No almoço após à coletiva de imprensa onde foi apresentado como o novo presidente do Grupo Volvo Latin America, o sueco Claes Nilsson experimentou pela primeira vez uma feijoada. Gostou do prato típico nacional, mas sabe que sua missão no Brasil pode ser bem mais difícil de digerir. A greve dos caminhoneiros e a forte retração nas vendas de caminhões pressionam as empresas do setor. “Meu presente de boas-vindas ao Brasil não foi bem o que eu esperava... Mas em um de meus trabalhos anteriores, na Rússia, também encontrei um mercado atribulado. O negócio é se adaptar às situações, à medida em que elas surgem”, explica o bem-humorado executivo sueco, por enquanto em um inglês quase britânico – mas as aulas de português, segundo ele, já começaram.
Embora o segmento de caminhões como um todo viva um momento de regressão no Brasil, a Volvo não está tão mal. Em 2014, apesar da queda generalizada do mercado, retomou a liderança do segmento de pesados da compatriota Scania. “Temos mais de um quarto de todo o mercado brasileiro de caminhões nessa categoria”, comemora Claes, que em 2013 estrelou uma campanha publicitária europeia onde falava dos atributos do novo FMX – só que o discurso foi feito sobre um caminhão pendurado em um guindaste sobre o porto de Gotemburgo, a mais de 20 metros de altura. Casado e pai de dois filhos, o novo presidente do Grupo Volvo Latin America fala, na entrevista a seguir, da missão de conduzir a marca nórdica nesses tempos turbulentos no mercado local. Pergunta - Como reagiu à proposta de dirigir a operação do grupo Volvo na América Latina?
Resposta - Aceitei correndo! Trabalho na Volvo desde 1982 e já atuei em muitos setores, na maioria das vezes ligado aos departamentos de Vendas e Marketing. Depois de tanto tempo na Europa e nos Estados Unidos, mercados maduros e estáveis, estou muito animado com a possibilidade de trabalhar em uma região com tantas oportunidades de crescimento quanto a América Latina.
P - Apesar da retração do mercado nacional de caminhões e ônibus, a Volvo do Brasil teve em 2014 o seu segundo melhor ano na história – com 19.732 veículos emplacados, perdeu apenas para os 20.731 emplacados em 2013. Como avalia o momento atual do Grupo Volvo no país e na região?
R - É um grande orgulho termos atingido esse feito no mercado brasileiro. Em 2014, atingimos 26,9% do “market share” de caminhões pesados nacional e retomamos a liderança no segmento. O Brasil é um mercado muito importante para a Volvo e acreditamos que deve retomar em breve o ritmo de crescimento. Em termos de América Latina, tivemos em 2014 crescimentos expressivos nos mercados de Chile, Peru, Argentina e Venezuela. P - Mas, no Brasil, a perspectiva é de uma redução nas vendas desse ano em relação a 2014...
R - A economia brasileira está em um ritmo mais fraco, o que afeta as vendas da Volvo. Para 2015, a expectativa da matriz sueca é vender menos no Brasil do que em 2014. Mas vemos essa desaceleração como algo temporário e acreditamos que, em breve, o crescimento irá retornar ao mercado local. Nós acreditamos no mercado brasileiro e latino-americano no longo prazo. Tudo indica que a região irá retomar índices sustentáveis de crescimento. E a Volvo quer fazer parte disso. P - Sobre a atual linha de produtos da Volvo, qual é a sua avaliação?
R - Acabamos de renovar nossa linha de produtos, que valoriza bastante a conectividade. Ter informações online se tornou uma necessidade para os frotistas, que precisam cada vez mais aumentar sua produtividade. Tenho certeza de que os transportadores brasileiros irão apreciar as novidades tecnológicas da linha Volvo. P - Mas as novas tecnologias aumentaram os preços dos produtos. Isso não pode atrapalhar as vendas?
R - Tivemos uma situação semelhante na Europa, quando as novas tecnologias foram introduzidas. No final, os consumidores perceberam que conseguiam rentabilizar as novidades tecnológicas dos veículos. Não será diferente no Brasil. O desenvolvimento da rede de distribuição também é importante, para podermos oferecer o serviço certo nos locais necessários. Em 2015, teremos mais de 100 concessionárias no Brasil, a maioria delas novas ou recentemente renovadas. P – No final de 2012, o Grupo Volvo anunciou a decisão de trazer para o Brasil uma das outras marcas globais do Grupo – a francesa Renault Trucks, a japonesa UD (antiga Nissan Diesel) ou a norte-americana Mack. Mas, até hoje, não anunciou qual delas virá. Quando haverá essa confirmação?
