo que ultrapassa a barreira dos seis dígitos quando completo e, por isso, tende a gerar certa expectativa. Em movimento, porém, o Cruze LTZ é capaz de seduzir seu motorista. E muito, principalmente se for alguém acostumado à antiga geração do modelo. O motor usado atualmente tem boa aceleração – apesar do torque máximo aparecer apenas a partir das 2 mil rotações – e entrega boas ultrapassagens e retomadas, além de arrancadas satisfatórias. Outro fator importante é o ganho na economia de combustível, proporcionado a partir do downsizing promovido pela Chevrolet. Apesar de mais esportivo, o carro é capaz de entregar um consumo bem interessante quando não se exige o auxílio do turbocompressor.
Os bancos recebem muito bem seus ocupantes, especialmente os dianteiros. O desenho ajuda a segurar o corpo em uma direção mais esportiva e o condutor conta com ajustes elétricos. O isolamento acústico é outro item que se destaca: o carro é bastante silencioso, deixando qualquer invasão de som do motor apenas para os momentos em que o turbo é acionado. E, nessas horas, um ronco mais grave é até instigante. Mas convém não abusar tanto: o sedã médio aderna um pouco nas curvas e se apoia bastante nos recursos de segurança – controle eletrônico de estabilidade e tração. O ideal seria uma suspensão mais preparada para um comportamento de fato agressivo, e não a adotada, por eixo de torção.

Ficha técnica

Chevrolet Cruze LTZ - 1.4 Turbo

Motor: Etanol e gasolina, dianteiro, transversal, 1.399 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, turbocompressor, injeção direta e controle eletrônico de aceleração. 
Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Possui controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 153 cv/150 cv a 5.200/5.600 rpm com etanol/gasolina.
Torque máximo: 24,5/24 kgfm a 2 mil/2.100 rpm com etanol/gasolina.
Taxa de compressão: 10,0:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com barra estabilizadora ligada a hastes tensoras e molas helicoidais com carga lateral. Traseira do tipo eixo de torção, semi-independente e molas helicoidais - constante elástica linear.
Pneus: 215/50 R17.
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,66 metros de comprimento, 1,81 m de largura, 1,48 m de altura e 2,70 m de entre-eixos. Airbags frontais, laterais e de cortina.
Peso: 1.321 kg.
Capacidade do porta-malas: 440 litros.
Tanque de combustível: 52 litros.
Produção: Rosário, Argentina.
Lançamento mundial: 2008.
Lançamento no Brasil: 2011.
Segunda geração: 2016.
Itens de série: Airbags frontais, laterais e de cortina, alarme antifurto, controle de tração e de estabilidade, faróis e lanternas de neblina, indicador de nível de vida de óleo, luz de condução diurna em leds, sensores de estacionamento traseiros e dianteiros, sistema Isofix de fixação de cadeiras para crianças, freios com ABS, sistema de distribuição de frenagem e assistência de frenagem de urgência, sistema de monitoramento de pressão dos pneus, rodas de liga leve de 17 polegadas, abertura do porta malas por controle remoto,  ar-condicionado com controle eletrônico de temperatura e sistema automático de recirculação, assistente de partida em aclive, câmara de ré, chave tipo canivete, coluna de direção com regulagem em altura e profundidade, computador de bordo, controlador de velocidade de cruzeiro, direção elétrica, retrovisores externos elétricos e aquecidos, navegação por setas com comando de voz, sistema Start/Stop, travas e vidros elétricos, volante multifuncional, banco traseiro bipartido e rebatível, central multimídia com de 8 polegadas com espelhamento de smartphones através do Android Auto e Apple CarPlay, Radio AM/FM, Entrada USB e Aux-in, Função Audio Streaming, GPS, Conexão Bluetooth para Celular e configurações do veículo, sistema premium de áudio com 4 alto-falantes e 2 Tweeters, regulagem de altura dos faróis, grade frontal com detalhes cromados, abertura das portas e alarme antifurto através de sensor de aproximação na chave, sensor crepuscular, botão de partida sem chave, retrovisores externos com rebatimento elétrico, retrovisor interno eletrocrômico, sensor de chuva com ajuste automático de intensidade e sistema de partida do motor por controle remoto com acionamento do ar-condicionado. 
Preço: R$ 96.990.
Opcionais: alerta sonoro e visual de possibilidade de colisão frontal, indicador de distância do veículo da frente, sensor de ponto cego, sistema de aviso de saída involuntária de faixa com acionamento do sistema de permanência em faixa, console central com carregador wireless para celular, banco do motorista com regulagem elétrica de altura, distância, inclinação do encosto e do assento. 
Preço completo: R$ 107.450.

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias

Um novo tempo - Embalado pela tecnologia embarcada da versão de topo LTZ, Chevrolet Cruze volta ao pódio dos sedãs médios

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 20 Jul 2016 11:30:00

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