15 de abr. de 2015

Teste do Chery Celer nacional

Teste do Chery Celer nacional

Os carros chineses já freqüentam as ruas brasileiras há tempos. Desde o final de década passada, marcas como Chery e Lifan desembarcaram seus modelos por aqui, seguidas de JAC Motors e Geely. Cientes de que os veículos “made in China” não são sinônimo de status para o consumidor local, todas apostam no marketing expresso pelo binômio “bons equipamentos com custos competitivos”. Acabaram formando uma espécie de “nicho de mercado”, onde competem entre si pelos consumidores brasileiros que não têm preconceitos contra os produtos automotivos chineses. Tal “segregação” deve começar a acabar com o lançamento do Celer, agora produzido na nova fábrica da Chery na cidade paulista de Jacareí. O compacto chega esse mês às 72 concessionárias brasileiras da narca, em versões hatch e sedã.

O Celer nacional vem para disputar a maior fatia do mercado brasileiro – hatches e sedãs compactos somam cerca de 70% das venda por aqui. Um segmento dominado pelos representantes das quatro marcas instaladas há mais tempo no Brasil – a alemã Volkswagen, as norte-americanas Ford e Chevrolet e a italiana Fiat – , mas que nas últimas décadas tem assistido a chegada de novos competidores, como as francesas Renault, Peugeot e Citroën, as japonesas Toyota e Honda e a sul-coreana Hyundai, todas produzindo seus compactos no país.  Por enquanto, o novo Chery sai das linhas de montagem de Jacareí com apenas 35% dos componentes produzidos no Brasil. O restante vem de fornecedores chineses – alguns estão em negociações para se instalar no país – e também de grandes sistemistas globais, como Delphi e Bosch. A projeção é ultrapassar os 50% até o final do ano e atingir 75% de nacionalização no final de 2016. A expectativa do fabricante é vender esse ano uma média de 1.200 unidades mensais, sendo 70% do hatch e 30% do sedã, totalizando 10 mil unidades em 2015.

Como o Celer importado da China já é vendido no Brasil desde 2013, foi usado como “laboratório ambulante” para que fosse avaliado pelos brasileiros. Assim, segundo a Chery, as observações dos consumidores nacionais foram usadas para aperfeiçoar o Celer “made in Brazil”. O modelo incorpora evoluções estéticas e mecânicas em relação ao importado. Os conjuntos óticos ganharam elementos elípticos na dianteira e leds na traseira. Grades e para-choques foram reestilizados e deram ao modelo um aspecto mais dinâmico e contemporâneo. No perfil, destacam-se as novas rodas de liga leve, de série na versão Act. Já o interior foi totalmente remodelado e agora exibe formas mais angulosas, molduras hexagonais nos instrumentos e novos porta-objetos – são 18 no total. Em termos de equipamentos, espelhos, travas e vidros elétricos são de série em todas as versões, assim como botão de abertura interna do porta-malas, computador de bordo, sensor de estacionamento traseiro e ar-condicionado. Em termos mecânicos, o motor é o mesmo 1.5 flex usado anteriormente, mas teve sua eletrônica remapeada. A potência máxima é de 113 cv e o torque é de 15,5 kgfm, sempre quando há puro etanol no tanque. O câmbio manual também sofreu ajustes para permitir movimentos menores e engates mais precisos. E a suspensão foi elevada em um centímetro, para permitir ao novato compacto nacional circular pelas esburacadas vias brasileiras. Disponível no hatch e no sedã, a versão Act, além das rodas de liga leve no lugar das rodas de aço com calotas, incorporam faróis de neblina, alarme na chave e o Chery Media System, com rádio AM/FM, MP3+USB com CD Player e 6 alto-falantes.

Embora esteja agora numa nova briga – a dos compactos nacionais –, a velha fórmula “muitos equipamentos com custos competitivos” continuará a ser aplicada pela Chery. Assim, a versão hatch começa em R$ 38.990, enquanto o sedã básico sai por R$ 39.990. As versões Act custam R$ 2 mil a mais: saem por R$ 40.990 o hatch e R$ 41.990 o sedã. Valores bem competitivos dentro do segmento onde o Celer se propõe a brigar agora. Por enquanto, os chineses ainda têm de se acostumar com questões impensáveis no país deles. A fábrica de Jacareí está parada há uma semana, em virtude de uma greve decretada pelo sindicato dos metalúrgicos local.