R – Sobre a segunda marca no Brasil, ainda não temos uma decisão tomada. Estamos constantemente avaliando o valor de ter uma nova marca no país para podermos ampliar o leque de produtos. Mas ainda não tomamos nenhuma decisão sobre isso.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Divulgação
Impacto inicial - Claes Nilsson assume a direção do Grupo Volvo Latin America em fase turbulenta do mercado nacional de caminhões e ônibus
Embora o segmento de caminhões como um todo viva um momento de regressão no Brasil, a Volvo não está tão mal. Em 2014, apesar da queda generalizada do mercado, retomou a liderança do segmento de pesados da compatriota Scania. “Temos mais de um quarto de todo o mercado brasileiro de caminhões nessa categoria”, comemora Claes, que em 2013 estrelou uma campanha publicitária europeia onde falava dos atributos do novo FMX – só que o discurso foi feito sobre um caminhão pendurado em um guindaste sobre o porto de Gotemburgo, a mais de 20 metros de altura. Casado e pai de dois filhos, o novo presidente do Grupo Volvo Latin America fala, na entrevista a seguir, da missão de conduzir a marca nórdica nesses tempos turbulentos no mercado local. Pergunta - Como reagiu à proposta de dirigir a operação do grupo Volvo na América Latina?
Resposta - Aceitei correndo! Trabalho na Volvo desde 1982 e já atuei em muitos setores, na maioria das vezes ligado aos departamentos de Vendas e Marketing. Depois de tanto tempo na Europa e nos Estados Unidos, mercados maduros e estáveis, estou muito animado com a possibilidade de trabalhar em uma região com tantas oportunidades de crescimento quanto a América Latina.
P - Apesar da retração do mercado nacional de caminhões e ônibus, a Volvo do Brasil teve em 2014 o seu segundo melhor ano na história – com 19.732 veículos emplacados, perdeu apenas para os 20.731 emplacados em 2013. Como avalia o momento atual do Grupo Volvo no país e na região?
R - É um grande orgulho termos atingido esse feito no mercado brasileiro. Em 2014, atingimos 26,9% do “market share” de caminhões pesados nacional e retomamos a liderança no segmento. O Brasil é um mercado muito importante para a Volvo e acreditamos que deve retomar em breve o ritmo de crescimento. Em termos de América Latina, tivemos em 2014 crescimentos expressivos nos mercados de Chile, Peru, Argentina e Venezuela. P - Mas, no Brasil, a perspectiva é de uma redução nas vendas desse ano em relação a 2014...
R - A economia brasileira está em um ritmo mais fraco, o que afeta as vendas da Volvo. Para 2015, a expectativa da matriz sueca é vender menos no Brasil do que em 2014. Mas vemos essa desaceleração como algo temporário e acreditamos que, em breve, o crescimento irá retornar ao mercado local. Nós acreditamos no mercado brasileiro e latino-americano no longo prazo. Tudo indica que a região irá retomar índices sustentáveis de crescimento. E a Volvo quer fazer parte disso. P - Sobre a atual linha de produtos da Volvo, qual é a sua avaliação?
R - Acabamos de renovar nossa linha de produtos, que valoriza bastante a conectividade. Ter informações online se tornou uma necessidade para os frotistas, que precisam cada vez mais aumentar sua produtividade. Tenho certeza de que os transportadores brasileiros irão apreciar as novidades tecnológicas da linha Volvo. P - Mas as novas tecnologias aumentaram os preços dos produtos. Isso não pode atrapalhar as vendas?
R - Tivemos uma situação semelhante na Europa, quando as novas tecnologias foram introduzidas. No final, os consumidores perceberam que conseguiam rentabilizar as novidades tecnológicas dos veículos. Não será diferente no Brasil. O desenvolvimento da rede de distribuição também é importante, para podermos oferecer o serviço certo nos locais necessários. Em 2015, teremos mais de 100 concessionárias no Brasil, a maioria delas novas ou recentemente renovadas. P – No final de 2012, o Grupo Volvo anunciou a decisão de trazer para o Brasil uma das outras marcas globais do Grupo – a francesa Renault Trucks, a japonesa UD (antiga Nissan Diesel) ou a norte-americana Mack. Mas, até hoje, não anunciou qual delas virá. Quando haverá essa confirmação?
R – Sobre a segunda marca no Brasil, ainda não temos uma decisão tomada. Estamos constantemente avaliando o valor de ter uma nova marca no país para podermos ampliar o leque de produtos. Mas ainda não tomamos nenhuma decisão sobre isso.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Divulgação
Impacto inicial - Claes Nilsson assume a direção do Grupo Volvo Latin America em fase turbulenta do mercado nacional de caminhões e ônibus
Fonte: Salão do Carro
Categoria: Mercado
Publicado em: 04 Mar 2015 09:10:00
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