14 de mai. de 2015

Teste do Nissan March 1.0 S

Teste do Nissan March 1.0 S

O mercado automotivo vive em constante mudança. Com consumidores cada vez mais exigentes, categorias que antes não recebiam grandes cuidados passam a ser alvo de mais atenção. Os hatches compactos, por exemplo, eram modelos comumente vistos há pouco tempo em versões de entrada “peladas”. Hoje, porém, essas configurações são quase escassas e aparecem praticamente apenas nos projetos mais antigos ou no catálogo da fábrica, para criar um preço inicial mais baixo. Na prática, o que se vê são modelos já com os itens de conforto considerados básicos. O Nissan March 1.0 S traz esses itens mas, ao mesmo tempo, evita quaisquer futilidades estéticas ou luxos sem função objetiva. A ideia da versão é primar pela racionalidade.

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Posicionada no meio das três opções com motor 1.0, a S traz ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, direção elétrica, porta-malas com iluminação e abertura na chave, retrovisores elétricos, travas e os quatro vidros elétricos e alarme. Não há sistema de som, mas a fabricante entrega o modelo preparado para a instalação. Logo abaixo fica a versão Conforto, que perde a chave com telecomando, trio elétrico e revestimento de tecido nas portas e custa R$ 2 mil a menos – R$ 35.990 contra R$ 37.990. A topo entre os modelos 1.0 é a SV, que custa R$ 3 mil a mais e adiciona som, volante multifuncional, faróis de neblina, aerofólio com luz de freio e detalhes estéticos. O motor 1.0 em questão é o moderno propulsor de três cilindros, 12 válvulas e sistema de partida a frio, fabricado pela Nissan no Brasil e adotado no hatch em março último. Com cabeçote e bloco em alumínio, ele usa uma corrente interna no lugar da famigerada correia dentada, o que reduz consideravelmente a manutenção. O motor atinge 77 cv e 10 kgfm de torque tanto com gasolina quanto com etanol no tanque e está sempre associado à transmissão manual de cinco marchas. Trata-se do mesmo trem de força usado no sedã Versa, que foi nacionalizado no final de março.

A aposta na fabricação nacional de seus dois compactos faz parte da ambiciosa meta da marca nipônica de mais que dobrar sua participação de mercado, atualmente em 2,3%, para 5% até março de 2017. Pelo menos por enquanto, as vendas do March ainda não emplacaram o necessário para conduzir a esse objetivo. Nos primeiros quatro meses de 2015, a média foi de 2.151 emplacamentos mensais. Em seu melhor momento, ao longo de 2012, o hatch chegou a computar 33.149 vendas, ou seja, 2.762 por mês. A fabricante espera, no entanto, ampliar esses números em 2015 e 2016. Isso porque é patrocinadora das Olimpíadas, que serão realizadas no Rio de Janeiro, e acredita no sucesso de uma futura versão comemorativa para o evento.

Ponto a ponto

Desempenho – São 950 kg de peso e 77 cv de potência tanto com etanol quanto com gasolina no tanque, o que confere uma boa relação de 12,3 kg/cv à versão 1.0 S do Nissan March. O novo motor de três cilindros da marca nipônica se mostra esperto em giros menores e o torque de 10 kgfm aparece às 4 mil rotações. O modelo se sai melhor no tráfego urbano, mas ultrapassagens e retomadas são feitas de maneira eficaz quando se recorre às reduções de marchas. Nota 8. Estabilidade – De maneira geral, a sensação é de se ter o carro controlado. As rolagens de carroceria são pouco perceptíveis e a direção, apesar de muito leve nas manobras de estacionamento, ganha mais peso conforme o ponteiro do velocímetro sobe. Nota 8.

Interatividade – O March 1.0 S é um carro funcional. Tem poucos comandos, mas todos bem posicionados. A maior sofisticação fica por conta do computador de bordo. A transmissão manual de cinco velocidades traz engates corretos e a retrovisão é boa, mas não há luxos nem enfeites. Nota 6. Consumo – De acordo com a Nissan, o March 1.0 de três válvulas atingiu médias de 8,8/12,9 km/l com etanol em trecho urbano e estrada, respectivamente, no Programa Brasileiro de Etiquetagem. Com gasolina, os números sobem para 10,3/15,1 km/l. O resultado foi a nota “A” no Programa Brasileiro de Etiquetagem, tanto na categoria quanto no geral. Na avaliação, com gasolina no tanque e em trânsito urbano, a média ficou em 12,6 km/l. Nota 9.

