Ano sem Copa do Mundo, sem Carnaval tardio e sem eleições. Nem mesmo esse cenário aparentemente calmo consegue extrair um prognóstico positivo para o mercado brasileiro de automóveis em 2015. Os mais otimistas acreditam em um pequeno crescimento, mas a maioria das projeções aponta para um ano com vendas nos mesmo níveis de 2014. “A volta do crescimento do mercado automotivo a curto prazo depende da retomada da confiança do consumidor e de melhor acesso ao crédito”, afirma Cledorvino Belini, presidente da Fiat Chrysler Automobiles para a América Latina. “Esperamos que o mercado se recupere gradativamente, voltando a crescer em 2016. O próximo ano será de muitos ajustes macroeconômicos, com ênfase no combate à inflação e consequente elevação de juros”, projeta. Para Marcos Munhoz, vice-presidente da General Motors do Brasil, o ano será de desafios. “2015 deve ser um ano de ajustes na economia brasileira e nossa expectativa é de um primeiro semestre difícil, com recuperação da economia a partir do segundo semestre. O mercado automotivo deve ser similar ao de 2014”, analisa. Outro elemento que pode contribuir para um 2015 fraco na comercialização de automóveis é o fim das isenções fiscais, com a volta do IPI aos índices antigos.
Apesar do pessimismo, o executivo da GM sinaliza um elemento que pode ajudar na recuperação do mercado. “Os brasileiros trocam de carro, em média, entre 30 a 40 meses após a aquisição de um zero-quilômetro. Isso significa que os consumidores que adquiriram veículos em 2011 e 2012 estarão propensos a trocar de carro”, calcula Munhoz. Já Belini cita um fator mais abrangente para a recuperação do mercado. “Temos hoje um mercado interno de 200 milhões de habitantes e uma baixa taxa de desemprego. Isso significa que há uma enorme demanda latente no país, que se verifica em praticamente todos os setores”, explica. “O Brasil tem um baixo índice de motorização em relação à população. Nos Estados Unidos há um carro para cada 1,2 habitante. Na Europa, um veículo para 1,7. No Brasil, esse número está em um para 4,4 habitantes”, finaliza.
Um dos segmentos em que as fabricantes vão continuar a apostar é no de SUVs. Marcas como Jeep, Peugeot e Honda terão novos representantes entre os utilitários compactos em 2015 – e todos nacionais. Agora parte integrante da Fiat Chrysler Automobiles, a Jeep prepara o lançamento do “brasileiro” Renegade. O utilitário será produzido na fábrica que a FCA ergue em Goiana, Pernambuco. São mais de R$ 7 bilhões em investimentos e uma instalação que terá capacidade para produzir 250 mil unidades por ano. E o Renagade dará o pontapé inicial.
Já a Peugeot espera por dias melhores no mercado brasileiro com o 2008. O utilitário, que divide 67% dos componentes com o 208, será feito na planta da PSA em Porto Real, no Rio de Janeiro. Outro modelo que vai dar o que falar é o HR-V, da Honda. Ele também ganhará cidadania brasileira ao ser feito na fábrica de Sumaré, em São Paulo, ao lado de Fit, Civic e City. O início das vendas do novo modelo está marcado para o primeiro trimestre de 2015. O motor será o 1.8 i-VTEC aliado a um câmbio CVT.
A JAC Motors é outra marca que tentará uma fatia desse mercado com o T5, para competir com Ford EcoSport e Renault Duster com preços mais baixos – em torno de R$ 50 mil. Mas antes, a fabricante chinesa começa a importar o médio T6. O primeiro SUV da JAC foi mostrado durante o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, em outubro último. O utilitário chega para fazer frente, principalmente, a Hyundai ix35 e Honda CR-V. O modelo já tem até preço: R$ 69.990. Ele virá equipado com o motor 2.0 flex de 155/160 cv.
O ano de 2015 também terá muitas reestilizações. Algumas marcas como Nissan, Volkswagen, Fiat e Ford aproveitarão o período para renovar o fôlego visual de seus modelos Versa, Jetta, Bravo e Focus, respectivamente. O sedã da Nissan – atualmente trazido do México – será companheiro do March nas linhas de montagem da recente fábrica da marca japonesa inaugurada em Resende, no Sul do Rio de Janeiro. Outro que ganhará identidade nacional será o Jetta. No primeiro semestre, a Volkswagen passa a fazer o sedã em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Já no final de 2015, a fabricante alemã passa a fazer outro carro no Brasil: o Golf, mas em São José dos Pinhais, no Paraná.
