A lógica capitalista afirma que um negócio ideal é aquele que gera lucros elevados em curto espaço de tempo. Um ano depois de produzir seu primeiro caminhão no Brasil, a DAF se mostra disposta a subverter um pouco esse velho princípio. Apesar de visar a lucratividade, como qualquer empresa capitalista que se preze, a fabricante holandesa de caminhões planeja para o mercado brasileiro um crescimento progressivo e consistente. Sem afobação para lucrar muito de imediato. Afinal, enfrenta aqui concorrentes fortes e tradicionais no mercado local, como Volvo, Scania, Mercedes-Benz e MAN/Volkswagen. Tanto comedimento aparente na verdade oculta grandes ambições: a DAF quer ter 10% do “market share” nacional no segmento de pesados e semipesados até 2022. Uma meta que ajuda a justificar o investimento de US$ 320 milhões feito na fábrica construída na cidade de Ponta Grossa, no Paraná – a primeira da marca fora da Europa. A DAF é controlada desde 1996 pelo grupo norte-americano Paccar, que produz nos Estados Unidos caminhões das marcas Kenworth e Peterbilt.
Para se aproximar aos poucos dos tais 10% de “share”, a empresa precisa ir bem além desse desempenho. Por isso, aposta em três iniciativas, que ocorrerão gradativamente e de forma simultânea. A primeira é fazer que o mercado brasileiro reconheça os produtos da DAF como veículos “premium”, construídos dentro do mais elevado padrão europeu. Além de investir em marketing e propaganda para ganhar visibilidade no país, a estratégia é fazer com que cada vez mais frotistas sejam convidados a experimentar os veículos da marca. “Precisamos mostrar aos clientes em potencial toda a percepção de qualidade transmitida pelo nosso produto”, explica Marco Davila, presidente da DAF Brasil. O baixo consumo e o reduzido custo operacional também são apontados por Davila como atributos dos caminhões DAF.
O segundo passo é expandir a rede de concessionários exclusivos – já estão em 20 cidades, mas a previsão é que estejam em mais 20 em 2015 e que se atinja o total de 100 lojas até o final da década. Enquanto a frota circulante de modelos DAF ainda é reduzida no Brasil, uma das estratégias para ajudar a viabilizar os negócios da incipiente rede de concessionários é investir na venda das peças universais TRP. A marca foi criada para permitir a comercialização de equipamentos com preços competitivos, pensados para atender caminhões, carretas, ônibus e motores de outras marcas, já fora da garantia, que cheguem às lojas DAF. Sabe-se que, quando termina a garantia, poucos são os consumidores que continuam a se abastecer de peças nas concessionárias autorizadas – que normalmente são mais caras. Assim, com sua linha “genérica” de peças TRP, além de criar uma nova fonte de renda para seus concessionários, a DAF espera atrair e fidelizar proprietários de outras marcas para suas concessionárias – na perspectiva de que, na hora em que forem trocar de caminhão, se lembrem dos produtos DAF. Segundo o presidente da filial brasileira da empresa, tal estratégia já é adotada há anos na Europa, com bastante sucesso. Para os modelos da DAF, as concessionárias oferecem peças originais das marcas DAF e Paccar – essas últimas destinadas aos motores.
A terceira providência será ampliar a linha de produtos e de segmentos atingidos. Para o primeiro trimestre de 2015, já está anunciada a chegada da versão com cabine Super Space Cab do XF, com 2,10 metros de altura interna – atualmente, são oferecidas apenas as versões Confort e Space. A nova cabine virá junto ao lançamento de uma versão de 510 cv do mesmo motor Paccar MX utilizado atualmente no XF, de 12.9 litros. No segundo semestre do ano que vem, será a estreia do pesado CF 85, vocacionado para curtas distâncias. Ele virá em duas opções de cabine, duas de motorização e duas configurações de tração. Já o médio LF ficará para um futuro mais distante.
Quando a unidade paranaense funcionar a pleno vapor – o que significa produzir 10 mil caminhões por ano –, a marca holandesa acredita que terá a participação almejada no mercado brasileiro. E pode até ir além disso. Já tem uma área de 270 mil m2 junto à fábrica de Ponta Grossa, para futuras expansões. Um dos projetos para a ampliação dos negócios é usar a unidade industrial brasileira para abastecer outros mercados sul-americanos, que atualmente importam os caminhões DAF da Europa.
Favorecido pelo fato de estar sem carga, o cavalo-motor pôde ser conduzido de forma extremamente amistosa, quase como se fosse uma picape comum, sem solavancos ou sinais de esmorecimento. Mesmo nos trechos de terra, o conjunto suspensivo ajuda a absorver os solavancos e a suspensão do banco do motorista reduz ainda mais a percepção dos eventuais impactos. Ar-condicionado, vidros e espelhos elétricos reforçam o conforto de quem dirige. Uma parte do teste que mostrou resultados surpreendentes foi o “slalom” entre diversos cones, seguidos de uma manobra em forma de “8”. A performance obtida revelou que o XF tem um jogo de direção e uma agilidade insuspeitos em um veículo de tal porte. A boa retrovisão é favorecida pelos espelhos avantajados e também ajuda bastante nas manobras. Não fosse pelas dimensões realmente hipertrofiadas – são 2,55 metros de largura, 6,81 metros de comprimento e 3,17 metros de altura –, a impressão de quem está ao volante é que daria até para estacionar em algum shopping center.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Divulgação
Tempo de maturação - Com um ano de Brasil e 120 caminhões vendidos, DAF investe em uma expansão gradual
Veja também:
- Avant-première do DAF XF 105
- Linha DAF no Brasil
Para se aproximar aos poucos dos tais 10% de “share”, a empresa precisa ir bem além desse desempenho. Por isso, aposta em três iniciativas, que ocorrerão gradativamente e de forma simultânea. A primeira é fazer que o mercado brasileiro reconheça os produtos da DAF como veículos “premium”, construídos dentro do mais elevado padrão europeu. Além de investir em marketing e propaganda para ganhar visibilidade no país, a estratégia é fazer com que cada vez mais frotistas sejam convidados a experimentar os veículos da marca. “Precisamos mostrar aos clientes em potencial toda a percepção de qualidade transmitida pelo nosso produto”, explica Marco Davila, presidente da DAF Brasil. O baixo consumo e o reduzido custo operacional também são apontados por Davila como atributos dos caminhões DAF.