Conforto – A suspensão absorve as irregularidades do terreno com eficiência e o espaço interno, apesar de não ser o maior da categoria, é suficiente para transportar de maneira honesta quatro ocupantes. Mas o isolamento acústico deixa a desejar, assim como a ergonomia dos bancos. Nota 6. Tecnologia – O March ganhou face-lift ano passado e, neste ano, passou a contar com o novo motor 1.0 flex de três cilindros, uma derivação do 1.2 de três cilindros a gasolina adotado na Ásia. O propulsor é moderno e leve, com cabeçote e bloco em alumínio, e elimina o tanquinho de gasolina para partida a frio. A direção elétrica é um trunfo neste segmento de veículos de entrada e, junto com os vidros elétricos nas quatro portas, travas elétricas e ar-condicionado, já sai de fábrica na versão S. Nota 7.

Habitabilidade – O ângulo de abertura das portas é bom e facilita o acesso. Os vãos para guardar objetos de uso pessoal são pouco funcionais -  com um rádio comprado como acessório, sobra um espaço abaixo que pode ser usado para guardar carteiras, mas é esteticamente condenável. O porta-malas leva modestos 265 litros. Nota 6. Acabamento – Veículos de entrada de marcas generalistas normalmente são recheados de plásticos rígidos. Os encaixes, pelo menos, são bem feitos. Não há luxos, ao contrário, quase tudo no modelo tem mesmo aspecto de veículo de entrada e popular. Nota 5.
Design – O face-lift de 2014 modernizou a cara do March, com seu novo conjunto ótico e grade dianteira. É um design que não compromete, mas também não chega a destacá-lo frente à concorrência do segmento. Nota 7. Custo/benefício – A Nissan cobra R$ 37.990 pela versão S do March. Na concorrência direta dos hatches 1.0, só o novo Uno Attractive é mais barato, por R$ 36.800, mas sem vidros traseiros elétricos. O Volkswagen Up se aproxima bastante do valor do March em sua versão de entrada, a Take, equipado à altura – também só conta com vidros elétricos dianteiros. Um Fiat Palio Attractive com nível semelhante de equipamento sai a R$ 39.628, enquanto o Ford Ka SE – que já traz rádio – parte de R$ 38.990 e Renault Sandero Expression, também com vidros traseiros manuais e rádio, começa em R$ 39.260. Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Volkswagen Gol só podem ser comparados com o March 1.0 S em versões que batem os R$ 42 mil. Nota 7. Total – O Nissan March 1.0 S somou 69 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

A principal estrela do March 1.0 é, sem duvida, o motor novo de três cilindros. Além dos 77 cv disponíveis tanto com etanol quanto com gasolina no tanque, sua curva de torque foi otimizada.  O torque máximo passou a ser entregue 350 giros antes do que no propulsor quatro cilindros e é ofertado com mais fartura desde as rotações mais baixas. Isso melhora as saídas de sinal, as ultrapassagens e as retomadas do modelo, fazendo-o se destacar principalmente no trânsito urbano. O câmbio manual de cinco marchas trabalha em boa sintonia com o motor, com engates precisos.  Nas curvas, as rolagens de carroceria são controladas. Outro destaque da versão é a direção elétrica de série. Nas manobras de estacionamento e em velocidade baixa, é extremamente leve. Mas basta o ponteiro do velocímetro subir para que o volante ganhe peso e aumente a sensação de segurança – até 110 km/h, não há sinais de flutuação nem se fazem necessárias correções de trajetória. Uma vantagem do motor de três cilindros da Nissan é a ausência de trepidação. Ou seja, nada de parar no sinal e sentir o carro tremelicar.

Ficha técnica

Nissan March 1.0 S

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 3 cilindros em linha, 12 válvulas, acelerador eletrônico, sistema de partida a frio, sistema de variação contínua da fase de abertura das válvulas (CVVTCS).
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração.
Potência: 77 cv com gasolina/etanol a 6.200 rpm.
Torque: 10 kgfm com gasolina/etanol a 4 mil rpm. 
Diâmetro e curso: 78 mm X 69,7 mm.
Taxa de compressão: 11,2:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira por eixo de torção com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos.
Pneus: 165/70 R14.
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. ABS com EBD e assistência de frenagem.
Carroceria: Hatch compacto em monobloco com cinco portas e cinco lugares. Com 3,83 metros de comprimento, 1,67 m de largura, 1,53 m de altura e 2,45 m de entre-eixos. Airbags frontais. 
Peso: 950 kg. 
Capacidade do porta-malas: 265 litros.
Tanque de combustível: 41 litros.
Produção: Resende, Brasil.
Lançamento mundial: 2013.
Lançamento no Brasil: 2014.
Itens de série: Ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, desembaçador traseiro com temporizador, direção elétrica progressiva, porta-malas com iluminação, tampa de combustível com abertura interna, volante com regulagem de altura, chave com telecomando para abertura e fechamento das portas e do porta-malas, retrovisores, travas e vidros elétricos.
Preço: R$ 37.990.

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias

Tudo pelo racional - Nissan March S 1.0 combina equipamentos funcionais e preço competitivo

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 13 May 2015 09:10:00

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