De pônei para alazão, o novo Ford Mustang ficou mais afinado e começa a ser vendido nos EUA e chega em 2016 ao mercado brasileiro Os americanos tem uma definição muito particular sobre tudo. E não poderia ser diferente em relação a seus esportivos. Quando decidem fazer algo ao estilo do american way, não há conceito original que sobreviva. Nem sempre o resultado da tradução é bom, mas o Mustang que completou 50 anos está longe de ser uma má ideia. O original foi criado com o incentivo de Lee Iacocca, um executivo jovem que revolucionou o mercado ao lançar aquele cupê de ar europeu e despretensioso. O ar poderia ser europeu, todo o resto era ianque. O batismo? Ou foi inspirado na raça de cavalos ou no clássico caça da Segunda Guerra Mundial. As configurações? A mesma coisa, o preço poderia ir de pouco mais de US$ 2.500 até o dobro ou mais, havia um Mustang certo para o seu bolso e aspiração - talvez a maior sacada. A base? Lee usou a plataforma do sem-graça Falcon, um compacto bem vendido e espaçoso criado sob a gestão de Robert McNamara, homem forte da marca e que depois seria secretário da defesa. Vendeu estilo e logo ganhou performance graças ao trabalho dos engenheiros da marca e do texano Carrol Shelby.
Até por aqui virou música do Marcos Valle, "Mustang cor de sangue". Está certo, ele poderia até aceitar como diz a letra um "Corcel cor de mel", mas para os fãs do esportivo nem mesmo um Maverick serve de substituto. Ele foi cantado e falado em prosa e verso e, de quebra, é o carro que mais apareceu nas telas de cinema. Dá para entender o peso da chegada da sexta geração do modelo com base nisso tudo. Uma forma de não errar é seguir o princípio que balizou o lançamento daquele original de 1964: muito estilo, que nem ficou tão retrô quanto aquele último de 2005, e mecânica afinada com uma ótima relação custo-benefício. Ele custa metade dos bólidos alemães e, agora, promete andar tão bem quanto sobre qualquer piso. Sua versão básica começa a ser vendida dentro de alguns dias nos EUA por U$ 24 mil, cerca de R$ 55 mil. O mais sofisticado chega a U$45 mil, cerca de R$ 90 mil. Lembrando que no Brasil o modelo GT com motor V8 chegará por mais de R$ 220 mil. O capô alongado e a traseira curta ganharam ar contemporâneo. Não é retrô propriamente em tudo, ainda que tenha recuperado alguns elementos do passado para justificar a sua imagem. Caso das lanternas que ligam sequencialmente três lâmpadas na hora de acionar as setas, como era o Mercury Cougar dos anos 70.
Quanto ao espaço, continua sendo bom para motorista e passageiro, mas nem tente colocar uma criança maiorzinha atrás. O acabamento também não mudou muito. Passa maior sensação de qualidade (era mais do que franciscano), mas mantém os plásticos de qualidade apenas correta e tenta incrementar isso com detalhes em alumínio escovado. Às vezes a simplicidade é algo bom, exemplo dos mostradores de fácil leitura. CURVAS SENSUAIS Jornalistas tiveram direito a um longo test-Drive de 250 km com direito a escalar montanhas da Califórnia com estradinhas apertadas e sinuosas. Ali pude colocar à prova a suspensão traseira independente. Falar assim parece que estou testando uma novidade, algo que os esquemas independentes não são há décadas. Mas para o Mustang é uma novidade e tanto, o modelo sempre foi ancorado por eixo traseiro rígido, o que funciona bem em um trackday, principalmente depois do alívio de peso da peça original, mas que cobra seu preço sobre pisos ruins - no Brasil então... Agora ele oferece uma postura mais afiada e europeizada. Em mecânica, são três opções de motores. Foi-se aquela época de crise do petróleo em que o quatro ou seis cilindros eram soluções rápidas (porém lentas) para as novas exigências de economia. Agora eles podem ser um tesão, em especial o 2.3 quatro em linha EcoBoost de 314 cv e 44,2 kgfm de torque, números que concorrem pau a pau com o 3.0 seis em linha da BMW. Então que tipo de maluco optaria pelo V6 3.6. Ora, talvez alguém interessado no ronco liso e rascante de um seis cilindros, já que o quatro cilindros é grave o tempo inteiro e tem que injetar parte do seu volume sonoro internamente através do sistema de som (nada que um BMW M5 também não faça, só que com maior amplitude). Eles mesmo chamam atenção para a sonoridade no site oficial, não pode ser por acaso. De qualquer forma, o V6 gera respeitáveis 304 cv e 38,7 kgfm de torque e pode sair mais barato.
Claro que se alguém for tomar uma decisão com base nas notas emitidas pelo escapamento, o V8 vai encher a platéia com maior facilidade. O 5.0 gera 441 cv de potência e 55 kgfm de torque, associado ou ao câmbio manual ou ao automático sempre de seis marchas. AO VOLANTE Se não pode lutar contra os europeus, junte-se a eles. Foi o que fez a Ford. Através de práticos comandos no painel, o motorista acerta o conjunto para rodar nos modos Sport, Sport + ou Pista (Track). A facilidade de apertar um desses botões contradiz toda a reviravolta feita por baixo do conjunto. O sistema varia volante, suspensão e trocas do câmbio. Há até o controle de largada para arrancar o mais rápido e eficiente possível, mas com aquele jeito engolidor de asfalto dos muscle cars. Ao volante - dei uma mancada: dirigi primeiro o v-oitao que anda muito rápido, tem um ruído no escape que encanta os apaixonados pelo tema, funciona suave, agradável e sobe rápido de giro, como convém a um esportivo. Na volta, assumi o 2.3 ecoboost. Um senhor trabalho de engenharia da Ford para tirar tantos cavalos de um quatro cilindros. Mas não tem a mesma cremosidade ou suavidade do V8. Seu encanto é ainda mais quebrado quando ele geme ao ser exigido, o outro grita e impõe respeito. Pelo menos a leveza do quatro em linha ajuda na inserção das curvas. De olho nos CHIPS (a polícia californiana que guarda as estradas como no antigo seriado), foi possível fazer curvas mais apertadas e sentir a ótima calibração da direção, sempre prazerosa. Olha que o modelo pesa bons 1.700 kg (ainda assim mais leve que o gorducho Chevrolet Camaro e o obeso Dodge Challenger). BRASIL A profecia do desembarque oficial finalmente vai se cumprir... em 2016. O Mustang estará no Salão de São Paulo, mas a demanda pelo modelo no exterior (digo mundo inteiro praticamente) será alta. Então teremos que esperar para ver o V8 ser adaptado ao nosso combustível. O preço depende de variáveis como o dólar, mas não deve ultrapassar os R$ 250 mil.
Fonte: R7
Publicado em: 2014-09-27T09:58:00-03:00
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