O desmonte do bloco do motor só trouxe boas notícias. Os pistões estavam com a cabeça com índice de carbonização compatível com a quilometragem. Os anéis de compressão estavam todos com folga de entrepontas dentro dos limites aceitos pela fábrica. No virabrequim, a medição de munhões, moentes e folga axial indicou números no centro da faixa de tolerância da Peugeot. Mais altos do que baixos
A retirada do painel e dos revestimentos do 208 mostrou que a proteção da cabine contra a invasão de contaminantes como poeira e água continua sendo um dos pontos fortes dos carros da Peugeot. Foi assim com o hatch 307 e com o crossover 3008 e se repete agora com o 208. Mantas e espumas espessas revestem o assoalho, o que ajuda também no isolamento sonoro. O contraponto da qualidade de equipamento foi o tampão retrátil do teto panorâmico, uma fonte de ruído do início ao fim do teste. Gasto à toa
Na quarta revisão, a rede Peugeot trocou as pastilhas, que de fato haviam chegado ao fim. Mas errou ao condenar também os discos. Resultado: gastamos R$ 392 sem necessidade. Câmbio em alta
Muitos motoristas reclamaram de trepidação nas arrancadas do 208, o que nos levou a imaginar que a embreagem havia chegado ao fim. Longe disso. O disco ainda estava com boa espessura do material de atrito, o que nos leva a imaginar que o material elástico perdeu sua máxima capacidade de gerar pressão. No mais, tudo em ordem: nada de vazamento nas coifas das homocinéticas nem sinais de desgaste nas engrenagens, garfos e luvas de engate do câmbio. Alimentação saudável
O índice de contaminação do corpo de borboleta, componente que regula a entrada da mistura de ar e combustível no sistema de admissão, estava compatível com a quilometragem. Com as velas de ignição também em bom estado, a luz da injeção não acendeu em nenhum momento do teste. Caixa forte
Auxiliada por um sistema elétrico capaz de proporcionar uma boa dose de leveza ao pequeno volante do 208, a caixa de direção se mostrou silenciosa e muito resistente. Sem folga axial ou nos terminais de direção, ela chegou ao desmonte em estado de nova. ATENÇÃO Morte anunciada
O coxim inferior, também chamado de coxim de torção, não fazia ruído nem transmitia vibrações para a carroceria em função da pequena trinca encontrada nele. Mas, com o uso, a tendência era de agravamento. Culpados e inocentes
Os retentores de válvulas cumpriram seu papel, assim como os anéis de compressão dos pistões, todos dentro das especificações. Logo, o elevado índice de contaminação das válvulas pode ser atribuído ao sistema de recirculação dos vapores de óleo. Corrobora essa tese a presença de lubrificante na galeria das válvulas de admissão, exatamente o ponto por onde passam os vapores. REPROVADO Fora de ação
A suspensão foi o único sistema reprovado no desmonte. Um amortecedor vazou e outro perdeu boa parte da pressão por problemas nos componentes internos. Na bandeja esquerda, mais uma falta grave: uma bucha severamente danificada. A suspensão é, definitivamente, o ponto fraco da Peugeot, ao menos a dos modelos avaliados no Longa Duração.
HISTÓRICO
PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS
7677 km: tampa corrediça do teto panorâmico vibra e faz barulho
9618 km: Buzina com som rouco e abafado
28032 km: aparente perda de eficiência do ar-condicionado
34 196 km: Embreagem trepidando nas saídas
39 327 km: chiado nas pastilhas de freio
FOLHA CORRIDA
Preço de compra: R$ 41 920 (agosto/13)
Quilometragem total: 60 092 km
42 993 km – (71,5%) rodoviário
17 099 km – (28,5%) urbano
Consumo total: 6556,2 litros de etanol (R$ 13 114,23)
Consumo médio: 9,2 km/l
Revisões
10 000 km – R$ 220 (Paris-Alphaville)
20 000 km – R$ 390 (Alpes)
30 000 km – R$ 240 (Super France)
40 000 km – R$ 648 (Port Andreta)
50 000 km – R$ 408 (Paris-Morumbi)
Alinhamento, balanceamento e rodízio – R$ 689
Peças extras às revisões
discos e pastilhas de freio dianteiro, R$ 732
Custo por 1 000 km: R$ 273,60
FICHA TÉCNICA
Motor: dianteiro, transversal, 4 cil., 1 449 cm³, 8V, flex
Diâmetro x curso: 75 x 82 mm Taxa de compressão: 12,5:1
Potência: 93/89 cv a 5 500 rpm
Torque: 14,2/13,5 mkgf a 3 000 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Dimensões: comprimento, 396,6 cm; largura, 170,2 cm; altura, 147,2 cm; entre-eixos, 254,1 cm
Peso: 1 086 kg
Peso/potência: 11,7/12,2 kg/cv
Peso/torque: 76,5/80,4 kg/mkgf
Volumes: porta-malas, 285 litros; tanque, 55 litros
Suspensão: Dianteira: independente, Mcpherson Traseira: eixo rígido
Freios: disco sólido (dianteira), tambor (traseira)
Direção: elétrica
Pneus: 195/60 R15
VEREDICTO
Em outubro, quando fizemos a simulação de venda do carro, caiu a máxima de que francês tem desvalorição acima da média. Na rede, as ofertas (ainda que condicionadas à compra de um outro Peugeot) foram muito boas. Nosso 208 contraria outra má fama dos franceses: a do custo elevado de manutenção. Ele dá adeus ao Longa com um número só um pouco acima da média do segmento. A rede, apesar de ter mostrado alguma melhora, ainda carece de atenção da fábrica.
Maio de 2013. A concessionária Alpes faz uma entrega desastrosa do 208. O técnico disse que o primeiro abastecimento deveria completar o tanque e ser feito apenas com gasolina. Em seguida, reforçou que era obrigatória a realização da primeira revisão exclusivamente na Alpes. Mais tarde, contatamos o 0800 da Peugeot – que, claro, desmentiu tais […]
Fonte: 4 Rodas Longaduração
Categoria: Peugeot 208
Autor: Redação
Publicado em: 16 Dec 2014 12:00:45
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