A Mitsubishi agiu rápido. Durante o Salão de Nova Iorque, em abril último, a japonesa revelou ao mundo o novo Outlander, com design remodelado – principalmente na dianteira. E apenas um mês depois, a fabricante já desembarcou o crossover no Brasil. Além da nova cara, o modelo ganhou uma novidade extra: uma versão diesel. O face-lift de emergência feito pela Mitsubishi veio depois de várias críticas globais à sua terceira geração. Mas a estética rejeitada parece não ter afetado as vendas no Brasil. Em 2013, o Outlander emplacou quase 1.100 unidades/mês após sua estreia, em agosto. No ano seguinte, manteve o patamar projetado pela marca nipônica, com pouco mais de 600 carros mensais – justamente o dobro do antecessor. Agora, com a reestilização e a nova motorização, os planos são mais otimistas: 800 emplacamentos por mês.
Como já era de esperar, o face-lift mexeu nas extremidades do carro e, de quebra, revelou o visual que os próximos carros da Mitsubishi devem adotar. A dianteira foi a mais retocada. Ganhou um arrojado desenho no para-lamas e para-choque em forma de
“X”, que agrega um novo painel cromado com desenho futurista. As entradas de ar e farol de neblina com detalhes cromados também foram remodelados. A luz de iluminação diurna completa o visual frontal. Atrás, as alterações são mais sutis. O aerofólio tem brake light e há um acabamento cromado na tampa do porta-malas, que integra lanternas em leds. O para-choque mais robusto reforça a estética
“off-road”. A lateral vem com um friso que contorna os vidros e destaca a linha de cintura alta. O rack de teto e as maçanetas cromadas dão um toque de sofisticação, assim como as rodas de 18 polegadas de série. A Mitsubishi aproveitou a remodelação e diversificou o poder de atração do modelo no Brasil. Agora, o crossover conta com um inédito motor diesel de quatro cilindros, 2.2 litros com turbo de geometria variável, intercooler, injeção direta e duplo comando no cabeçote. De acordo com a marca japonesa, o propulsor proporciona maior torque e economia de combustível. Em números, são 165 cv e 36,7 kgfm. A motorização diesel se junta a outras duas já existentes a gasolina. A versão de entrada vem equipada com um 2.0 litros de 160 cv e 20,1 kgfm – igual ao do sedã Lancer. Nas configurações GT e GT Full Technology Pack, quem faz a força é o V6 3.0 litros de 240 cv e 31 kgfm. A complementação do trem-de-força varia de acordo com a versão. Na 2.0 litros, a transmissão agora é CVT com simulação de 6 marchas e tração dianteira. Já nas versões V6 e diesel, o Outlander se torna 4X4 com câmbio automático de seis marchas.
Com o preço de R$ 173.990, o novo Outlander com motor diesel chega para ficar no topo da gama. Segundo a Mitsubishi, deve responder por 20% do
“mix” do crossover, o que representaria 160 das 800 unidades/mês projetadas. Para isso, a lista de equipamentos é um diferencial: ar-condicionado de duas zonas, tampa do porta-malas com abertura e fechamento automáticos, teto solar e sistema multimídia com tela
“touch” de 7 polegadas. Mas o Outlander se destaca mesmo é na segurança. Além de airbags dianteiros, laterais, de cortina e de joelho, é recheado eletronicamente: alerta sonoro de mudança de faixa no painel, caso o motorista faça a manobra involuntariamente, controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampa. O
“pacote” ainda inclui duas tecnologias interessantes e que trabalham em conjunto. O ACC – ou controle de cruzeiro adaptativo – programa a velocidade que deseja andar e, caso um veículo entre na frente, o carro a reduz automaticamente para manter a distância. Se o da frente frear, o Outlander acompanha a frenagem. O outro é o FCM – Foward Collision Mitigation –, um sistema que utiliza um radar para controlar a distância de possíveis obstáculos à frente. Ao entrar em margem de risco, ativa um alarme sonoro e aviso no painel que solicita uma ação de frenagem. Caso o condutor fique sem reação e a velocidade relativa entre o Outlander e o obstáculo for de até 30 km/h, o sistema freia o veículo de forma autônoma. E os carros vão ficando cada vez mais
“à prova de barbeiragens”...
Ponto a ponto
Desempenho – O motor turbodiesel de 2.2 litros, 165 cv e 35,7 kgfm de torque move o Outlander sem grandes dificuldades. A transmissão automática de seis marchas também consegue aproveitar a melhor faixa de torque e garante desenvoltura e vigor ao crossover. Quem quiser explorar aimda mais o potencial do
“powertrain” pode acionar as
“borboletas” no volante para trocas de marchas manuais.
Nota 8.
