Ocupantes adultos de um Fiat saíram praticamente ilesos de um acidente rodoviário. Mas morreu uma criança de um ano e meio, arremetida para fora do carro, com cadeirinha e tudo A omissão do governo federal quando se trata de segurança veicular é coerente com outros despropósitos ao lidar com a coisa pública. Basta abrir o jornal e analisar a descrição de muitos dos acidentes de trânsito para se perceber a falta de legislação e fiscalização adequadas como causa de mortes e ferimentos graves nas ruas e estradas. Exemplos recentes foram de um ônibus que capotou depois de escorregar para o acostamento devido ao asfalto molhado, provocando ferimentos graves e mortes. Outro, de uma família num Fiat Idea que também se desgovernou na pista molhada em elevada velocidade e bateu contra uma árvore. Motorista e outros dois ocupantes saíram praticamente ilesos, com ferimentos leves. Mas uma criança de um ano e meio, corretamente acomodada numa cadeirinha no banco traseiro, foi arremetida para fora do carro, com cadeirinha e tudo. Não resistiu ao impacto e faleceu. Nos dois casos, dispositivos de segurança passiva que protegem os ocupantes depois do acidente poderiam ter evitado consequências tão graves. No acidente do ônibus, dá para apostar que nenhum passageiro estava com o cinto afivelado. É mais uma “lei que não pegou”, como tantas outras neste país de curiosa legislação e inexistente fiscalização. São raros os ônibus rodoviários equipados corretamente com cintos. Ou faltam em algumas cadeiras ou estão defeituosos. Alguns motoristas lembram os passageiros de utilizá-los antes de iniciar a viagem, outros nem isso. Não existe também fiscalização específica e rigorosa nas estradas. No caso do Fiat, os adultos saíram ilesos graças aos dispositivos de segurança como cintos, air bags, barras laterais de proteção e carroceria projetada para absorver o impacto. Entretanto, a cadeirinha para criança era certamente do único tipo homologado no Brasil, a que se dependura no cinto de segurança do banco traseiro. Que comprovadamente pouco protege no caso de um impacto mais violento. Neste caso, somente o sistema Isofix garante proteção mais eficiente, pois a cadeirinha vai fixada em travas (argolas) metálicas integradas à estrutura do banco. Todos os automóveis importados e a maioria dos nacionais modernos já oferecem o sistema Isofix, mas as cadeirinhas com este tipo de fixação ainda não são fabricadas no país e devem ser compradas no exterior. Simplesmente porque o governo (Inmetro) demorou anos para se movimentar e estabelecer os parâmetros para sua certificação. Um longo processo que ainda demora meses. Enquanto isso, milhares de vidas continuam sendo desnecessariamente perdidas em acidentes rodoviários. Noticiados por uma imprensa que não os investiga e incapaz de relacionar causas com efeitos. Caso contrário, já teria percebido e divulgado que parte da culpa de tantos feridos e mortos nas rodovias são causados pela inexplicável omissão governamental na segurança veicular.
Fonte: R7
Publicado em: 2015-01-09T15:21:00-02:00
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