Quem também terá o design atualizado é o Renault Duster. E já será com essa nova “cara” que a gama da marca francesa ganha um novo componente: o Oroch, apresentado como conceito no Salão do Automóvel de São Paulo em outubro. Trata-se da versão picape do SUV, sempre com cabine dupla e sem qualquer intenção de pegar no pesado – a proposta está mais para esportiva-aventureira. Apesar de ser mostrado como conceito, cheio de detalhes ousados, a base é bastante realista e o modelo tem boas chances de ser lançado no segundo semestre de 2015.
Quem vive dias melhores no Brasil é o segmento de carros premium. Ao contrário do mercado generalista, os veículos de luxo devem crescer cerca de 10% em 2014. “Com a migração de classes sociais e o fortalecimento da economia brasileira ocorridos na última década, houve um aumento considerável na demanda por produtos de luxo – trata-se, portanto, de um mercado em franca expansão”, explica Gleide Souza, diretora de relações governamentais do BMW Group Brasil. De fato, há muito ainda a ser explorado. Atualmente, estima-se que o segmento de luxo no Brasil chegue a 3% do mercado nacional. Em países centrais, o índice chega a 10%. “Temos a expectativa de que o governo continue dando atenção às demandas da indústria, mas que dê um passo além, ou seja, que conste na agenda o investimento na infraestrutura nacional, a redução da burocracia que inibe investimentos e também uma reforma tributária ampla e efetiva”, exclama a executiva da marca alemã. A BMW, inclusive, vai ampliar o portfólio de modelos nacionais produzidos na instalação erguida em Araquari, Santa Catarina. Atualmente, de lá já saem o sedã Série 3 e o crossover X1. Em 2015, o hatch Série 1, o utilitário X3 e o Mini Countryman começam a ser fabricados.
O segmento de luxo também vai apostar nos SUVs. Além dos BMW X1 e X3, a Audi vai investir R$ 440 milhões e produzir no Brasil o Q3, em São José dos Pinhais, no Paraná, na fábrica da Volkswagen. De lá também sairá a versão sedã do A3. A compatriota Mercedes-Benz tem o recém-lançado GLA. Já à venda no Brasil, o crossover será nacionalizado e, em 2016, sairá diretamente da fábrica que a marca terá em Iracemápolis, em São Paulo.
Mais um modelo que desembarcará por aqui é o Land Rover Discovery Sport. Com o lançamento mundial programado para janeiro, o utilitário esportivo deve chegar ao Brasil em breve. Primeiramente, virá por meio de importação antes de ser produzido na futura instalação da marca em Itatiaia, no Sul do Rio de Janeiro. O substituto do Freelander 2 será o primeiro automóvel a sair da linhas de montagem da instalação fluminense em 2016 – que terá capacidade para 24 mil unidades/ano.
Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
O ano da incerteza - Cheio de indefinições, mercado brasileiro promete uma proliferação de utilitários esportivos em 2015
Apesar do pessimismo, o executivo da GM sinaliza um elemento que pode ajudar na recuperação do mercado. “Os brasileiros trocam de carro, em média, entre 30 a 40 meses após a aquisição de um zero-quilômetro. Isso significa que os consumidores que adquiriram veículos em 2011 e 2012 estarão propensos a trocar de carro”, calcula Munhoz. Já Belini cita um fator mais abrangente para a recuperação do mercado. “Temos hoje um mercado interno de 200 milhões de habitantes e uma baixa taxa de desemprego. Isso significa que há uma enorme demanda latente no país, que se verifica em praticamente todos os setores”, explica. “O Brasil tem um baixo índice de motorização em relação à população. Nos Estados Unidos há um carro para cada 1,2 habitante. Na Europa, um veículo para 1,7. No Brasil, esse número está em um para 4,4 habitantes”, finaliza.
Um dos segmentos em que as fabricantes vão continuar a apostar é no de SUVs. Marcas como Jeep, Peugeot e Honda terão novos representantes entre os utilitários compactos em 2015 – e todos nacionais. Agora parte integrante da Fiat Chrysler Automobiles, a Jeep prepara o lançamento do “brasileiro” Renegade. O utilitário será produzido na fábrica que a FCA ergue em Goiana, Pernambuco. São mais de R$ 7 bilhões em investimentos e uma instalação que terá capacidade para produzir 250 mil unidades por ano. E o Renagade dará o pontapé inicial.
