O ano de 2014 está prestes a terminar sem motivos para comemorações no segmento automotivo. Em todas as categorias, a queda é significativa. Mas a perspectiva é de que 2015 marque um avanço. Pelo menos nas previsões feitas pela MAN Latin America em relação às vendas de ônibus. De janeiro a outubro deste ano, a redução foi de cerca de 12% nesse setor. Ricardo Alouche, vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da MAN, no entanto, acredita que o crescimento na comercialização de ônibus no Brasil possa se recuperar totalmente em 2015. “Tivemos uma série de fatores que nos prejudicaram em 2014. Mas tudo está caminhando para que os empresários voltem a investir a partir de janeiro”, garante Alouche.
Pergunta: Durante a 10ª edição da FetransRio, o micro-ônibus VW 9.160 OD com piso baixo foi apresentado como uma das grandes promessas da marca para 2015. Por quê?
Resposta: Porque se trata de uma solicitação do Governo Federal. Desenvolvemos o modelo em tempo recorde e já está pronto para ser fornecido para o programa Caminho da Escola. Esperamos um volume grande na próxima licitação, como já ocorreu com o Volksbus 15.190 ODR, destinado às áreas de acesso mais difícil. O governo fez, em primeira instância, o Caminho da Escola no ambiente rural, para atender crianças que estavam longe da escola no interior do país. Agora, a prioridade é um Caminho da Escola urbano, tirando as vans de circulação. Além destas licitações, existe algum outro fator que possa impulsionar as vendas de ônibus em 2015?
A nova regulamentação no transporte rodoviário, que é fundamental para que um crescimento ocorra nesse segmento. Se ela continuar sendo postergada ou não se tornar uma realidade rápida, o volume incremental do ônibus rodoviário não virá. Já está atrasada há 10 anos. A frota está velha, mas o empresário não vai comprar um ônibus novo sem ter a certeza de que ele vai operar com aquele veículo depois.
Mas existe uma expectativa de que em breve isso se resolva?
A expectativa é muito boa porque todas as discussões que deveriam ocorrer com o governo já aconteceram com a participação da Anfavea, de montadoras e dos próprios empresários. O novo sistema está alinhado e todas as partes concordaram. Só falta sentar para resolver. Isso deve trazer umas 15 mil vendas em um período de três anos. Hoje, o mercado de ônibus é de mais ou menos 30 mil unidades anuais, o que significa que poderia ser um aumento de cerca de 50% ao longo de 36 meses. Lógico que essa é uma perspectiva otimista. Um programa como esse não se reverte em resultados do dia para a noite. Conforme as concessões são assinadas, o volume de vendas é aumentado mês a mês. Isso quer dizer que o mercado de ônibus depende do “Caminho da Escola” e da nova regulamentação do transporte rodoviário para crescer no próximo ano?
Não. Estou certo de que teremos um grande crescimento em 2015 no segmento de ônibus urbanos. Os empresários não compram há dois anos. Em 2013, começaram movimentos sociais que postergaram ou impediram aumentos de tarifas, o que atrapalhou as vendas. Desde 2013, os órgãos gestores negociam com esses empresários um leve incremento de tarifa ou isenção de impostos. A frota urbana precisa ser renovada ano a ano, então existe um bolsão acumulado de vendas dos últimos dois anos. Acredito que essa movimentação seja retomada no ano que vem e possa gerar um aumento de até 20% na comercialização de ônibus urbanos.
Diante de todas essas previsões e expectativas, que crescimento é esperado no mercado, de uma maneira geral, ao longo de 2015?
Acredito que devemos fechar com uma média de crescimento entre 8 e 12%. É isso que nós esperamos. As eleições já passaram, o governo está definido e a política brasileira vai passar a ser conhecida a partir do início de janeiro. Não deveremos ter grandes mudanças. Esse era um fator que também fazia com que o empresário postergasse a compra. O nosso 2014 teve uma combinação de fatores que prejudicou o mercado. Começou com os movimentos sociais e seguiu pelas incertezas no primeiro bimestre relativas ao BNDES, sem definições de taxa de financiamento. Tivemos ainda o fator Copa do Mundo, que segurou bastante tanto as vendas de caminhões quanto de ônibus. Além de tudo isso, em ano de eleições, sempre há uma indefinição sobre como será o governo pelos próximos quatro anos. Sendo assim, com tudo isso resolvido, os empresários vão voltar. Diante dessa previsão de melhora, não seria o caso de começarem a pensar em chassis MAN para ônibus, no lugar de só usar os da Volkswagen?
Sim, mas com calma e cautela. Primeiro, porque antes de qualquer coisa, precisa passar por um processo de nacionalização para ter direito ao Finame. E sem esse financiamento, não consigo vender ônibus. O segmento rodoviário também está travado. Já estamos trabalhando para trazer ônibus rodoviários de maior potência, performance e porte, para atender esse eventual incremento na demanda desta categoria. Entretanto, onde vemos maior oportunidade imediata é nos segmentos em que já atuamos e que estão bem atendidos em termos de produto. Para os chassis MAN, só interessaria o segmento rodoviário?
Basicamente, sim. O custo do nosso ônibus urbano hoje é muito baixo em comparação aos europeus. Não adianta trazer para cá porque vai estar em um patamar acima do que o cliente está disposto a pagar. Por isso que sempre enfatizo que fazemos o caminho inverso da concorrência. Eles veem o que tem lá fora e trazem para cá, com adaptações. Já nós desenvolvemos o que precisa ser desenvolvido no Brasil e, então, exportamos para outros países.