Ponto a ponto

Desempenho – O motor da linha Celer é o Acteco 1.5 16V flex, que já movia o modelo chinês quando foi apresentado por aqui, há dois anos. Só que o motor teve sua eletrônica recalibrada. Agora com 113 cv de potência e 15,5 kgfm de torque máximo – 10% maior que o do modelo importado da China –,  se revela bastante forte para deixar o Celer bem esperto. O câmbio de bons engates ajuda o motorista a obter respostas convincentes, mesmo em aclives. Nota 7. Estabilidade – O conjunto suspensivo foi elevado em 1 cm em relação ao modelo anterior, para suportar melhor os desníveis das ruas e estradas brasileiras. Além disso, a suspensão parece estar menos molenga que a do Celer trazido da China, o que transmite mais confiabilidade nas curvas. Nota 7. Interatividade – O volante e a alavanca de câmbio têm boa empunhadura. Além disso, o curso da alavanca está menor e os engates, mais precisos do que os da versão chinesa. Os comandos são razoavelmente bem posicionados, mas as informações sobre o consumo instantâneo aparecem em litros por 100 km – ainda dentro do padrão chinês. Nota 7.

Consumo – Segundo o InMetro, o Celer obteve consumo de 11,6 km/l na cidade e 16 km/l na estrada, com gasolina. E de 8 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada, com etanol. Valores condizentes com a motorização 1.5 de 113 cv – com etanol. Nota 7. Conforto – O isolamento acústico evoluiu expressivamente em relação ao Celer chinês, onde os barulhos vindos do motor e das rodas chegavam a dificultar as conversas a bordo. Atrás, três ocupantes conseguem sentar – mas dois viajam bem mais à vontade. A suspensão foi retrabalhada e agora absorve com mais competência as eventuais falhas no piso. Nota 7. Tecnologia – O Celer está dentro do padrão nacional do segmento nesse aspecto e teve aprimoramentos interessantes em relação ao modelo que vinha da China. Traz sob o capô uma versão com eletrônica retrabalhada do mesmo propulsor 1.5  flex – com tecnologia bicombustível desenvolvida pela Delphi em Piracicaba. Uma novidade é o sensor de estacionamento traseiro, que não é tão comum no segmento de compactos, apesar de ser bastante útil no uso cotidiano. No Chery Media System – que reúne rádio AM/FM, CD Player e MP3 –, felizmente o acesso USB agora é normal. No Celer chinês, era para mini-USB, o que obrigava a usar um adaptador para escutar as músicas de um pendrive. Nota 7.

Habitabilidade – O Celer leva confortavelmente quatro pessoas. Pode até levar cinco, mas há apenas um cinto abdominal no assento traseiro central, que não tem apoio de cabeça. Para as malas, o bagageiro de 380 litros é decente para um hatch compacto. No caso de sedã, a tampa do porta-malas de 450 litros abre junto com o vidro traseiro, no estilo “notchback”, como se fosse uma station-wagon, o que facilita bastante o acesso. Em termos de porta-objetos, o “upgrade” em relação ao Celer chinês foi notável – ganharam em quantidade e em eficiência. Nota 7. Acabamento – É um dos pontos de evolução mais notável em relação ao modelo que era importado. O interior do Celer importado trazia algumas falhas de montagem. Agora, embora simples, o padrão de acabamento é digno, dentro do nível da concorrência nacional. Além disso, o carro perdeu aquele lamentável cheiro de óleo Singer do modelo trazido da China. Já o Celer brasileiro tem aroma de carro novo normal. Nota 7. Design – Por fora, o design italiano do Celer anterior até que não causava má impressão – com exceção da traseira do sedã, onde as lanternas pareciam um tanto fora de escala. Mas as mudanças de conjuntos óticos, grade e para-choques ajudaram a rejuvenescer sutilmente o visual e deram a necessária “cara de novidade” ao compacto nacional. Internamente, onde as alterações estéticas foram mais expressivas, o carro perdeu o ar “genérico” que tinha antes  e incorporou alguma personalidade, com seu tablier mais anguloso. A escolha das cores internas é sóbria, dentro do padrão que mais agrada o consumidor brasileiro – normalmente conservador em termos cromáticos. Nota 8.
Custo/benefício – Os preços do Celer começam nos R$ 38.990 na versão hatch básica – o sedã é apenas R$ 1 mil mais caro. Já as versões Act acrescem R$ 2 mil aos carros de base: R$ 40.990 o hatch e R$ 41.990 o sedã. Não são carros baratos, mas tais valores podem posicioná-los de forma competitiva no segmento, principalmente pelos equipamentos de série que oferecem. Nota 7. Total – O Chery Celer Act hatch somou 71 pontos em 100 possíveis.