Já a Peugeot espera por dias melhores no mercado brasileiro com o 2008. O utilitário, que divide 67% dos componentes com o 208, será feito na planta da PSA em Porto Real, no Rio de Janeiro. Outro modelo que vai dar o que falar é o HR-V, da Honda. Ele também ganhará cidadania brasileira ao ser feito na fábrica de Sumaré, em São Paulo, ao lado de Fit, Civic e City. O início das vendas do novo modelo está marcado para o primeiro trimestre de 2015. O motor será o 1.8 i-VTEC aliado a um câmbio CVT.
A JAC Motors é outra marca que tentará uma fatia desse mercado com o T5, para competir com Ford EcoSport e Renault Duster com preços mais baixos – em torno de R$ 50 mil. Mas antes, a fabricante chinesa começa a importar o médio T6. O primeiro SUV da JAC foi mostrado durante o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, em outubro último. O utilitário chega para fazer frente, principalmente, a Hyundai ix35 e Honda CR-V. O modelo já tem até preço: R$ 69.990. Ele virá equipado com o motor 2.0 flex de 155/160 cv.
O ano de 2015 também terá muitas reestilizações. Algumas marcas como Nissan, Volkswagen, Fiat e Ford aproveitarão o período para renovar o fôlego visual de seus modelos Versa, Jetta, Bravo e Focus, respectivamente. O sedã da Nissan – atualmente trazido do México – será companheiro do March nas linhas de montagem da recente fábrica da marca japonesa inaugurada em Resende, no Sul do Rio de Janeiro. Outro que ganhará identidade nacional será o Jetta. No primeiro semestre, a Volkswagen passa a fazer o sedã em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Já no final de 2015, a fabricante alemã passa a fazer outro carro no Brasil: o Golf, mas em São José dos Pinhais, no Paraná.
Quem também terá o design atualizado é o Renault Duster. E já será com essa nova “cara” que a gama da marca francesa ganha um novo componente: o Oroch, apresentado como conceito no Salão do Automóvel de São Paulo em outubro. Trata-se da versão picape do SUV, sempre com cabine dupla e sem qualquer intenção de pegar no pesado – a proposta está mais para esportiva-aventureira. Apesar de ser mostrado como conceito, cheio de detalhes ousados, a base é bastante realista e o modelo tem boas chances de ser lançado no segundo semestre de 2015.
Quem vive dias melhores no Brasil é o segmento de carros premium. Ao contrário do mercado generalista, os veículos de luxo devem crescer cerca de 10% em 2014. “Com a migração de classes sociais e o fortalecimento da economia brasileira ocorridos na última década, houve um aumento considerável na demanda por produtos de luxo – trata-se, portanto, de um mercado em franca expansão”, explica Gleide Souza, diretora de relações governamentais do BMW Group Brasil. De fato, há muito ainda a ser explorado. Atualmente, estima-se que o segmento de luxo no Brasil chegue a 3% do mercado nacional. Em países centrais, o índice chega a 10%. “Temos a expectativa de que o governo continue dando atenção às demandas da indústria, mas que dê um passo além, ou seja, que conste na agenda o investimento na infraestrutura nacional, a redução da burocracia que inibe investimentos e também uma reforma tributária ampla e efetiva”, exclama a executiva da marca alemã. A BMW, inclusive, vai ampliar o portfólio de modelos nacionais produzidos na instalação erguida em Araquari, Santa Catarina. Atualmente, de lá já saem o sedã Série 3 e o crossover X1. Em 2015, o hatch Série 1, o utilitário X3 e o Mini Countryman começam a ser fabricados.
O segmento de luxo também vai apostar nos SUVs. Além dos BMW X1 e X3, a Audi vai investir R$ 440 milhões e produzir no Brasil o Q3, em São José dos Pinhais, no Paraná, na fábrica da Volkswagen. De lá também sairá a versão sedã do A3. A compatriota Mercedes-Benz tem o recém-lançado GLA. Já à venda no Brasil, o crossover será nacionalizado e, em 2016, sairá diretamente da fábrica que a marca terá em Iracemápolis, em São Paulo.
Mais um modelo que desembarcará por aqui é o Land Rover Discovery Sport. Com o lançamento mundial programado para janeiro, o utilitário esportivo deve chegar ao Brasil em breve. Primeiramente, virá por meio de importação antes de ser produzido na futura instalação da marca em Itatiaia, no Sul do Rio de Janeiro. O substituto do Freelander 2 será o primeiro automóvel a sair da linhas de montagem da instalação fluminense em 2016 – que terá capacidade para 24 mil unidades/ano.
Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
O ano da incerteza - Cheio de indefinições, mercado brasileiro promete uma proliferação de utilitários esportivos em 2015
Fonte: Salão do Carro
Categoria: Mercado
Publicado em: 05 Jan 2015 16:00:00
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