O segundo passo é expandir a rede de concessionários exclusivos – já estão em 20 cidades, mas a previsão é que estejam em mais 20 em 2015 e que se atinja o total de 100 lojas até o final da década. Enquanto a frota circulante de modelos DAF ainda é reduzida no Brasil, uma das estratégias para ajudar a viabilizar os negócios da incipiente rede de concessionários é investir na venda das peças universais TRP. A marca foi criada para permitir a comercialização de equipamentos com preços competitivos, pensados para atender caminhões, carretas, ônibus e motores de outras marcas, já fora da garantia, que cheguem às lojas DAF. Sabe-se que, quando termina a garantia, poucos são os consumidores que continuam a se abastecer de peças nas concessionárias autorizadas – que normalmente são mais caras. Assim, com sua linha “genérica” de peças TRP, além de criar uma nova fonte de renda para seus concessionários, a DAF espera atrair e fidelizar proprietários de outras marcas para suas concessionárias – na perspectiva de que, na hora em que forem trocar de caminhão, se lembrem dos produtos DAF. Segundo o presidente da filial brasileira da empresa, tal estratégia já é adotada há anos na Europa, com bastante sucesso. Para os modelos da DAF, as concessionárias oferecem peças originais das marcas DAF e Paccar – essas últimas destinadas aos motores.
A terceira providência será ampliar a linha de produtos e de segmentos atingidos. Para o primeiro trimestre de 2015, já está anunciada a chegada da versão com cabine Super Space Cab do XF, com 2,10 metros de altura interna – atualmente, são oferecidas apenas as versões Confort e Space. A nova cabine virá junto ao lançamento de uma versão de 510 cv do mesmo motor Paccar MX utilizado atualmente no XF, de 12.9 litros. No segundo semestre do ano que vem, será a estreia do pesado CF 85, vocacionado para curtas distâncias. Ele virá em duas opções de cabine, duas de motorização e duas configurações de tração. Já o médio LF ficará para um futuro mais distante.
Quando a unidade paranaense funcionar a pleno vapor – o que significa produzir 10 mil caminhões por ano –, a marca holandesa acredita que terá a participação almejada no mercado brasileiro. E pode até ir além disso. Já tem uma área de 270 mil m2 junto à fábrica de Ponta Grossa, para futuras expansões. Um dos projetos para a ampliação dos negócios é usar a unidade industrial brasileira para abastecer outros mercados sul-americanos, que atualmente importam os caminhões DAF da Europa.
Primeiras Impressões
Ponta Grossa/PR - Na pista de provas improvisada no entorno da fábrica paranaense da DAF, que incluiu trechos de terra, aclives e declives, foi possível entender um pouco o “modus operandi” do extrapesado XF 105. O modelo avaliado vinha com cabine Confort e era equipado com um motor de 460 cv – obtidos entre 1.500 e 1.900 rpm – e dotado de um câmbio automatizado ZF AS Tronic de 12 marchas à frente e duas à ré. Essa configuração do versátil motor de 12.9 litros é capaz de produzir um robusto torque de 234,5 kgfm entre 1.050 e 1.410 giros. Para ajudar a gerir uma usina de força desse porte, nada como um câmbio automatizado, que dispensa o pedal de embreagem e ajuda o motorista a ter o caminhão na marcha adequada. E o modo de acionamento manual devolve o “poder” de selecionar as marchas ao motorista, sempre que ele achar necessário.Favorecido pelo fato de estar sem carga, o cavalo-motor pôde ser conduzido de forma extremamente amistosa, quase como se fosse uma picape comum, sem solavancos ou sinais de esmorecimento. Mesmo nos trechos de terra, o conjunto suspensivo ajuda a absorver os solavancos e a suspensão do banco do motorista reduz ainda mais a percepção dos eventuais impactos. Ar-condicionado, vidros e espelhos elétricos reforçam o conforto de quem dirige. Uma parte do teste que mostrou resultados surpreendentes foi o “slalom” entre diversos cones, seguidos de uma manobra em forma de “8”. A performance obtida revelou que o XF tem um jogo de direção e uma agilidade insuspeitos em um veículo de tal porte. A boa retrovisão é favorecida pelos espelhos avantajados e também ajuda bastante nas manobras. Não fosse pelas dimensões realmente hipertrofiadas – são 2,55 metros de largura, 6,81 metros de comprimento e 3,17 metros de altura –, a impressão de quem está ao volante é que daria até para estacionar em algum shopping center.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Divulgação
Tempo de maturação - Com um ano de Brasil e 120 caminhões vendidos, DAF investe em uma expansão gradual
Fonte: Salão do Carro
Categoria: Caminhões
Publicado em: 22 Oct 2014 18:00:00
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