Estabilidade – A Mitsubishi diz ter aumentado a rigidez estrutural do chassi e da suspensão do Outlander em relação ao modelo anterior. Na prática, o modelo se mostra mesmo equilibrado e versátil. As rolagens de carroceria são controladas e a sensação de segurança se faz presente, seja em trechos sinuosos, nas pistas ou nos altos e baixos dos trajetos off-road.
Nota 8.
Interatividade – É fácil se acostumar com todos os comandos. A central multimídia é intuitiva, os paddle-shifts são generosos e o volante tem ótima empunhadura. Somente o ajuste dos retrovisores elétricos – atrás do volante – e o freio de mão – mais para o lado do carona – são mal localizados. A troca do estilo de tração é executada por um botão situado atrás do câmbio automático.
Nota 8.
Consumo – O Outlander com motorização diesel não participa do Programa Brasileiro de Etiquetagem do InMetro. Durante a avaliação, o crossover registrou uma média de 13,1 km/l em trecho predominantemente de rodovia.
Nota 7.
Conforto – Talvez a maior virtude do modelo. Os bancos, além de serem aquecidos, têm boa densidade e há espaço suficiente para acomodar cinco pessoas sem apertos. A acústica é eficiente em isolar o tradicional ruído dos motores diesel. Outra característica desse tipo de propulsor é a vibração. Porém, no Outlander ela é imperceptível.
Nota 9.
Tecnologia – O Outlander é bem fornido nesse aspecto. Principalmente no que tange à segurança. Nove airbags, controles eletrônicos de estabilidade e tração, frenagem automática, alerta de mudança involuntária de faixa e piloto automático adaptativo são os
“highlights”. O modelo ainda conta com novo motor diesel e a plataforma é bem recente. A central multimídia completa fecha o pacote.
Nota 9.
Habitabilidade – Entrar e sair do Outlander é facilitado pelo bom ângulo de abertura das portas. A cabine tem porta-copos e porta-objetos suficientes para levar itens de uso rápido como celular, carteira e chaves. A última fileira de bancos é onde adultos podem passar alguma dificuldade e não é aconselhável passar muitas horas ali. O porta-malas leva quase 800 litros com a terceira fileira de bancos ereta, mas chega a generosos 1.625 litros com todos os bancos de trás abaixados.
Nota 9.
Acabamento – A mistura dos plásticos emborrachados e duros no habitáculo conferem qualidade ao modelo, mas não transmite requinte. Volante e painel têm detalhes em plástico preto brilhante com moldura prateada e as portas ganharam materiais emborrachados. O ambiente é sóbrio, porém não traz o nível de sofisticação que o preço sugere.
Nota 7.
Design – Definitivamente o Outlander melhorou no quesito estético. O desenho sem graça de antes ganhou uma revitalizada com a nova dianteira toda brilhante devido à grande quantidade de cromados. E é melhor se acostumar. O Outlander antecipa o design que os futuros Mitsubishi irão ter. Atrás, pequenas mudanças contribuíram para a harmonia do veículo.
Nota 8.
Custo/benefício – O Mitsubishi Outlander Diesel não tem um concorrente direto com tal motorização. A marca japonesa acredita que seu carro reestilizado possa brigar diretamente com Kia Sorento e Honda CR-V – todos a gasolina ou flex. A favor do modelo da Mitsubishi está o novo motor e tecnologias, como o controle de cruzeiro adaptativo com frenagem automática. Para tudo isso existe um preço. E não é barato: R$ 173.990. A versão de entrada sai por menos de R$ 115 mil. O valor é um pouco mais baixo do que a Honda cobra pelo CR-V EXL 4X4 – R$ 115.900 – com apenas cinco lugares e motor flexível 2.0 litros e 155 cv – com etanol. Equipado a altura – sem piloto automático inteligente, mas com motor V6 de 278 cv –, o Kia Sorento topo de linha sai a R$ 149.900.
Nota 5.
Total – O Mitsubishi Outlander Diesel
somou 79 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Mogi Guaçu/SP – A reestilização fez bem ao Mitsubishi Outlander. O novo design deu ao crossover uma
“cara” moderna e mais palatável que o carro que chegou aqui em 2013. A estética acompanha a nova identidade visual
“platinada” dos carros da fabricante nipônica no mundo. Já no complexo da Mitsubishi, no interior paulista, foi possível botar a grande novidade à prova na terra e no asfalto: o Outlander diesel. No acidentado, porém leve circuito off-road, o modelo mostrou que pode encarar uma
“laminha”, áreas pouco alagadas, valetas e trechos em cascalho sem acusar muito o
“golpe”. Só não vale exagerar. Para aquela
“estradinha” de terra até o sítio no final de semana o crossover se sai muito bem. O modelo tem robustez e o torque de 36,7 kgfm ajuda no
“fôlego”.
