Na hora de comprar um carro, o consumidor brasileiro sempre tenta conciliar uma boa lista de equipamentos com um preço que caiba no bolso. E, geralmente, uma versão intermediária de um modelo cumpre bem esse papel. No caso do novo
Nissan March – que tem 47% de motores 1.0 no
“share”, contra 53% do 1.6 litro – quem desempenha essa
“função” é a configuração 1.0 SV. Ela se torna justamente uma versão que oferece os principais atributos da linha, dentro de um custo/benefício interessante. Não por acaso, a SV emplaca quase metade de todos os March que são vendidos com motor
“mil”. E um em cada cinco March comercializados é dessa configuração. Desde a reestilização em maio desse ano, o compacto da Nissan cresceu nas vendas e tem média de mais de 2.200 unidades nos últimos quatro meses – destaque para setembro, com 2.559 exemplares.
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- Teste do novo Nissan March 1.6 SL
Agora fabricado em Resende, no Sul do Rio de Janeiro,
o March 1.0 SV custa R$ 36.990. Aliado ao preço competitivo, está um bom
“recheio”. Ar-condicionado, direção elétrica, volante multifuncional, moldura da grade inferior cromada, farol de neblina, sistema de som rádio AM/FM, CD/Mp3, entradas USB e auxiliar, além de Bluetooth, quatro alto-falantes e rodas de liga leve de 15 polegadas são alguns deles. Ar-condicionado digital, câmara de ré e sistema multimídia ficam restritos à motorização 1.6 litro. Ou seja, a versão 1.0 SV traz basicamente tudo que um carro urbano precisa ter, sem maiores firulas.
A parte mecânica é mesma do modelo
“hecho en México”. O motor 1.0 16V flex – de origem Renault –
entrega 74 cv a 5.850 rpm tanto com etanol ou gasolina no tanque. O torque fica em 10 kgfm a 4.350 rpm, sendo que 90% dele está disponível aos 3.500 giros. Com a transmissão manual de cinco marchas – também oriunda da marca francesa –, o March 1.0 leva 14,5 segundos para chegar aos 100 km/h partindo da inércia– com gasolina – e 13,8 s com etanol. Nas versões superiores, a combinação de 111 cv e peso de 982 kg é mais animadora. Na de entrada, no entanto, a relação peso/potência de 12,6 kg/cv fica na média da concorrência. Outro bom argumento de vendas é o renovado design. Em maio desse ano, além de produzir o carro no Brasil – antes era importado do México –, a Nissan promoveu uma repaginação geral do carrinho. A nova estética colocou o pequeno March em linha com os recentes modelos da gama da Nissan, que refletem a assinatura atual do design mundial da marca nipônica.
Ponto a ponto
Desempenho – Apesar do baixo peso de 956 kg, os 74 cv são apenas suficientes para mover o hatch de maneira razoável – acima das 3 mil rpm. Em giros menores, no entanto, pisar fundo no acelerador pode frustrar quem dirige.
Nota 6.
Estabilidade – O carrinho da Nissan vai bem nesse aspecto. A suspensão deixa a carroceria rolar pouco nas curvas e o March não torce muito. Em frenagens, o comportamento também é adequado. Já em altas velocidades, o hatch se beneficia da direção elétrica, que fica mais
“durinha” e dá a sensação de maior controle do carro.
Nota 7.
Interatividade – A maioria dos comandos do March são bem posicionados e de fácil manuseio. A exceção é o controle dos retrovisores elétricos, meio escondido atrás do volante. A transmissão manual de cinco velocidades tem bons engates, apesar de ser um tanto áspera e
“seca”. Conectar o celular ao Bluetooth do sistema de som é intuitivo e leva apenas alguns segundos. Mas elogiável mesmo é a retrovisão. O amplo vidro traseiro permite o motorista ter ampla visão do que está se passando atrás do carro.
Nota 7.
Consumo – O March entrou na lista de veículos testados pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem do InMetro. De acordo com o órgão, a versão SV 1.0 atingiu médias de 8,7/10,4 km/l com etanol em trecho urbano e estrada, respectivamente. Com gasolina, os números sobem para 12,5/14,8 km/l. O resultado foi a nota
“A” tanto na categoria quanto no geral. Seu índice de consumo energético ficou em 1,59 MJ/km.
Nota 10.
Conforto – A suspensão lida bem com os buracos e as pancadas são absorvidas com competência. Quem deixa a desejar é o isolamento acústico. Mesmo em ponto morto, o ruído do propulsor invade a cabine. Em rotações maiores, o barulho é bastante incômodo. Os bancos também poderiam dar melhor apoio e conforto ao motorista.
Nota 6.
Tecnologia – Junto do face-lift, a Nissan fez alterações na plataforma
“B-Zero”, que passa a se chamar
“V” nessa segunda geração. Dentre as modificações estão a carroceria reforçada, novos materiais no assoalho, painéis laterais e frontais e mais pontos de solda. Em termos de equipamentos, a versão
“top” 1.0 SV vem com uma interessante lista que conta com CD Player com entrada auxiliar para MP3 Player/iPod, conector USB, Bluetooth, quatro alto-falantes, retrovisores elétricos e volante multifuncional.
Nota 7.
Habitabilidade – Os compactos não são conhecidos pelo excesso de espaço interno. E o March não foge à regra. Na frente, os ocupantes se instalam bem. Já quem viaja atrás sofre um pouco e depende da parcimônia dos passageiros dianteiros. Apenas duas pessoas conseguem viajar ali sem se espremer. Entrar e sair do carro não demanda maiores ginásticas. Os vãos para guardar objetos de uso pessoal, como chave, celular e carteira, são escassos. O porta-malas é menor do que o da concorrência, mas não chega a ser tão ruim – leva 265 litros.