Primeiras impressões

Tuiuti/SP - Para ganhar espaço no mercado automotivo, o Celer terá de superar o preconceito local contra os carros feitos na China – um país onde de fato, por muito tempo, só se produziram cópias baratas de carros ocidentais e japoneses. Mas essa realidade está mudando. Em uma indústria globalizada, onde os fornecedores e suas tecnologias estão disponíveis para quem puder pagar por elas, as marcas chinesas têm recursos para obter a qualidade que precisam. Por isso, a respeitabilidade das marcas locais está crescendo a nível global. É isso que a Chery pretende provar com o Celer brasileiro – que nada fica a dever aos concorrentes já produzidos por aqui.
Para atingir esse resultado, hatch e sedã sofreram diversos aperfeiçoamentos, uns estéticos e outros mecânicos. E o somatório dessas mudanças resultou em carros melhores, mais agradáveis de dirigir e mais amistosos para interagir. Dinamicamente, o Celer nacional acelera de maneira coerente com sua motorização 1.5 de 113 cv e 15,5 kgfm. Ou seja, oferece retomadas de velocidade eficientes, sem excessos nem carências de energia. Para ajudar a rentabilizar a força do motor, o câmbio manual de cinco marchas agora oferece melhores engates e um curso de alavanca mais curto e agradável, que aumenta a agilidade nas trocas de marchas.  A suspensão está mais rígida, o que permite uma tocada mais vigorosa nas curvas, sem pregar sustos. O Celer que vinha da China tinha uma suspensão mais molenga, bem ao gosto dos consumidores de lá. No geral, a impressão é que os chineses da Chery mostraram uma impressionante capacidade de absorver as demandas do consumidor nacional em relação à sua linha de compactos. As expressivas diferenças entre o Celer nacional e o importado apresentado há dois anos, obtidas através de pequenos ajustes, são a prova disso.

Ficha técnica

Chery Celer 1.5

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.496 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e injeção direta de combustível.
Transmissão: Manual de cinco marchas à frente e uma a ré.
Potência máxima: 113 cv a 6 mil rpm.
Torque máximo: 15,5 kgfm a 4 mil rpm.
Aceleração 0-100 km/h: Não informado.
Velocidade máxima: 175 km/h.
Diâmetro e curso: 77,4 mm x 79,5 mm.
Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira McPherson, com mola helicoidal cilíndrica e amortecedor telescópico de dupla ação. Traseira semi-independente com braço oscilante longitudinal.
Pneus: 185/60 R15.
Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás, com ABS com EDB.
Carroceria: Hatch (sedã) em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,19 metros (4,33 m) de comprimento, 1,69 m de largura, 1,49 m de altura e 2,53 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais.
Peso: 1.210 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 380 litros no hatch e 450 litros no sedã.
Tanque de combustível: 50 litros.
Produção: Jacareí/São Paulo.
Lançamento no Brasil: 2015.
Itens de série: Ar-condicionado, vidros e travas elétricas, direção hidráulica, travamento das portas à distância, airbags frontais, freios ABS com EBD, faróis de neblina dianteiro e traseiro, vidros traseiros elétricos, ajustes do banco de motorista, de altura do farol e de posição da coluna de direção, bancos traseiros rebatíveis e indicador de consumo de combustível. Versões Act acrescentam  rodas de liga leve, faróis de neblina, alarme na chave e o Chery Media System, com rádio AM/FM, MP3+USB com CD Player e 6 alto-falantes.

Preços

Hatch: R$ 38.990. 
Sedã: R$ 39.990.
Hatch Act: R$ 40.990. 
Sedã Act: R$ 41.990.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos externas do Celer Act hatch (vermelho) e do Celer Act sedã (preto): Luiz Humberto Monteiro Pereira/Carta Z Notícias – Fotos de interior: divulgação

Fronteira final - Primeiro carro de marca chinesa fabricado no Brasil, Chery Celer quer encarar compactos nacionais

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 15 Apr 2015 05:42:00

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