O ano de 2014 foi agitado. A Copa do Mundo no Brasil, as eleições presidenciais e a economia claudicante desviaram um pouco a atenção das novidades do mercado de automóveis. E não foram poucas. A profusão de novidade, inclusive, evitou um resultado pior. A retração nas vendas veículos novos em relação a 2013 ficou em “administráveis” 8,4% nos 11 primeiros mesmos do ano – e não deve sofrer reviravoltas neste mês de dezembro. “Foram vários problemas: aumento dos juros, perda de confiança do consumidor, pressão inflacionária e menor disposição dos bancos em conceder crédito”, enumera Marcos Munhoz, vice-presidente da General Motors do Brasil. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – Anfavea –, entre janeiro e novembro de 2014 foram emplacados 3,13 milhões de carros – no mesmo período do ano passado, foram registradas 3,41 milhões de unidades.
Mas a maior mudança do ano no setor automotivo está se confirmando. A Fiat – mais precisamente sua linha Palio – está prestes a consolidar o posto de carro mais vendido do país, que há 27 anos pertence ao Volkswagen Gol. O modelo produzido em Betim, em Minas Gerais, é líder de mercado há seis meses consecutivos e, até novembro, acumulou 160.784 carros contra 159.207 – exatos 1.577 exemplares a mais. Os sinais de naufrágio do Gol começaram em fevereiro, com a saída do modelo G4 da linha e a queda nas vendas da casa de 21 mil unidades mensais para as cerca de 13 mil/mês atuais.
A aposta da marca alemã ao inserir o inédito Up! no mercado brasileiro em fevereiro era vender 12 mil unidades/mês e cobrir a saída do Gol G4. Mas não deu certo. O pequeno modelo chegou com boas credenciais: moderno, econômico e jovial. Mas o preço era pouco convidativo para o segmento de entrada e a receptividade deixou a desejar. Na média, o carrinho emplacou menos da metade do previsto.
Em 2014, o segmento de hatches compactos ainda viu um fenômeno surgir. O Ford Ka, idealizado e produzido em Camaçari, na Bahia, mas projetado como carro global – na verdade, para países emergentes – foi lançado em setembro e logo se firmou como um campeão de vendas. O compacto de entrada ressurgiu totalmente diferente daquele modelo carismático pelo qual ficou conhecido – com direito também a uma versão sedã. Com novo design, tecnologia e motores eficientes, o hatch baiano já chegou às 12 mil unidades vendidas em um mês. “Estamos muito orgulhosos com o sucesso da nossa nova linha global e principalmente do Ka, que em apenas três meses já é o quarto carro mais vendido do mercado”, destacou Steven Armstrong, presidente da Ford América do Sul.
Os segmento de hatch compacto ainda recebeu o Nissan March nacional, o Renault Sandero totalmente remodelado e o Fiat Uno reestilizado, além de estrear o sistema start/stop – geralmente presente em carros mais sofisticados. Pouco antes do término de 2014, a Volkswagen atualizou a gama Fox – incluídos CrossFox e SpaceFox. Já a Honda lançou a nova geração do Fit, que já mostrou sucesso comercial ao vender mais que o antigo carro-chefe da fabricante japonesa, o Civic. A Kia “elitizou” o Soul, que agora custa mais de R$ 90 mil. Em um patamar acima, o Mini chegou com visual e motores novos. Porém, não perdeu o “ar” retrô.
Entre os médios, destaque para a nova geração do Toyota Corolla. Maior, com uma estética menos conservadora e agora com transmissão CVT, o sedã assumiu – com uma ligeira folga – a liderança do segmento de sedãs e deixou o Civic para trás. A Honda, por sua vez, decidiu mexer apenas nas versões de entrada e intermediária do seu três volumes. A Renault também deu um “tapa” no seu representante: o Fluence. Modificação profunda mesmo ficou por conta do Honda City. Nas picapes, a Volkswagen se movimentou e lançou a Saveiro Cabine Dupla. Com capacidade de levar cinco passageiros, o modelo cresceu nas vendas. Mas nada que abalasse mais um ano de liderança da eterna rival Fiat Strada e suas três portas.
Crescendo de forma exponencial, o segmento de utilitários ganhou novos “players” em 2014. Nos compactos, a Mercedes-Benz trouxe o GLA, o último membro da família A – depois do hatch Classe A e sedã CLA. Entre os médios, a Jeep começou a vender o novo Cherokee com sua dianteira “exótica” e a BMW, no finzinho do ano, lançou o X4. A marca bávara, inclusive, teve um 2014 particularmente agitado. Deu início à sua produção nacional em Araquari, Santa Catarina, com o Série 3 Active Flex e logo em seguida com o X1. Sem muito alarde, a marca iniciou a importação de mais modelos como Série 2 e sua variante conversível, além do Série 4 – Gran Coupé e Convertible. Mas quem fez barulho – nem tanto assim por ser um carro elétrico – foi o i3. O carro ecologicamente correto chegou com preço salgado – mais de R$ 200 mil –, porém concentra todas as forças da fabricante no quesito mobilidade urbana do futuro. A compatriota Audi também não ficou para trás e trouxe mais integrantes da gama do A3: sedã – com motores turbinado 1.4 e 18 –, Cabrio, S3 e o utilitário esportivo RSQ3.
Na casta dos esportivos foram adicionados membros de peso. A Chevrolet começou a importar o famoso Camaro na variante conversível. A Suzuki trouxe ao Brasil o apimentado Swift Sport e a Fiat finalmente iniciou as vendas do “nervosinho” 500 Abarth, de 147 cv. A Honda também recolocou o Civic Si de volta no país. Só que agora o esportivo é importado do Canadá, adota o estilo cupê e o motor é um 2.4 litros aspirado de 206 cv de potência. Sem querer saber de brincadeira, a Jaguar passou a comercializar a configuração cupê do aclamado F-Type – com preços exorbitantes, é claro.
Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Muita ação, pouca reação - Ano repleto de lançamentos não evita recuo em vendas e produção de automóveis no Brasil
Veja também:
- Especial: Destaques de 2014
- Especial: Retrospectiva 2013 Automóveis
Mas a maior mudança do ano no setor automotivo está se confirmando. A Fiat – mais precisamente sua linha Palio – está prestes a consolidar o posto de carro mais vendido do país, que há 27 anos pertence ao Volkswagen Gol. O modelo produzido em Betim, em Minas Gerais, é líder de mercado há seis meses consecutivos e, até novembro, acumulou 160.784 carros contra 159.207 – exatos 1.577 exemplares a mais. Os sinais de naufrágio do Gol começaram em fevereiro, com a saída do modelo G4 da linha e a queda nas vendas da casa de 21 mil unidades mensais para as cerca de 13 mil/mês atuais.
A aposta da marca alemã ao inserir o inédito Up! no mercado brasileiro em fevereiro era vender 12 mil unidades/mês e cobrir a saída do Gol G4. Mas não deu certo. O pequeno modelo chegou com boas credenciais: moderno, econômico e jovial. Mas o preço era pouco convidativo para o segmento de entrada e a receptividade deixou a desejar. Na média, o carrinho emplacou menos da metade do previsto.
Em 2014, o segmento de hatches compactos ainda viu um fenômeno surgir. O Ford Ka, idealizado e produzido em Camaçari, na Bahia, mas projetado como carro global – na verdade, para países emergentes – foi lançado em setembro e logo se firmou como um campeão de vendas. O compacto de entrada ressurgiu totalmente diferente daquele modelo carismático pelo qual ficou conhecido – com direito também a uma versão sedã. Com novo design, tecnologia e motores eficientes, o hatch baiano já chegou às 12 mil unidades vendidas em um mês. “Estamos muito orgulhosos com o sucesso da nossa nova linha global e principalmente do Ka, que em apenas três meses já é o quarto carro mais vendido do mercado”, destacou Steven Armstrong, presidente da Ford América do Sul.
Os segmento de hatch compacto ainda recebeu o Nissan March nacional, o Renault Sandero totalmente remodelado e o Fiat Uno reestilizado, além de estrear o sistema start/stop – geralmente presente em carros mais sofisticados. Pouco antes do término de 2014, a Volkswagen atualizou a gama Fox – incluídos CrossFox e SpaceFox. Já a Honda lançou a nova geração do Fit, que já mostrou sucesso comercial ao vender mais que o antigo carro-chefe da fabricante japonesa, o Civic. A Kia “elitizou” o Soul, que agora custa mais de R$ 90 mil. Em um patamar acima, o Mini chegou com visual e motores novos. Porém, não perdeu o “ar” retrô.
Entre os médios, destaque para a nova geração do Toyota Corolla. Maior, com uma estética menos conservadora e agora com transmissão CVT, o sedã assumiu – com uma ligeira folga – a liderança do segmento de sedãs e deixou o Civic para trás. A Honda, por sua vez, decidiu mexer apenas nas versões de entrada e intermediária do seu três volumes. A Renault também deu um “tapa” no seu representante: o Fluence. Modificação profunda mesmo ficou por conta do Honda City. Nas picapes, a Volkswagen se movimentou e lançou a Saveiro Cabine Dupla. Com capacidade de levar cinco passageiros, o modelo cresceu nas vendas. Mas nada que abalasse mais um ano de liderança da eterna rival Fiat Strada e suas três portas.
Crescendo de forma exponencial, o segmento de utilitários ganhou novos “players” em 2014. Nos compactos, a Mercedes-Benz trouxe o GLA, o último membro da família A – depois do hatch Classe A e sedã CLA. Entre os médios, a Jeep começou a vender o novo Cherokee com sua dianteira “exótica” e a BMW, no finzinho do ano, lançou o X4. A marca bávara, inclusive, teve um 2014 particularmente agitado. Deu início à sua produção nacional em Araquari, Santa Catarina, com o Série 3 Active Flex e logo em seguida com o X1. Sem muito alarde, a marca iniciou a importação de mais modelos como Série 2 e sua variante conversível, além do Série 4 – Gran Coupé e Convertible. Mas quem fez barulho – nem tanto assim por ser um carro elétrico – foi o i3. O carro ecologicamente correto chegou com preço salgado – mais de R$ 200 mil –, porém concentra todas as forças da fabricante no quesito mobilidade urbana do futuro. A compatriota Audi também não ficou para trás e trouxe mais integrantes da gama do A3: sedã – com motores turbinado 1.4 e 18 –, Cabrio, S3 e o utilitário esportivo RSQ3.
Na casta dos esportivos foram adicionados membros de peso. A Chevrolet começou a importar o famoso Camaro na variante conversível. A Suzuki trouxe ao Brasil o apimentado Swift Sport e a Fiat finalmente iniciou as vendas do “nervosinho” 500 Abarth, de 147 cv. A Honda também recolocou o Civic Si de volta no país. Só que agora o esportivo é importado do Canadá, adota o estilo cupê e o motor é um 2.4 litros aspirado de 206 cv de potência. Sem querer saber de brincadeira, a Jaguar passou a comercializar a configuração cupê do aclamado F-Type – com preços exorbitantes, é claro.
Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Muita ação, pouca reação - Ano repleto de lançamentos não evita recuo em vendas e produção de automóveis no Brasil
Fonte: Salão do Carro
Categoria: Mercado
Publicado em: 23 Dec 2014 16:00:00
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