Nota 6.
Acabamento – Hatches compactos são sinônimo de plásticos. E no March SV há bastante deles espalhados pelo habitáculo. Eles são rígidos e a textura, no entanto, parece boa. Os puxadores das portas cromados melhoram o ambiente. Já os encaixes mereciam maior atenção. O volante tem o desenho de carros mais caros, como o Sentra e Altima. E a padronagem dos bancos é bem simples.
Nota 6.
Design – O hatch compacto agora produzido no Brasil não difere muito daquele que vinha importado do México, mas as discretas mudanças no conjunto ótico e grade dianteira conferiram um aspecto mais moderno e
“agressivo” ao modelo. Pena que parou por aí.
Nota 7.
Custo/benefício – Na concorrência, é difícil achar um carro 1.0 de R$ 36.990 já com ar-condicionado, direção e trio elétricos, computador de bordo e sistema de som completo – a bonita cor azul adiciona cerca de R$ 1 mil ao preço final. É um pacote atrativo para um compacto nacional. A grande
“pedra” no caminho do March é o Sandero. O compacto da Renault na versão Expression 1.0 parte de R$ 35.930 e se iguala em termos de equipamentos. Já a Ford pede R$ 39.990 pelo Ka 1.0 SEL. A favor do novo carro da Ford estão os controles eletrônicos de tração e estabilidade e motor de 85 cv. O Volkswagen Up supera os R$ 40 mil quase equipado a altura.
Nota 8.
Total – O Nissan March 1.0 SV
somou 70 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Como toda marca japonesa, o conservadorismo deu o tom na hora de promover uma reestilização no March. As mudanças mais significativas estão nos faróis dianteiros e traseiros. Na frente, os
“olhos” ganharam a identidade atual da Nissan, com o formato bumerangue. O design é completo pela grade em
“V” e no estilo colmeia. Atrás, as lanternas apenas ganharam um
“tapa” no visual e se assemelham as do March mexicano, que continua a ser importado como modelo de entrada da linha. Se por um lado não impressiona tanto assim, por outro também não desagrada. Dentro, o March é simples. Porém, tudo é funcional. Os comandos mais vitais estão bem localizados e, graças aos ajustes de altura do volante e do banco, o motorista consegue achar facilmente a melhor posição de condução. Os plásticos estão lá, mas a aparência – visual e tátil – é boa. A má impressão fica apenas com o isolamento acústico. Em qualquer faixa de rotação, o ruído do propulsor 1.0 invade a cabine sem cerimônias e é preciso levantar um pouco o tom da voz para se fazer entender dentro do habitáculo.
Em movimento, o March 1.0 não empolga, mas também não chega a decepcionar. O torque de 10 kgfm só aparece em altas 4,350 rpm e tira qualquer ambição do carrinho de andar rápido. Na cidade, a falta de torque em baixa não é tão sentida assim. Porém, na hora de fazer uma ultrapassagem ou uma retomada de velocidade, é preciso recorrer ao câmbio e efetuar alguma redução de marcha para embalar. Por outro lado, a rigidez torcional do carrinho deixa o motorista sempre com a sensação de segurança nas curvas. O conjunto suspensivo lida bem com o esburacado solo brasileiro e garante certo conforto aos ocupantes. O grande destaque fica por conta de sua manobrabilidade. Com a assistência elétrica da direção, o March é muito efetivo na hora de manobrar e relativamente preciso em altas velocidades. Estacionar o hatch de 3,83 metros fica ainda mais fácil com o raio de giro de apenas 4,5 metros. O March entra ou sai de uma vaga mais apertada com extremo êxito. A ótima desenvoltura também pode ser percebida no trânsito, onde o modelo consegue se livrar de uma faixa congestionada com o mínimo esforço por parte do condutor.
Ficha técnica
Nissan March 1.0 SV
Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 998 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração.
Potência: 74 cv com gasolina/etanol a 5.850 rpm
Torque: 10 kgfm com gasolina/etanol a 4.350 rpm
Diâmetro e curso: 69 mm X 66,8 mm. Taxa de compressão: 10:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira por eixo de torção com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos.
Pneus: 185/60 R15
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. ABS com EBD e assistência de frenagem.
Carroceria: Hatch compacto em monobloco com cinco portas e cinco lugares. Com 3,83 metros de comprimento, 1,67 m de largura, 1,53 m de altura e 2,45 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série.
Peso: 956 kg.
Capacidade do porta-malas: 265 litros.
Tanque de combustível: 41 litros.
Produção: Resende, Brasil.
Lançamento mundial: 2013.
Lançamento no Brasil: 2014.
Itens de série: Ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, desembaçador traseiro com temporizador, direção elétrica progressiva, para-sol com espelhos cortesia para motorista e passageiro, porta-malas com iluminação, tampa de combustível com abertura interna, volante com regulagem de altura, chave com telecomando para abertura e fechamento das portas e do porta-malas, maçanetas internas cromadas, retrovisores, travas e vidros dianteiros e traseiros elétricos, aerofólio com brake light e lâmpada de leds, Bluetooth, volante multifuncional, maçanetas externas na cor da carroceria, moldura da grade inferior cromada, farol de neblina com acabamento cromado, CD Player com entrada auxiliar para MP3 Player/iPod, conector USB, quatro alto-falantes e rodas de liga leve aro 15.
Preço: R$ 36.990.
Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias Ponto de equilíbrio - Com motor 1.0, Nissan March SV se destaca nas vendas e no custo/benefício