O balanço das vendas de automóveis e comerciais leves em junho e no primeiro semestre, divulgado nesta quarta-feira (2) pela Fenabrave, confirmou o cenário de recessão que vive o setor automobilístico em 2014. Ao todo, foram comercializados 1.582.634 modelos entre janeiro e junho, total 7,3% inferior aos 1.707.780 emplacamentos registrados no mesmo período de 2013. Em volume, o mercado brasileiro voltou ao patamar de vendas de 2010.
Para o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos, Flávio Meneghetti, o entrave continua sendo a restrição de crédito para a compra de novos. Segundo o executivo, menos de 40% dos contratos são aprovados atualmente, mesmo com a inadimplência estável na casa dos 5%.
— O nível de aprovação de crédito caiu demais e isso, para mim, foi o fator mais impactante da queda. O banqueiro perdeu o apetite neste segmento, porque o sistema é lento, oneroso e beneficia o inadimplente. Leva-se até 220 dias para a Justiça recolher um carro e, na maioria das vezes, o prejuízo com despesas é alto, sem contar a desvalorização. O curioso é que o automóvel sempre foi uma boa garantia para os bancos.
Festa para o IPI congelado
O anúncio do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que confirmou na última segunda (30) o congelamento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos até 31 de dezembro, foi recebido com festa pelo setor. De acordo com Meneghetti, "se o aumento do IPI viesse, o mercado não absorveria o repasse de preços".
— Nosso veículo é um dos mais tributados do mundo. Diante disso, qualquer redução de imposto é bem-vinda e tem impacto direto nas vendas.
O presidente da Fenabrave, porém, não acredita na manutenção do IPI reduzido em 2015, após as eleições.
— Desta vez não haverá nem tecnicamente, nem politicamente, um continuísmo nesse sentido.
Durante coletiva em São Paulo, Flávio Meneghetti também apontou uma soma de vários fatores para justificar o balanço negativo do primeiro semestre. Além da restrição ao crédito, houve uma antecipação de vendas no primeiro trimestre do ano (quando os estoques eram de 2013, ainda sem o aumento do IPI) e o período da Copa do Mundo.
Luz no fim do túnel
Como diz o ditado, "a esperança é a última que morre", e a Fenabrave vê um cenário bem diferente para o segundo semestre. Segundo Meneghetti, serão lançamentos nos próximos meses ao menos 14 modelos inéditos, o que vai movimentar o mercado. O Salão do Automóvel de São Paulo, no fim de outubro, também impactará nas vendas.
— Acreditamos em um aumento de 5% nas vendas de carros e comerciais leves, que devem fechar o ano com um acumulado em torno de 3,3 milhões de veículos. Isso certamente reduzirá a queda no acumulado, mas dificilmente conseguiremos reverter o cenário. Perdemos um mês com as eleições e a Copa, e é difícil recuperar um mês inteiro.
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Publicado em: 2014-07-02T18:24:00-03:00
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