Entretanto, o crossover de mais de R$ 170 mil se sente mais à vontade na estrada. A Mitsubishi afirma ter aumentado a rigidez estrutural do chassi e da suspensão, além de reforçar o isolamento acústico. E isso ficou bem claro nos mais de 100 quilômetros percorridos – ida e volta – entre as cidades paulistas de Mogi Guaçu e Holambra. O conjunto suspensivo consegue absorver as poucas imperfeições das estradas do interior paulista e, em alta velocidade, o carro não demanda muitas correções na direção. Apesar do motor diesel, não há vibração e barulho em excesso no habitáculo. O ponto-chave do Outlander é o conforto. E o controle de cruzeiro adaptativo é uma bom exemplo disso. Ao ajustar a velocidade e a distância do carro frente, o Outlander se torna praticamente autônomo. Caso um veículo entre na trajetória do crossover, o sistema reduz a velocidade automaticamente e mantém uma distância segura – que tem três ajustes. Com a rota livre, a tecnologia retoma a aceleração. Resta ao condutor, com tanto conforto, resistir a um breve cochilo.
Ficha técnica
Mitsubishi Outlander
Motor 2.0: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.998 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro. Injeção e acelerador eletrônicos.
Transmissão: Câmbio automático continuamente variável à frente (CVT) e uma marcha a ré. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 160 cv a 6 mil rpm.
Torque máximo: 20,1 kgfm a 4.200 rpm.
Diâmetro e curso: 86,0 mm x 86,0 mm.
Taxa de compressão: 10,0:1.
Peso: 1.426 kg.
Motor V6 3.0: Gasolina, dianteira, transversal, 2.998 cm³, seis cilindros em
“V”, quatro válvulas por cilindro. Injeção eletrônica.
Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração integral com distribuição eletrônica. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 240 cv a 6.250 rpm
Torque máximo: 31 kgfm a 3.750 rpm
Diâmetro e curso: 86 mm x 97,6 mm.
Taxa de compressão: 14.9:1
Peso: 1.585 kg.
Motor 2.2: Diesel, dianteiro, transversal, 2.268 cm³, quatro cilindros, quatro válvulas por cilindro, turbo com intercooler, comando duplo no cabeçote e injeção direta. Acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração integral com distribuição eletrônica. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 165 cv a 3.500 rpm
Torque máximo: 36,7 kgfm entre 1.500 e 2.750 rpm
Diâmetro e curso: 86 mm X 97,6 mm.
Taxa de compressão: 14,9:1
Peso: 1.640 kg.
Tanque de combustível: 60 litros
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira independente do tipo multi-link, com molas helicoidais e barra estabilizadora.
Pneus: 225/55 R18.
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco, com quatro portas e cinco (sete) lugares. Com 4,69 metros de comprimento, 1,81 m de largura, 1,68 m de altura e 2,67 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série.
Capacidade do porta-malas: 798 litros (1.625 com a segunda e terceira fileiras de banco rebatidas).
Produção: Mizushima, Japão.
Lançamento mundial: 2012.
Reestilização: 2015.
Itens de série
2.0 litros: transmissão CVT, aerofólio traseiro na cor do veículo com brake light, espelhos retrovisores externos elétricos com rebatimento na cor do veículo com luz indicadora de direção e com sistema de desembaçamento, faróis halógenos, faróis de neblina, maçanetas na cor do veículo, rack de teto, teto solar, abertura interna da tampa de combustível, ar-condicionado digital automático, banco do motorista com ajuste elétrico, bancos dianteiros com aquecimento e revestidos em couro, comandos de áudio no volante, direção com assistência elétrica, piloto automático sensor de chuva para acionamento do limpador do parabrisa dianteiro, sensor crepuscular, sistema de áudio com rádio AM/FM com RDS, CD/MP3/DVD, Mini SD-Card, Bluetooth, áudio streaming, USB com interface para iPod e iPhone, troca de marcha no volante, volante com ajuste de altura e profundidade, volante e manopla do câmbio revertidos em couro, keyless e airbag frontal, lateral, de cortina e para o joelho do motorista.
Preço: R$ 114.990.
V6 3.0 GT: central multimídia com tela de sete polegadas, sete lugares, ar-condicionado digital automático dualzone, controle eletrônico de estabilidade, assistente de rampa, tração 4X4 e transmissão automática de seis marchas.
Preço: R$ 141.990.
V6 3.0 GT Full Technology Pack: maçanetas cromadas, câmara de ré, controle de cruzeiro adaptativo com frenagem automática, alerta de mudança de faixa, faróis baixo em leds com lavador e regulagem automática do facho.
Preço: R$ 151.990.
2.2 diesel: equipamento da GT Full Technology + motor diesel
Preço: R$ 173.990.
Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Raphael Panaro/Carta Z Notícias e Divulgação Teoria evolutiva - Mitsubishi reestiliza Outlander e adiciona versão diesel para emplacar 800 unidades por mês no Brasil