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Divulgação
Passageiro do otimismo - Ricardo Alouche projeta crescimento de até 12% nas vendas de ônibus em 2015
Pergunta: Durante a 10ª edição da FetransRio, o micro-ônibus VW 9.160 OD com piso baixo foi apresentado como uma das grandes promessas da marca para 2015. Por quê?
Resposta: Porque se trata de uma solicitação do Governo Federal. Desenvolvemos o modelo em tempo recorde e já está pronto para ser fornecido para o programa Caminho da Escola. Esperamos um volume grande na próxima licitação, como já ocorreu com o Volksbus 15.190 ODR, destinado às áreas de acesso mais difícil. O governo fez, em primeira instância, o Caminho da Escola no ambiente rural, para atender crianças que estavam longe da escola no interior do país. Agora, a prioridade é um Caminho da Escola urbano, tirando as vans de circulação. Além destas licitações, existe algum outro fator que possa impulsionar as vendas de ônibus em 2015?
A nova regulamentação no transporte rodoviário, que é fundamental para que um crescimento ocorra nesse segmento. Se ela continuar sendo postergada ou não se tornar uma realidade rápida, o volume incremental do ônibus rodoviário não virá. Já está atrasada há 10 anos. A frota está velha, mas o empresário não vai comprar um ônibus novo sem ter a certeza de que ele vai operar com aquele veículo depois.
Mas existe uma expectativa de que em breve isso se resolva?
A expectativa é muito boa porque todas as discussões que deveriam ocorrer com o governo já aconteceram com a participação da Anfavea, de montadoras e dos próprios empresários. O novo sistema está alinhado e todas as partes concordaram. Só falta sentar para resolver. Isso deve trazer umas 15 mil vendas em um período de três anos. Hoje, o mercado de ônibus é de mais ou menos 30 mil unidades anuais, o que significa que poderia ser um aumento de cerca de 50% ao longo de 36 meses. Lógico que essa é uma perspectiva otimista. Um programa como esse não se reverte em resultados do dia para a noite. Conforme as concessões são assinadas, o volume de vendas é aumentado mês a mês. Isso quer dizer que o mercado de ônibus depende do “Caminho da Escola” e da nova regulamentação do transporte rodoviário para crescer no próximo ano?
Não. Estou certo de que teremos um grande crescimento em 2015 no segmento de ônibus urbanos. Os empresários não compram há dois anos. Em 2013, começaram movimentos sociais que postergaram ou impediram aumentos de tarifas, o que atrapalhou as vendas. Desde 2013, os órgãos gestores negociam com esses empresários um leve incremento de tarifa ou isenção de impostos. A frota urbana precisa ser renovada ano a ano, então existe um bolsão acumulado de vendas dos últimos dois anos. Acredito que essa movimentação seja retomada no ano que vem e possa gerar um aumento de até 20% na comercialização de ônibus urbanos.
Diante de todas essas previsões e expectativas, que crescimento é esperado no mercado, de uma maneira geral, ao longo de 2015?
Acredito que devemos fechar com uma média de crescimento entre 8 e 12%. É isso que nós esperamos. As eleições já passaram, o governo está definido e a política brasileira vai passar a ser conhecida a partir do início de janeiro. Não deveremos ter grandes mudanças. Esse era um fator que também fazia com que o empresário postergasse a compra. O nosso 2014 teve uma combinação de fatores que prejudicou o mercado. Começou com os movimentos sociais e seguiu pelas incertezas no primeiro bimestre relativas ao BNDES, sem definições de taxa de financiamento. Tivemos ainda o fator Copa do Mundo, que segurou bastante tanto as vendas de caminhões quanto de ônibus. Além de tudo isso, em ano de eleições, sempre há uma indefinição sobre como será o governo pelos próximos quatro anos. Sendo assim, com tudo isso resolvido, os empresários vão voltar. Diante dessa previsão de melhora, não seria o caso de começarem a pensar em chassis MAN para ônibus, no lugar de só usar os da Volkswagen?
Sim, mas com calma e cautela. Primeiro, porque antes de qualquer coisa, precisa passar por um processo de nacionalização para ter direito ao Finame. E sem esse financiamento, não consigo vender ônibus. O segmento rodoviário também está travado. Já estamos trabalhando para trazer ônibus rodoviários de maior potência, performance e porte, para atender esse eventual incremento na demanda desta categoria. Entretanto, onde vemos maior oportunidade imediata é nos segmentos em que já atuamos e que estão bem atendidos em termos de produto. Para os chassis MAN, só interessaria o segmento rodoviário?
Basicamente, sim. O custo do nosso ônibus urbano hoje é muito baixo em comparação aos europeus. Não adianta trazer para cá porque vai estar em um patamar acima do que o cliente está disposto a pagar. Por isso que sempre enfatizo que fazemos o caminho inverso da concorrência. Eles veem o que tem lá fora e trazem para cá, com adaptações. Já nós desenvolvemos o que precisa ser desenvolvido no Brasil e, então, exportamos para outros países.
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Divulgação
Passageiro do otimismo - Ricardo Alouche projeta crescimento de até 12% nas vendas de ônibus em 2015
Fonte: Salão do Carro
Categoria: Mercado
Publicado em: 12 Nov 2014 14:30:00
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